Embora
seja uma das espécies de quirópteros mais abundante e ubíquas do nosso
território Continental, a especialização que o Myotis daubentonii tem em relação à sua alimentação e habitat
associado, limita-o espacialmente a cursos e massas de água, sendo que o seu próprio
nome comum (morcego-de-água) é bem elucidativo quanto a esta questão.
Aspeto geral de um Myotis daubentonii
Em
1977 a partir de algumas características encontradas em alguns Myotis daubentonii, foi descrita outra
espécie, o Myotis nathalinae. Contudo
posteriormente, através de análises morfológicas, bioquímicas e genéticas,
verificou-se que estas diferenças careciam de valor taxonómico, pelo que foi
considerada apenas uma espécie (Myotis
daubentonii) com duas subespécies M.
d. daubentonii e M. d. nathalinae, ambas
presentes no nosso território.
O
morcego-de-água é uma espécie de tamanho pequeno, com coloração dorsal
arruivada ou cinzento-escuro (em função da subespécie) e ventral branco sujo.
Com orelhas curtas e trago pontiagudo que bem caracteriza o género Myotis. O plagiopatágio insere-se na
tíbia ou na base do pé, deixando totalmente livre os membro posteriores.
Promenor da inserção do plagiopatágiona pata
Emite sons
de ecolocalização em frequência modulada, com uma frequência inicial entre os
70 e 100 kHz e final entre 25 e 35 kHz, sendo que uma característica desta
espécie é emitirem em modulação de amplitude (quando voa sobre água), o qual
permite facilmente identificar esta espécie através dos seus registos
acústicos.
Chamamento social e modulação de amplitude típico de Myotis daubentonii (registo acústico realizado por Luis Braz)
Em estreita
ligação com os cursos e massa de água, caça (isoladamente ou em grupo)
habitualmente nestes locais ou próximos dos mesmos, alimentando-se
principalmente de dípteros, tricópteros, lepidópteros, coleópteros, efemerópteros e neurópteros. Pode ocupar uma
grande diversidade de abrigos, tando na época de hibernação como na estival,
nomeadamente buracos de árvores, fendas em diversos tipos de construções ou
rochas, sótãos, túneis ou cavidades.
Hibernação de um Myotis daubentonii macho
A maioria
dos acasalamentos dos Myotis daubentonii,
ocorre em outubro (VEJA AQUI),
a ovulação é realizada após o período de hibernação (durante a primavera) e têm
as crias (normalmente a penas uma) durante os meses de junho e julho. A longevidade
máxima conhecida nesta espécie é de 28 anos!
As colónias
de criação são constituídas por pequenos grupos de fêmeas, que normalmente
varia entre 10 e 20, podendo contudo formar pontualmente colónias maiores (na
ordem da centena), é uma espécie que tem um segregação sexual bem marcada, os
machos na época de criação também forma pequenos grupos que podem rondam a
vintena de indivíduos.
Colónia de criação e crias de Myotis daubentonii
Durante a hibernação, esta espécie tanto hiberna
isoladamente como em colónia que podem atingir as duas dezenas de indivíduos.
Embora seja uma espécie sedentária, pode realizar pequenas migrações que podem
ir até aos 250km
Radioseguimento de Myotis daubentonii