sexta-feira, 5 de março de 2010

Acanthodactylus erythrurus


Identificação:
A Lagartixa-de-dedos-denteados ou Lagartixa-da-areia é um pequeno lacertídeo de corpo e membros robustos, dedos longos, unhas compridas e de focinho afilado. O padrão do dorso apresenta, quase sempre, riscas longitudinais claras, bandas acastanhadas e com manchas aproximadamente circulares mais claras bem visíveis nos membros. A zona ventral apresenta, geralmente, tons brancos. Esta espécie apresenta baixo dimorfismo sexual apresentando as fêmeas a cabeça ligeiramente mais larga e, por vezes, tons avermelhados nos membros anteriores ou na face ventral da cauda.


Os juvenis desta espécie apresentam uma coloração com evidentes bandas e linhas longitudinais, ponteadas por contrastantes ocelos brancos ou amarelos e uma cauda com uma intensa coloração avermelhada ou alaranjada.
O período de hibernação varia consoante as temperaturas ambientais do local, enterrando-se entre raízes ou aproveitando tocas de outros animais.
Espécies similares:
Quando observada fugazmente, esta espécie poderá ser confundida com a Lagartixa-do-mato-comum ou com a Lagartixa-do-mato-ibérica sendo uma observação atenta suficiente para dissipar qualquer dúvida.
Distribuição:
A Lagartixa-de-dedos-denteados encontra-se distribuída nas regiões mais setentrionais da Península Ibérica e Norte de África, principalmente Marrocos e Argélia. No nosso país esta espécie apresenta uma distribuição bastante fragmentada existindo vários núcleos populacionais. A norte os principais núcleos encontram-se na área da bacia dos rios Alto Douro, Sabor e Tua e na zona da Beira interior (serra da Estrela e Malcata). Na região centro os principais núcleos ocorrem nas zonas litorais desde a serra da Arrábida a Sines. Na zona sul do país esta espécie pode ser observada na zona sul do Guadiana ou na zona de Faro e Olhão.
Habitat:
Esta espécie requer temperaturas relativamente altas para estar activa sendo o seu óptimo situado entre os 25 e os 30 ºC, preferindo áreas de pluviosidade anual média inferior a 600 mm. Prefere áreas de relevos pouco acentuados, solo pouco compactado requerendo a presença de alguma vegetação arbustiva para protecção.
Medias de conservação:
Sendo as principais ameaças identificadas a fragmentação e destruição dos habitats propícios à ocorrência da espécie, as medidas de conservação apontadas prendem-se com a minimização destas ameaças. Estas medidas passam pelo aprofundamento do conhecimento existente, relativamente aos núcleos populacionais e distribuição da espécie, de forma a intensificar as medidas de protecção do habitat em locais com elevadas densidades ou potenciando corredores de contacto entre núcleos isolados.
Dimensões:
A Lagartixa-de-dedos-denteados pode atingir um comprimento total de 233 milímetros.
Estatuto de conservação:
No Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal esta espécie é classificada “Quase ameaçada” devida a uma baixa área de distribuição e elevado grau de fragmentação do Habitat. Em Espanha, tal como a nível mundial, o estatuto atribuído é o de “Pouco Preocupante”
Observações:
Esta espécie é frequentemente observada na região do Planalto Mirandês, principalmente no Parque Natural do Douro Internacional onde pode ser desde o início da Primavera até meados do Outono.
Referências e Sites:
Almeida, N.F., Almeida, P.F., Gonçalves, H., Sequeira, F., Teixeira, J., Almeida, F.F. 2001. Guias Fapas: Anfíbios e Répteis de Portugal. FAPAS.
Loureiro, A., Almeida, N., Carretero, M.A., Paulo, O.S. (eds.). 2008. Atlas de Anfíbios e Répteis de Portugal. ICNB.
Enciclopedia Virtual de los Vertebrados Españoles
Vermelho dos Vertebrados de Portugal

4 comentários:

Paulo Barros disse...

Olá Emanuel, deixo aqui mais umas dicas de locais para observar esta espécie tão esquiva: o Planalto granítico de Carrazeda de Ansiães, que se estende até ao concelho de Vila Flor, a Foz do Sabor e a zona entre Almeida e Figueira de Castelo Rodrigo.

Luís Braz disse...

Olá Emanuel, eu também observei vários indivíduos juvenis desta espécie na Serra de Bornes, entre Bornes e Caravelas.

Marco Fachada disse...

Olá.

No Livro Vermelho está a referência à distribuição, que transcrevo parcialmente: “Foram também registadas ocorrências a norte, na zona de Chaves, no litoral oeste, na Nazaré e no Algarve (Oliveira&Crespo 1989, Ferrand de Almeida et al. 2001).”

Já posteriormente a estas referências, em 2007, observei esta espécie no centro da cidade de Chaves, num pequeno logradouro, com muros tradicionais de granito e vegetação herbácea.

Marco

Emanuel Ribeiro disse...

Sim é de facto assim. O núcleo de Chaves, se não estou em erro, vem também referido no novo Atlas dos Anfíbios e Répteis de Portugal (Loureiro et al 2008).
Deve ser uma agradável surpresa encontrar esta espécie no meio de uma cidade. :)

Obrigado pelo contributo,

Emanuel Ribeiro

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