O Verão é uma época em que é frequente
encontrarmos morcegos dentro de casa. Assim sendo damos algumas explicações e
indicações para ajudar a resolver este tipo de situações.
Primeiramente é importante
salientar que há várias espécies de morcegos que se abrigam em nossa casa,
maioritariamente no exterior (telhados, fissuras e buracos das paredes) ou geralmente em divisões pouco (ou nunca)
usadas (sótãos e caves). Não é um hábito destes animais entrar para caçar ou
abrigar-se em divisões que sejam constantemente a ser usadas pelo homem, um vez
que se sentem expostos nessas situações.
Quando um morcego entra numa
divisão diariamente ocupada de uma casa habitada, fá-lo por acidente, ou porque
foi em perseguição de insetos atraídos pela luz, ou porque se abrigou numa estrutura
com acesso ao exterior (caixilho da janela, ou chaminé) e quando tentou sair
para a rua fê-lo no sentido errado, ou por distração e falta de experiência que
será a causa mais comum nesta época.
Este último caso acontece
frequentemente quando os juvenis estão a sair do abrigo e a aprender a voar,
essencialmente entre Julho Setembro/Outubro. Como os indivíduos novos não têm
muita experiência e resistência, andam um pouco “às aranhas” e acabem por
entrar por uma janela ou porta aberta e como não dão com a saída, ficam a voar
dentro da divisão, ou pousam em algum lugar (incluindo o chão).
Quando isso acontece a melhor
coisa a fazer é fechar as portas para as outras divisões para impedir que eles
se percam dentro de casa, abrir as janelas, apagar a luz e deixar o morcego
sozinho para ele não ter medo e poder sair do local onde está e ir par ao
exterior. Passados alguns minutos é só verificar se ele ainda está dentro da
divisão, e se estiver, repetir o processo. Isto poderá ir de alguns minutos a
várias horas, mas geralmente não demora mais do que alguns minutos.
No caso de mesmo assim ele não
sair, porque poderá estar ferido ou doente é importante antes de mais, lembrar
que para capturar e manusear morcegos é necessário uma autorização específica do
ICNF, pelo que o mais correto é ligar para o ICNF ou SEPNA (GNR). Se for
necessário pegar-lhe ou manuseá-lo, deve ser usada uma luva de couro ou
borracha e para o libertar deve ser colocado no exterior, num sítio alto
(tronco de árvore ou muro).
Uma nota muito importante, nunca
pegar num morcego que esteja pousado no chão ou num sítio acessível e exposto.
Um dos sintomas da Raiva é desorientação, e esse morcego pode estar
contaminado, razão pela qual está parado num local tão desabrigado.
Outra das situações com que já me
deparei, é o morcego ir abrigar-se numa divisão ocupada para passar o dia
(dormir). Isto pode acontecer porque algumas espécies não passam os dias no
mesmo abrigo todas as noites, e como é costume de verão termos as janelas de
casa abertas durante a noite, os morcegos que vão a passar, acham que a nossa
casa dará um bom abrigo de emergência, embora eles consigam perceber que a casa
está ocupada por humanos (pelo odor por exemplo), nesse caso é proceder do
mesmo modo devem fechar-se todas as janelas e portas dessa divisão (deixando o
morcego sossegado), que deverão ser abertas ao início da noite, altura em que ele
procura sair para a rua.
Se detetarem um abrigo de alguma
colónia de morcegos em vossa casa e se quiserem ‘livrar’ dele, não os matem.
Todas as espécies de morcegos são protegidas por lei, pelo que o melhor é
contactar o ICNF ou o SEPNA para resolver a situação da melhor maneira possível.
A Natureza agradece e nós também pois os morcegos prestam-nos um grande serviço
ambiental.
As espécies que mais frequentemente entram nas casas pertencem aos géneros Pipistrellus sp. e Rhinolophus sp.
Morcego de Kuhl (Pipistrellus kuhlii)
Morcego-de-ferradura-pequeno (Rhinolophus hipposiderus)