segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Galemys pyrenaicus


Taxonomia:
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Mammalia
Ordem: Insectivora
Família: Talpidae
Género: Galemys
Espécie: Galemys pyrenaicus
Nome comum: Toupeira-de-água
A ideia mitológica que tenho da Toupeira-de-água não resulta apenas das poucas observações que tenho dela, mas também e em grande parte pelo seu habitat, sempre que penso nesta espécie vejo-a num curso de água fria, translúcida, barulhenta, inserida entre vegetação arbórea luxuriante de amieiros, freixos e salgueiros, onde os blocos de pedra granítica e os tufos de juncos fazem serpentear o curso de água.
Identificação: A Toupeira-de-água é um animal inconfundível, onde a sua tromba aplanada e sem pêlos se destaca de um corpo anafado. A sua cauda grossa e comprida é escamosa e de secção arredondada. Tem olhos muito pequenos e o seu aparelho auditivo não é visível. Tem pêlo comprido e liso de cor castanho ou cinzento-escuro, a parte ventral é mais clara. As suas patas posteriores são muito maiores do que as anteriores e adaptadas à natação com membranas interdigitais. O seu crânio é similar às restantes toupeiras onde se destaca os primeiros incisivos de grande tamanho e de forma triangulares. Tem um comprimento de corpo de 115-135 mm, cauda de 125-160 mm, um peso de 50-76 gramas e a sua fórmula dentária é 3:1:4:3/3:1:4:3
Espécies similares: Em Portugal não existem espécies passíveis de serem confundidas com a Galemys pyrenaicus.
Distribuição: Esta espécie é um endemismo Ibérico, sendo que a sua área de distribuição restringe-se ao Norte e Centro da Península Ibérica e Pirenéus.
Habitat: Vive em cursos de água montanhosos de corrente forte, fria, límpidas e oxigenadas de profundidade reduzida e com um caudal regular durante todo o ano, cursos de água de características lóticas, geralmente classificados como pertencentes à zona salmonícola e de transição salmonícola-ciprinícola. A toupeira-de-água está estritamente dependente do corredor aquático e ripícola, no qual realiza todas as suas actividades vitais.
Biologia: Durante a Primavera, em plena época reprodutora, vivem aos pares ou isolados, sendo que o “home-range” médio dos machos é de 400 metros e das fêmeas de 300 metro, evitando a sobreposição de áreas com outros casais contíguos. Os machos permanecem mais tempo nos limites dos territórios, sendo que as fêmeas utilizam todo o território de um forma mais regular. Estudos recentes revelaram dispersões máximas de 2,7 km durante um único ciclo anual. A razão sexual é de 1:1 e é frequente existir descontinuidade entre populações, mesmo sem existir alteração significativa de habitat. É uma espécie que tem a sua actividade principalmente durante a noite.
Reprodução: O período de cio desta espécie é entre Janeiro e Maio e os partos dão-se de Março a Julho. O número de crias varia de um a cinco, sendo que o número mais frequente é de quatro crias por ninhada, podendo ter mais que uma criação por ano. A maturidade sexual só é atingida entre os seis meses e o ano de vida.
Alimentação: De hábitos maioritariamente nocturnos, a Toupeira-de-água passa a maior parte dos seus períodos de actividade procurando alimento no leito dos cursos de água. Alimenta-se quase exclusivamente de macroinvertebrados aquáticos bentónicos, maioritariamente tricópteros, plecópteros, efemerópteros e dípteros, revelando uma elevada especialização alimentar
Longevidade: A esperança média de vida desta espécie é estimada em três ou quatro anos
Curiosidades: Quando em repouso, procura abrigos nas margens, por exemplo em cavidades nas rochas, espaços entre raízes, etc.
Ameaças: A principal ameaça é a acção directa ou indirecta sobre a morfologia do curso de água, a estrutura do leito e margens, o regime hidrológico e a qualidade da água resultando na alteração da disponibilidade de alimento (essencialmente os macroinvertebrados aquáticos bentónicos) e de abrigos. Algumas espécies como a Lutra lutra, a Ardea cinerea, a Ciconia ciconia, o Nycticorax nycticorax, o Esox lucius ou mesmo a Tyto alba podem predar esta espécie, provocando uma redução significativa dos efectivos populacionais.
Medidas de conservação: Executar uma política de gestão dos cursos de água e implementar medidas de recuperação dos habitats da espécie, são duas medidas de conservação urgentes para esta espécie.
Estatuto de conservação:
Esta espécie possui estatuto de protecção (encontra-se incluída nos Anexos II e IV da Directiva Europeia dos Habitats) e tem a categoria de “Vulnerável” a nível nacional no Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal (LVVP) (Cabral et al., 2005) e a nível internacional na IUCN Red List of Threatened Species (UICN Red List).
Referências e Sites:
Cabral MJ (coord.), Almeida J, Almeida PR, Dellinger T, Ferrand de Almeida N, Oliveira ME, Palmeirim JM, Queiroz AI, Rogado L & Santos-Reis M (eds.) (2005). Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal. Instituto da Conservação da Natureza. Lisboa. 660 pp.

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