segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Apontamentos sobre ecolocalização



De uma forma muito generalista a ecolocalização dos morcegos consiste na emissão de sons (pela boca e/ou nariz) e na interpretação do eco que é provocado pelas estruturas existente na sua envolvente. Todas as nossas espécies utilizam a ecolocalização para navegar, caçar e socializar. Cada uma das espécies possui características acústicas particulares induzidas pela sua fisionomia e determinantes para a sua biologia.

Esquematização da ecolocalização

A evolução da frequência do sinal (nas ordenadas) em função do tempo (nas abcissas), permite observar a estrutura dos pulsos, que é uma das caracteristica para destinguir espécie géneros ou grupos de espécies.

Estrutura do pulso

Os nossos morcegos emitem ultrassom entre os 10 e 150kHz e cada espécie utiliza uma gana de frequência específica, de um modo geral, quanto mais pequena é a espécie mais agudos são as vocalizações e quanto maior for a espécie mais graves são as vocalizações.
O ambiente envolvente e comportamento dos morcegos induzem igualmente variações de frequências dentro de cada uma das espécies. Geralmente quanto mais aberto for o espaço (mais longe estiverem os objetos) mais baixa é a frequência dos pulsos (vocalizações) e menor é a largura da banda (diferença entre a frequência máxima e mínima) e inversamente em espaços fechados.
A intensidade da emissão de um pulso (“volume”) é proporcional ao tamanho dos indivíduos e varia entre 120 e 133dB, este fator é o responsável pela distância de propagação do som e consequentemente influência a distância de deteção das diferentes espécies por um detetor de ultrassons.
Os nossos morcegos emitem em média um pulso (vocalização) a cada batimento de asa, que pode varia de 1 a 25 vocalizações por segundo! Este ritmo vária em função do comportamento e da distância de "observação" (ecolocalizar) de cada indivíduo, quanto mais perto estiver um morcego de um objeto, mais aumenta o ritmo de emissão dos pulsos e a menor é a duração dos pulsos.
 Ouvir os ultrassons através de material especializado (detetores de ultrassons) permite detetar imediatamente a presença de morcegos, contudo a detetabilidade das espécies não é homogénea, com efeito, a atenuação do som no ar é proporcional a sua frequência. Assim, a distância de deteção de um morcego depende da espécie.

Distância indicativa de deteção das diferentes espécies através de um detetor de ultrassons

sábado, 17 de janeiro de 2015

Leucismo em aves





As alterações da coloração das penas nas aves silvestres não são frequentes em aves selvagens, contudo, estão referenciadas muitíssimas espécies com este tipo de anomalia. A maioria destas anomalias são causadas por uma mutação genética, embora estejam reconhecidas outras causas que podem provocar este tipo de anomalias, como deficiências alimentares ou descoloração provocada pela luz. Existem vários tipos de anomalias genéticas que podem provocar alterações na cor da plumagem, entre as quais o albinismo, leucismo, esquizocroísmo e melanismo.


O leucismo caracteriza-se pela falta total ou parcial de pigmentos (melania) na plumagem resultante de uma condição genética que afeta a transferência e acumulação de pigmentos nas células das penas das aves. As aves com leucismo apresentam penas sem cor (brancas) em qualquer parte do corpo, podem ser observados indivíduos com diferentes percentagens de penas brancas (leucismo parcial) ou indivíduos totalmente brancos (leucismo total).


O grau de leucismo é condicionado pelo “timming” da mutação durante a embriogénese, ou seja, quanto mais cedo acontecer esta mutação maior será a percentagem de leucismo.


Contrariamente ao leucismo que é provocado geneticamente pela falta transferência e acumulação de melanina (embora haja produção), o albinismo é provocado geneticamente pela mutação de genes que codificam as enzimas produtoras de melanina (não há produção), resultando na ausência congénita de melanina em todo o corpo, nomeadamente nas penas, olhos e pele.


A diferença das aves albinas e as com leucismo, é que estas últimas apresentam pigmentação “normal” nos olhos e pele, assim como uma capacidade de visão normal pelo que tendem a viver mais que as com albinismo.


terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Migração das Aves 2014


Andorinha-dáurica Cecropis daurica
Tal como no ano de 2013, durante o ano passado, fui registando as datas das primeiras observações de cada uma das espécies migradoras que fui detectando no campo. 
 
Águia-cobreira Circaetus gallicus

Com uma nova época de chegadas aí à porta, deixo-vos uma tabela com as datas e as localizações das primeiras observações de cada uma das espécies no ano de 2014.

Andorinha-dos-beirais Delichon urbicum
 
Apesar de não se poder desenhar qualquer conclusão, já que as observações são recolhidas casualmente e dependem em grande medida do acaso, tentei comparar as datas dos primeiros registos de 2014 com as de 2013 apenas por curiosidade. Os resultados estão na coluna “Diferenças 2013-2014” e os valores indicam o número de dias de diferença entre os dois anos, valores positivos indicam que a espécie foi registada mais tarde e valores negativos indicam que a espécie foi registada mais cedo. 


Nome comum
Nome científico
1ª Obs. 2013
1ª Obs. 2014
Localidade
(concelho)
Dif. 2013-2014
Andorinha-dos-beirais
Delichon urbicum
4-fev
9-mar
Freixo de Espada à Cinta
35
Águia-cobreira
Circaetus gallicus
15-fev
12-mar
Guarda
27
Cegonha-preta
Ciconia nigra
21-fev
7-mar
Mogadouro
16
Andorinha-das-chaminés
Hirundo rustica
1-mar
5-mar
São João da Pesqueira
4
Milhafre-preto
Milvus migrans
13-mar
11-mar
Freixo de Espada à Cinta
-2
Britango
Neophron percnopterus
14-mar
18-fev
Mogadouro
-26
Andorinha-dáurica
Cecropis daurica
16-mar
13-mar
Guarda
-3
Cuco-canoro
Cuculus canorus
19-mar
13-mar
Guarda
-6
Tartaranhão-caçador
Circus pygargus
20-mar
21-mar
Évora
1
Papa-amoras-comum
Sylvia communis
21-mar
29-abr
Guarda
38
Andorinhão-preto
Apus apus
24-mar
26-mar
Évora
2
Andorinhão-pálido
Apus pallidus
24-mar
27-mar
Évora
3
Mocho-pequeno-d’orelhas
Otus scops
3-abr
8-mar
Freixo de Espada à Cinta
-25
Codorniz
Coturnix coturnix
4-abr
8-mar
Freixo de Espada à Cinta
-26
Águia-calçada
Aquila pennata
6-abr
26-mar
Évora
-10
Abelharuco
Merops apiaster
7-abr
8-abr
Monforte
1
Toutinegra-carrasqueira
Sylvia cantillans
11-abr
24-mar
Monforte
-17
Papa-figos
Oriolus oriolus
16-abr
19-abr
Évora
3
Andorinhão-real
Apus melba
16-abr
7-mar
Mogadouro
-39
Rouxinol-comum
Luscinia megarhynchos
17-abr
12-abr
Monforte
-5
Chasco-ruivo
Oenanthe hispanica
17-abr
20-mai
Freixo de Espada à Cinta
33
Picanço-barreteiro
Lanius senator
17-abr
26-mar
Évora
-21
Torcicolo
Jynx torquilla
18-abr
-
-

Sombria
Emberiza hortulana
21-abr
28-abr
Guarda
7
Cuco-rabilongo
Clamator glandarius
22-abr
24-mar
Monforte
-28
Chasco-cinzento
Oenanthe oenanthe
22-abr
29-mar
Monforte
-23
Peneireiro-das-torres
Falco naumanni
26-abr
10-abr
Évora
-16
Rolieiro
Coracias garrulus
26-abr
18-abr
Monforte
-8
Rola-brava
Streptopelia turtur
8-mai
13-mai
Seia
5
Felosa de Bonelli
Phylloscopus bonelli
11-mai
2-abr
São João da Pesqueira
-39
Felosa-poliglota
Hippolais polyglotta
18-mai
17-abr
Cuba
-31
Bútio-vespeiro
Pernis apivorus
20-mai
8-abr
Monforte
-42
Petinha-dos-campos
Anthus campestris
-
24-mar
Monforte

Perdiz-do-mar
Glareola pratincola
-
23-abr
Cuba