Myotis escalerai
Em 1914, no libro “fauna ibérica - Mamíferos”, Ángel
Cabrera escreveu “En 1904,
observando que todos los ejemplares españoles que me fué dado examinar tenían el
patagio inserto junto al tobillo, y no en la base de los dedos como se lee en todas
las descripciones del Myotis Nattereri, me atreví á considerarlos como una especie
diferente (Myotis Escalerai).”
De facto, após um século da
descrição original de Myotis escalerai
por Ángel Cabrera, a genética consegui
mostrar o que as características morfológicas pareciam ter escondido. As
primeiras análises genéticas confirmaram a presença na Península Ibérica de um
grupo de Myotis nattereri muito
diferentes dos observados no Centro-Norte da Europa, provavelmente
correspondente aos Myotis escalerai
descritos por Ángel Cabrera em 1904, sendo assim possível reconhecer
cientificamente esta espécie.
Myotis escalerai
A
genética revelou ainda uma segunda linhagem existente no Norte de Espanha desconhecida
até ao momento, esta linhagem diferencia-se do Myotis nattereri e também do Myotis
escalerai. Como a todos os desconhecidos foi dado um nome fictício e
prático. Myotis spA. Contudo para uma
maior complicação, uma terceira linhagem aparecia em Marrocos (Myotis spB).
Myotis escalerai
Desde então tem-se trabalhado no
sentido de recolher dados suficientes para esclarecer a diferenciação genética
e morfológicas destas 4 espécies. Para duas destas espécies já existe uma
descrição taxonómica.
Myotis
nattereri
foi descrito em 1817 por Kuhl com exemplares procedentes da Alemanha Central. Esta
espécie está amplamente distribuída na Europa Central, Setentrional e oriental,
contudo até ao momento não foi encontrada na Península Italiana ou Ibérica.
Myotis escalerai
A
descrição do Myotis escalerai feita
por Ángel Cabrera em 1904 é válida, já que os exemplares estudados procediam de
uma área (Valência) onde apenas se encontra esta espécie. O nome desta espécie pôde
ser então resgatado, apos ter sido considerada sinónimo de Myotis nattereri por muitos anos. Contudo as suas características
morfológicas, ecológicas e a sua distribuição necessitam de ser estuda á luz
dos resultados genéticos.
Diferente
é a situação das novas linhagens.
O
Myotis spA é a segunda linhagem
encontrada na Península Ibérica e o único presente na Península Italiana. Geneticamente
é uma espécie mais próxima do Myotis
nattereri
O
Myotis spB é a única linhagem
encontrada na região de Magreb. Genética e morfologicamente é mais próximo do Myotis escalerai. O conhecimento da sua
distribuição e estado de conservação é escasso tendo sido considerada uma espécie
rara.
Assim,
na Península Ibérica ocorrem exemplares de duas das quatro linhagens do complexo
nattereri. O Myotis escalerai que está presente em toda a península, enquanto
que o Myotis spA está limitado a
áreas Setentrionais até ao Norte da Extremadura pelo Ocidente até á Catalunha
na costa Oriental.
Além
das evidências ecológicas que parecem ter, sendo que o Myotis escalerai é mais frequente em zonas de cotas mais baixas,
enquanto que o Myotis spA, ocorre em
zonas de maior altitude. Alguns caracteres morfológicos também permitem distinguir
os dois principais grupos (Myotis nattereri/Myotis spA Vs Myotis escalerai/Myotis spB). A característica mais evidente e amplamente comprovada,
é a diferença na franja de pelos na margem do uropatágio, a franja ventral
interna nos Myotis escalerai e myotis spB apresenta pelos mais longos, mais
densos e direcionados para o corpo do animal. Outra característica é o ângulo
de inserção do patágio na pata.
Myotis escalerai
Post escrito com
base no artigo:
Saliciini I., Ibáñez C., Juste J. (2012). El complejo Myotis nattereri en Iberia: una larga historia. Barbastella 5 (1) 3-7.