domingo, 3 de junho de 2012

Hypsugo savii


Embora tenha uma distribuição ampla e esteja classificado com Pouco Preocupante (LC) pela UICN, o Morcego-de-savi é uma das espécies existente em Portugal com um conhecimento biológico e ecológico escasso, esta falta de informação e conhecimento sobre as questões bio-ecológicas é generalizado pela sua área de distribuição mundial, devendo-se muito pela sua recente diferenciação morfológica e genética.
 Distribuição mundial do Hypsugo savii

Identificação: Espécie originalmente descrita como pertencer ao género Vespertilio, foi posteriormente incluída no género Pipistrellus devido às suas similitudes morfológicas com as espécies deste género, e finalmente no Hypsugo sp. devido a algumas características bioquímicas, morfológicas, nomeadamente a morfologia do pénis e mais recentemente genéticas, que confirmaram tratar-se de uma espécie do género Hypsugo. Morfologicamente é uma espécie de tamanho pequeno e de coloração muito variável. A maioria dos indivíduos apresenta dorsalmente uma pelagem longa de cor castanho ou preto com as pontas douradas ou amareladas, contrastando coma cor branca ou amarelo esbranquiçado que apresenta na zona ventral. Tem orelhas curtas com um trago muito parecido com as dos géneros Pipistrellus e Eptesicus. As partes desprovidas de pelo (cara, orelhas e membranas alares) são de cor preta. As últimas vértebras sobressaem 4-5mm do uropátagio. O pénis (característica distintiva) é pequeno e alarga na parte distal, apresentando uma curvatura angular reta na parte proximal e distal. 
 
 Aspecto geral do Hypsugo savii (cara e orelhas pretas e pelagem com tonalidade dourada)

Espécies similares: As várias características morfológicas distintivas, permitem a sua perfeita identificação, não passível de ser confundida com outras espécies.

Características distintivas (inserção do uropatágio na base do dedo do pé, ultimas vértebras livre)

Ecolocalização: A ecolocalização desta espécie caracteriza-se por ter uma frequência máxima de energia entre 30-35kHz, pulsos (7-8 pulsos/s) longos de frequência constante ou modulada (aproximadamente 8 ms) e intervalo entre pulsos irregular mas superior a 200 ms, apresenta ainda uma maior amplitude no início do pulso
Distribuição: O Hypsugo savii é uma espécie paleártica, ocorrendo deste as Ilhas Canárias, Cabo Verde, NW de África (Marrocos, Argélia e Tunísia) e Europa até aos Balcãs, Cáucaso, Ásia Central (Casaquistão, Turcomenistão, Uzbequistão, Quirguistão e Tadjiquistão), Médio Oriente (Afeganistão) e Ásia oriental (Norte da Índia e Mianmar). Na Europa, é uma espécie mais ou menos comum nas regiões mediterrânicas e sub-mediterrânicas de Portugal, Espanha e França, ocorrendo de um forma mais esporádica na Suíça, Áustria, Norte da Hungria, assim como no Norte da Crimeia, Bulgária, Republica Checa, Eslováquia, sul da Grécia e nas ilhas mediterrânicas de Chipre e Sardenha. Em Portugal a sua distribuição parece acompanhar as regiões montanhosas do Centro e Norte de Portugal, podendo também ocorrer no Sul mas de um forma mais pontual.
 Distribuição das capturas de Hypsugo savii no Norte e Centro de Portugal

Habitat: Esta espécie pode utilizar áreas deste do nível do mar até aos 3.300m de altitude, preferindo zonas rochosas e/ou montanhosas, contudo pode ainda utilizar uma maior diversidade e habitats, desde vales amplos e sem zonas rochosas a escarpas costeiros e montanhosas, assim como pequenos meios urbanos e habitats constituídos por um mosaico de pastagem, agricultura e matos.
Reprodução: A informação disponível é ainda muito escassa para se poder traçar um perfil reprodutivo. Os poucos registos existem sobre abrigos de criação referem-se a observações realizadas em Itália, onde foram encontradas colónias de criação sob telhas e em juntas de dilatação de edificações.
Alimentação: Caça em voo preferencialmente alto (acima dos 100 m) e em áreas abertas, Lepidópteros, Dípteros, Hemípteros e Neurópteros, podendo mais esporadicamente caçar a baixa altitude (2-3 m).

 Pormenor da cara e orelhas do Hypsugo Savii

Mobilidade: Não existe informação sobre este aspeto biológico, contudo é considerado como espécie sedentária, mas supõem-se que posa realizar deslocações curtas. A distância máxima observada foi de 250 km.
Medidas de conservação: O desconhecimento generalizado da biologia, ecologia e distribuição desta espécie, torna difícil a sua conservação. Deste modo a base de conservação desta espécie deverá assentar num maior conhecimento sobre os aspetos biológicos, ecológicos e de distribuição através da realização de estudos necessários para avaliar tendências e planear medidas efetivas de conservação. De um modo geral as medidas de conservação poderão passar pela proteção de locais propícios ao seu abrigo, o uso racional de pesticidas e de estudos de impacte ambiental e planos de monitorização de grandes infraestruturas (e.g. rodovias, barragens e parque eólicos) devidamente elaborados. Assim como a realização de ações de sensibilização
Dimensões: Os dados de indivíduos capturados no Norte e Centro de Portugal permitiram obter um comprimento médio do antebraço (FA) de 34,35mm e um peso de 7,87g. 
 Aspecto geral do tamanho de um Hypsugo savii

Estatuto de conservação: Esta espécie de acordo com o Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal é classificada como “Informação insuficiente” (DD), não existindo até à data informação adequada para avaliar corretamente o seu estatuto. Esta espécie encontra-se no Anexo BIV da Diretiva Habitat, sendo de interesse comunitário, cuja conservação exige proteção rigorosa. Encontrando-se ainda incluída nos anexos II da Convenção de Berna e Bona

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