domingo, 22 de julho de 2012

Otus scops


Otus scops
Taxonomia:
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Aves
Ordem: Strigiformes
Família: Strigidae
Género: Otus
Espécie: Otus scops
Nome comum: Mocho-d’orelhas

Descrição: O mocho-d’orelhas é, mais pequena ave de rapina que existe em Portugal. Os indivíduos desta espécie podem atingir os escassos 20 cm de comprimento e 100 gramas de peso. Apresenta plumagem uniforme, de cor variável em tons de castanho-acinzentado, que lhe confere uma excelente camuflagem no seu habitat natural, em especial nos troncos das árvores. Os pequenos “tufos” de penas que apresenta na sua cabeça, fazem lembrar umas orelhas, conferindo-lhe o seu nome comum.

Espécies similares: Embora visualmente seja fácil de identificar, o seu canto monótono, pode ser confundido com o canto do Sapo-parteiro (Alytes). 

Distribuição: A sua distribuição enquanto nidificante estende-se de modo contínuo por grande parte do Paleárctico, desde a Península Ibérica e Marrocos até ao Irão, norte do Paquistão e Índia e Noroeste da China, por sul, e Ásia Central até ao Lago Baical, por norte. Latitudinalmente, vai da França, Suíça, Áustria, Hungria, República Checa, Ucrânia e metade sul da Rússia europeia, até ao noroeste africano, todas as ilhas do Mediterrâneo, Próximo Oriente, e sul do Paquistão e noroeste da Índia. As populações mais meridionais da sua área de distribuição são completamente migradoras, invernando desde o Mediterrâneo até ao Equador. As do sul são parcialmente migradoras ou mesmo residentes, embora neste caso os efetivos sejam notoriamente mais reduzidos no Inverno, como na Península Ibérica, conhecendo-se populações invernantes em Espanha, Sul de Itália e Grécia e nas ilhas mediterrânicas das Baleares, Córsega e Sicília. Em Portugal, a espécie surge praticamente em todo o território nacional, tendo uma distribuição mais contínua nas Beiras interiores, Trás-os-Montes e Minho.
 Otus scops

Habitat: O habitat de Otus scops em Portugal é diverso e é constituído por bosques e bosquetes pouco densos, desde manchas de carvalho-negral Quercus pyrenaica, a soutos (Castanea sativa) e matas ripícolas, em regra na proximidade de áreas abertas, e ainda parques e jardins urbanos (exemplar fotografado neste post) ou quintas. No nordeste algarvio é observado em plantações horto-frutícolas, montados de sobro e azinho pouco densos e vegetação ripícola desenvolvida. 
 
Biologia: Sendo preferencialmente insectívoro, Otus scops está associado a áreas semi-abertas compostas por habitats ricos em grandes insetos, e zonas arbóreas que lhe facultam pousos discretos e cavidades para nidificar. A dieta alimentar desta espécie é constituída preferencialmente por grandes insetos, aracnídeos, micromamíferos, pequenas aves, anfíbios e répteis, que caça predominantemente à noite, contudo podem esporadicamente também caçar durante o dia. Quanto á reprodução, a época de reprodução está compreendida entre o mês de Maio e meados de Julho, a incubação é de 4-5 ovos é realizada apenas pela fêmea durante 24-25 dias, sendo que começa logo após a postura do primeiro ovo. Nidifica em cavidades de árvores maduras, buracos de paredes ou telhados de edifícios e, por vezes, em antigos ninhos de outras espécies, podendo usar caixas-ninho, onde deposita 3-4 ovos que são incubados durante 24-29 dias. As crias podem ser vistas fora do ninho, estando aptas a dar os primeiros voos poucos dias depois, mas apenas se tornam independentes dos progenitores após de 5ª semana.
No nosso País é uma espécie migradora, embora algo fiéis aos seus territórios de ano para ano, tendo em conta a disponibilidade de alimento e de locais de ninho podem mudar o seu território. Em Portugal não se conhecem registos efetuados em pleno Inverno, ao contrário do que acontece em Espanha. A espécie é claramente mais abundante na metade norte do país, apesar de também nidificar no Sul, sendo comum e por vezes mesmo abundante nas regiões da Beira interior e em Trás-os-Montes.
 Otus scops

Estatuto de conservação: De acordo como o Livro Vermelho de Vertebrados de Portugal (LVVP), o mocho-d’orelhas está classificado como DD - “Informação Insuficiente”, não existindo informação adequada para avaliar o risco de extinção. Com efeito, não são conhecidos parâmetros básicos referentes a esta população, como tamanho e tendências.

Conservação e ameaças: A conservação desta espécie passa por dinamização de campanhas de sensibilização ambiental, conservação do seu habitat, aplicação de boas prática agrícolas, reforço da fiscalização e estudos científicos para melhor conhecer os seus padrões bio-ecológicos.
As principais ameaças desta espécie são, a alteração ou degradação do habitat e a utilização dos pesticidas, morte por abate, a perda de árvores adequadas à nidificação, o roubo de ninhos e a colisão com automóveis.

Curiosidades: O assobio monossilábico do mocho-d'orelhas, repetido de três em três segundos durante horas a fio, por vezes em dueto, é um dos sons mais característicos da Primavera transmontana e é generante a melhor forma de localizar esta espécie.
 

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