Exemplar registado na Serra de Montemuro (Luís Braz e Joana Medeiros).
Taxonomia
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Super Classe: Tetrapoda
Classe: Amphibia
Sub Classe: Lissanphibia
Ordem: Anura
Sub Ordem: Neobatrachia
Família: Hylidae
Sub Família: Hylinae
Género: Hyla
Espécie: Hyla arborea
Nome comum: Rela-comum
Identificação:
A Larva deste anuro possui o espiráculo situado no flanco esquerdo, membrana dorsal muito alta e que se inicia ao nível dos olhos, bico escuro e olhos relativamente grandes. A coloração é cinzenta esverdeada, com pintas e manchas douradas. O ventre é mais claro e a metade superior da região muscular da cauda apresenta uma banda longitudinal larga e escura ou com duas linhas escuras que se fundem logo no seu início. A cauda termina em ponta afiada e a membrana caudal possui um reticulado negro muito fino.
Adulto de tamanho pequeno, com cerca de 35-45 mm de comprimento. Cabeça mais larga do que comprida, com focinho curto e arredondado. Olhos proeminentes, com pupila horizontal elíptica e íris dourada. Tímpano pequeno mas bem visível. Extremidades anteriores e posteriores com 4 e 5 dedos, respectivamente, terminados em discos adesivos (≈ ventosas) o que lhes permite ter hábitos trepadores (conseguem trepar mesmo nas superfícies mais escorregadias). As patas posteriores possuem membrana interdigital bem desenvolvida. A coloração do dorso pode variar consoante o substrato, a humidade e a temperatura. Geralmente é verde, podendo ser castanha, amarelada ou mesmo azul. Em cada flanco apresentam uma banda escura, com margem branca, que se estende desde o orifício nasal, até à base da pata posterior. O ventre é esbranquiçado ou amarelado.
Hyla arborea de coloração castanha (registo e foto de Paulo Barros).
Espécies similares:
A rela-meridional (Hyla meridionalis), que se distingue da rela-comum pela banda escura lateral que se estende apenas até às extremidades anteriores e pelo canto.
Distribuição:
Encontra-se distribuída por toda a Europa (com excepção da Irlanda, Grã-Bretanha, Noruega, Finlândia e grande parte da Suécia), na zona compreendida entre os mares Negro e Cáspio, e na Ásia Menor. Em Portugal distribui-se por quase todo o território em núcleos populacionais fragmentados, com excepção do sudoeste, onde é geralmente substituída pela sua congénere Hyla meridionalis.
Habitat:
Ocorre em zonas húmidas com abundante vegetação, normalmente nas proximidades de charcos, cursos de água, pântanos, lagos e lagoas.
Biologia:
Espécie de hábitos crepusculares e nocturnos, embora possa apresentar actividade diurna durante os dias chuvosos ou nublados.
Reprodução:
O período reprodutivo inicia-se na Primavera. Os machos são os primeiros a migrar até aos locais de reprodução e atraem as fêmeas através do seu canto, em coro, sendo muito territoriais. Seguram as fêmeas pelas axilas (amplexo axilar) e a cópula pode durar várias horas. Cada fêmea pode depositar cerca de 400 a 1200 ovos, que formam pequenas massas esféricas. As lavas eclodem poucos dias depois e o desenvolvimento larvar dura 2 a 3 meses. Atingem a maturidade sexual aos 3-4 anos de vida. Os machos apresentam um saco vocal externo muito grande que, quando insuflado, chega a ser maior que o tamanho da cabeça. Quando o saco vocal não está insuflado, podem observar-se pregas cutâneas na garganta.
Alimentação:
As Larvas alimentam-se de matéria vegetal e detritos.
Nos Adultos a dieta inclui invertebrados diversos, nomeadamente aranhas, moscas, formigas, pequenos escaravelhos, percevejos e centopeias.
Longevidade:
A sua longevidade máxima no meio natural é inferior a 10 anos.
Curiosidades:
A rela-comum é mais fácil de ouvir do que observar. O seu canto assemelha-se a um "Crrruuáááá" prolongado.
Ameaças:
Alteração/Destruição/Fragmentação do habitat; Destruição da vegetação ripícola, bem como de locais de reprodução; Intensificação da agricultura, com recurso a pesticidas; Introdução de espécies exóticas; Poluição.
Medidas de conservação:
Manter a disponibilidade e qualidade dos pontos de água e da vegetação ribeirinha que constituem o seu habitat; Assegurar condições de dispersão entre núcleos populacionais.
Estatuto de conservação:
Embora em Espanha seja considerada “Quase ameaçado” (NT), a nível internacional (IUCN) a rela-comum está classificada como “Pouco preocupante” (LC), bem como em Portugal (LVVP). Faz parte do anexo II da Convenção de Berna e do anexo B-IV da Directiva Aves/Habitats (DL 140/99 de 24 de Abril).
Referências e Sites:
Cabral MJ (coord.), Almeida J, Almeida PR, Dellinger T, Ferrand de Almeida N, Oliveira ME, Palmeirim JM, Queiroz AI, Rogado L & Santos-Reis M (eds.) (2005). Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal. Instituto da Conservação da Natureza. Lisboa. 660 pp.
Ferrand de Almeida, N; Ferrand de Almeida, P; Gonçalves, H; Sequeira,F; Teixeira, J & F, Ferrand de Almeida. 2001. Guia FAPAS dos Anfíbios e Répteis de Portugal. FAPAS e Câmara Municipal do Porto. Porto. 249 pp.
Loureiro A, Ferrand de Almeida N, Carretero MA & Paulo OS (eds.) (2008). Atlas dos Anfíbios e Répteis de Portugal. Instituto da Conservação da Natureza e da Biodiversidade, Lisboa. 275 pp.
1 comentário:
Olá Catarina!
Desde já o nosso agradecimento pelo acompanhamento do blog e pelo comentário.
Pode contactar-me directamente através do email jodaguiar@gmail.com para trocarmos ideias acerca da Hyla.
Obrigada,
Joana Medeiros.
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