domingo, 17 de junho de 2012

Comportamento colonial do Circus pygargus


O Tartaranhão-caçador pode nidificar solitariamente mas na maioria dos casos, os ninhos estão relativamente próximos, constituindo assim uma colónia ou núcleo de nidificação.
 Colónia de nidificação no planalto do Vilarelho (Alijó)

Deixo aqui o resumo do relatório final de estágio do João Gaiola e para quem tiver curiosidade em ler o relatório completo pode descarrega-lo AQUI
“Em Portugal e segundo o Livro Vermelho dos Vertebrados, a espécie Tartaranhão-caçador Circus pygargus (L.) é considerada como “Em Perigo” e não existem valores concretos do efectivo populacional em Portugal. O presente estudo surge na perspectiva de contribuir para a caracterização da biologia e ecologia de uma população que ocorre no nordeste de Portugal.
Este estudo foi realizado no Norte de Portugal, numa área com cerca de 6400 há (8 x 8 km), situada no planalto do Alto de Vilarelho (concelho de Alijó), onde se identificou um núcleo de 17 casais dos quais foram acompanhados 14 casais reprodutores. Este núcleo populacional, com um efectivo considerável, ocupou um território bem definido espacialmente e sobre o qual nunca tinha sido realizado qualquer estudo. A área de matos estudada, onde se estabeleceu a colónia de Tartaranhão-caçador é caracterizada sobretudo pela ocorrência predominante de tojo (Ulex minor e Ulex europaeus). Esta característica destaca-se do resto da área de estudo e parece desempenhar um papel importante para a reprodução da espécie, a avaliar pela concentração de casais reprodutores.
No decorrer do trabalho de campo, foram acompanhadas as fases da postura, incubação, eclosão e 1º voo de um total de 53 ovos postos, só 41 eclodiram e, das crias respectivas, apenas 18 se emanciparam com sucesso. Foram também identificados e caracterizados todos os locais de poiso que teve lugar a recolha de indícios da dieta da espécie (egagrópilas e restos de presas).
Durante a campanha de anilhagem foram marcadas com anilhas metálicas e de cor 14 aves juvenis, permitindo assim o reconhecimento individual de cada juvenil.
No cálculo dos parâmetros reprodutivos da colónia de Tartaranhão-caçador, estimou-se em 3,42 crias por ninho a ninhada média da colónia em estudo. Esta mesma população obteve, em termos de sucesso reprodutivo, uma produtividade de 1,29 crias que se emanciparam por casal, valores que se encontram dentro dos limites obtidos em diversos estudos realizado na Península Ibérica.
Nas conclusões do trabalho são propostas algumas medidas para conservação da espécie e gestão de habitat na área de estudo, bem como algumas linhas de investigação futuras que podem contribuir para um melhor conhecimento do comportamento e dinâmica populacional desta ave, para que, de forma efectiva se possa contribuir para a recuperação do Tartaranhão-caçador a nível local e regional.”

2 comentários:

Anónimo disse...

O trabalho de campo foi bastante duro mas fui bem recompensado por encontrar todos estes ninhos e por acompanhar bem de perto todas as etapas da reprodução… valeu bem todos os picos que tirei das pernas!!!
João Gaiola

João Paula disse...

Parabéns pelo trabalho que já conhecia do Gaiola.

É realmente curioso a presença de este núcleo na área onde predominam os ulex sp., o que me leva a questionar se de alguma forma esta planta não servirá como barreira de protecção contra predadores dado o seu carácter espinhoso. Seria interessante comparar com outras populações com biotopos semelhantes de forma a ver se a escolha é propositada ou se simplesmente foi um acaso. =)

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