domingo, 3 de janeiro de 2010

Discoglossus galganoi

Discoglossus galganoi Capula, Nascetti, Lanza, Bullini & Crespo, 1985.

Rã-de-focinho-pontiagudo (Pt); Sapillo pintojo ibérico (Es)

Descrição:

A Rã-de-focinho-pontiagudo é na realidade… um sapo. É um Anuro da família Discoglossidae, e a origem do seu nome comum deve-se á sua semelhança com o uma rã. De identificação fácil devido ao seu tamanho médio, entre 4,5cm e 6,5cm; à sua cabeça larga e focinho pontiagudo (relativamente estreito); aos seus olhos salientes de íris dourada na parte superior e pupila arredondada ou em forma de “coração”; à sua mancha pós-ocular geralmente ausente ou quando presente, alarga na parte posterior; à sua pele lisa com verrugas mais ou menos aparentes no dorso, e granulosa no ventre, de manchas negras ou castanhas sobre um fundo acinzentado ou acastanhado; aos membros anteriores robustos, com quatro dedos e três tubérculos palmares, dos quais o interno é o mais desenvolvido. Apresenta uma coloração dorsal muito variável. Os machos têm as membranas interdigitais mais desenvolvidas do que as fêmeas e durante o período de acasalamento, são visíveis as suas calosidades nupciais negras, nos dedos internos das patas anteriores.

O comprimento da larva é de 2,5cm a 3,5cm, o seu espiráculo é ventral, equidistante dos extremos anterior e posterior do corpo. Membrana dorsal baixa. De coloração escura, tornando-se progressivamente clara. Pode apresentar manchas escuras no dorso e na região muscular da cauda. A membrana caudal não tem pontos ou manchas contrastadas, mas apresenta uma trama muito fina e escura quando vista à transparência.

Espécies similares:

Esta espécie é passível de ser confundida com a Rã-ibérica (Rana iberica), mas pode distinguir-se desta pela mancha pós ocular, que diminui de tamanho progressivamente até à parte posterior, enquanto na Rã-de-focinho-pontiagudo (Discoglossus galganoi) quando esta mancha está presente, alarga na parte posterior. Também se pode distinguir da Rã-ibérica pela ausência de tubérculos subarticulares, da pupila arredondada ou em forma de coração e dos seus sacos vocais rudimentares.

Distribuição:

È uma espécie endémica da Península Ibérica, limitada a Portugal e à metade Oeste de Espanha. Em Portugal ocorre por todo o país em núcleos relativamente fragmentados, embora ocorra contiguidade entre a maioria destes. Em Espanha apresenta populações abundantes em toda a sua área de distribuição excepto provavelmente, no seu limite nordeste. No seu limite Leste aparentemente é uma espécie parapátrica com Discoglossus jeanneae (Sapillo Pintojo Meridional (Es.). Embora exista um desacordo entre vários autores, em relação a considerar estas como subespécies moderadamente diferenciadas, e não como espécies distintas.

Habitat:

Extremamente tolerante à presença humana, reproduzindo-se frequentemente em meios artificiais, ou alterados devido às actividades antropogénicas, como charcos e canais de rega. Pode ser encontrada maioritariamente nas imediações de massas de água com uma certa cobertura herbácea, como prados e lameiros. Também podendo ser encontrada em lagoas costeiras, uma vez que é tolerante a águas salobras. Ocorre desde o nível do mar até aos 1200m na serra de Montesinho.

Biologia:

Encontra-se activa durante todo ano, mas com menor intensidade nas épocas mais quentes e secas. Durante o dia refugia-se entre a vegetação ou sob as pedras, em substrato muito húmido. O seu período reprodutivo é variável de acordo com a região, mas como na generalidade dos anfíbios está dependente das épocas mais húmidas e, por conseguinte, de maior precipitação, pelo que se estende desde o princípio do Inverno até ao final do Verão. A dieta dos adultos baseia-se em insectos, aracnídeos, moluscos, anelídeos e juvenis da sua própria espécie. O seu principal mecanismo de defesa consiste na fuga, escondendo-se entre a vegetação herbácea ou na água.

Conservação e ameaças:

Classificada a nível internacional, pela IUCN como “Pouco preocupante” (“Least concern”), assim como em Espanha. Em Portugal apresenta um estatuto de “Quase ameaçada” (“Near threatened”).

A fragmentação e destruição dos habitats, quer de reprodução, quer de refúgio, constituem um dos seus principais factores de ameaça, a par da introdução de espécies aquáticas exóticas, predadoras das suas larvas.

Referências e sites:

Ferrand de Almeida, N.; Ferrand de Almeida, P.; Gonçalves, H.; Sequeira, F.; Teixeira, J.; Ferrand de Almeida, F. (2001) “Guias Fapas – Anfíbios e Répteis de Portugal”. FAPAS, Porto.

Cruz, J. M., Ribeiro, R. (2008): Discoglossus galganoi. Pp. 108-109, in: Loureiro, A., Ferrand de Almeida, N., Carretero, M.A., & Paulo, O.S. (eds) (2008): “Atlas dos Anfíbios e Répteis de Portugal”. Instituto da Conservação da Natureza e da Biodiversidade, Lisboa. 257pp.

Livro Vermelho de Portugal

SIPNAT do ICNB

Livro Vermelho Espanha

UICN

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