Os
morcegos pertencem a uma das ordens de mamíferos mais diversa. Muitas espécies
necessitam de abrigos subterrâneos para a sua sobrevivência e a perturbação e
destruição destes refúgios constitui uma das principais causas de declínio de
muitas populações de morcegos. Tendo em conta que o conhecimento da
bio-ecologia e distribuição dos morcegos em Portugal é limitada e incompleto, a
identificação dos abrigos, o seu estudo e proteção constitui uma questão vital
para a conservação deste grupo faunístico.
No
hemisfério Norte, no final do Verão e início do Outono, um número considerado
de espécies de morcegos reúnem-se em refúgios/abrigos subterrâneos, onde caçam
(dentro e no seu entorno), têm comportamento de voo particulares, emitem vocalizações
sociais e têm comportamentos de acasalamento. Este fenómeno foi inicialmente descrito nos
anos 60’s e definido como “swarming”. Desde então, na Europa
tem-se realizado muitos estudos sobre o comportamento e genética nos sítios “swarming”, que têm demonstrado que:
1) São
sítios de acasalamento de muitas espécies e são refúgios crípticos para o fluxo
genético entre populações mais isoladas, prevenindo assim a endogamia
populacional;
2) Estes
locais podem constituir zonas de refúgio transitório durante as migrações regionais
e sazonais;
3) Estes
locais, constituem sítios adequados para a transmissão de informação entre
adultos e jovens.
Estas
3 hipóteses funcionais dos sítios “swarming”
não são mutuamente excludentes, podem funcionar conjuntamente e são diferentes
de espécie para espécie. Alguns estudos foram realizados com o objetivo de
estudar diferentes aspetos do “swarming”,
como a riqueza e abundância de espécies, a estrutura sexual, a condição física
dos macho e fêmeas, etc… Duas características constantes em todos os estudos de
“swarming” são a estrutura sexual e etária, a proporção de machos e adultos nestes sítios é habitualmente
muito elevada e está correlacionada positivamente com a altitude (localização
do abrigo/refúgio). Embora os primeiros estudos sobre “swarming” sejam de longa data (com cerca de 50 anos), os dados de
comportamento de algumas espécies, em época de “swarming”, são ainda muito escassos.
A
proteção eficiente de abrigos de morcegos deve incidir sobre todos os refúgios
utilizados durante todo o ciclo anual (reprodução, acasalamento, migração e
hibernação), deste modo os sítios “swarming”
representam abrigos importantes de conservação para os morcegos.
A
composição sexual e a distribuição temporal ao longo das noites nos sítios “swarming” não são sincronizadas,
existindo dois pico claramente distintos, um para cada um dos sexos. Os machos
são os primeiros a chegarem a este tipo de sítios, muito devido ao caracter
territorial que estes apresentam na época de acasalamento. Quanto mais cedo
chegarem a estes sítios melhor é a posição que podem ocupar e consequentemente,
maior será a probabilidade de acasalamento. Já as fêmeas, como têm a
possibilidade de escolher o macho para acasalar, passam as primeiras horas da
noite (de maior atividade de insetos) a alimentar-se e só depois é que se
deslocam para os sítios “swarming”.
Este
comportamento, aliado ao tempo gasto para no acasalamento pelos diferentes
sexos faz com que a condição corporal dos machos e fêmeas seja diferente. Os machos
permanecem muito mais tempo nos sítios “swarming” com o objetivo de acasalarem
com o maior número de fêmeas possíveis e as fêmeas passam apenas o tempo necessário
neste sítios para acasalar. De facto, os machos nesta época (de “swarming”)
apresentam uma condição corporal significativamente inferior á das fêmeas.
2 comentários:
Que interessante relação (Os machos é que se têm que mexer e emagrecer e as fêmeas deixam-se andar na vida delas :P). Estes resultados são de alguma espécie ou são da comunidade em geral? Acontece em que altura do ano?
Abraço.
Caro Pedro,
Pode obter mais informações neste artigo:
http://www.secemu.org/images/stories/_Paulo_Barros.pdf
Com os melhores cumprimentos e obrigado por visitar o nosso blog.
Paulo Barros
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