Atualmente
encontram-se descritas cerca de 4680 espécies de anfíbios no mundo e os Anuros
constituem a ordem mais numerosa dos anfíbios, com cerca de 4100 espécies
descritas de rãs, relas e sapos. De uma forma geral apresentam um corpo
reduzido sem cauda, as patas posteriores são maiores que as anteriores, encontrando-se
adaptadas ao salto e durante o estado larvar possuem uma cauda bastante
conspícua e um corpo volumoso. Uma das espécies mais comuns de Anuro no nosso
território continental é o Bufo bufo
(sapo-comum) que ocupa praticamente todo o tipo de biótopos, podendo ser
observado até aos 1870 m de altitude na Serra da Estrela, desde zonas húmidas a
secas, abertas a arborizadas, em meios naturais ou cultivados assim como nas imediações
de zonas urbanas. Esta espécie apresenta uma distribuição contínua de Norte a
Sul do país.
Uma das
características distintivas do sapo-comum (Bufo bufo) é a orientação
da pupila que é horizontal e a coloração avermelhada da íris.
É
sem margens para dúvidas o maior Anuro da nossa fauna. Embora seja uma espécie caracterizada
de hábitos crepusculares ou noturnos, podem ser observados com alguma
frequência exemplares ativos durante o dia, caminhando de forma lenta ou dando
pequenos saltos, especialmente com tempo húmido e em zonas mais sombrias, tais
como bosques frondosos, entrada de minas e linhas de água encaixadas. Durante o
dia refugiam-se em lugares escuros e húmidos, como debaixo de grandes pedras e
troncos, fendas, tocas de pequenos roedores, reentrâncias de rochas ou
afloramentos rochosos, minas e grutas. São animais com hábitos terrestres cuja
ligação à água está limitada ao período reprodutor e desenvolvimento larvar.
Durante a época
reprodutiva e aproveitando as águas das chuvas primaveris, os machos (que
são muito mais pequenos que as fêmeas) são os primeiros a chegar aos pontos de
água.
As fêmeas (muito maiores que os machos) com os ovários enormes e repletos
(podendo conter 7000 ovos) chegam depois, optando pelos machos de maior
tamanho, selecionados através dos seus cantos de acasalamento. Durante a fecundação
o macho abraça a fêmea pelas costas (amplexo), depois a fêmea deposita entre
2000 a 7000 ovos e o macho lança o esperma que os fecundará (fecundação
externa). Os ovos dispõem-se em cordões gelatinosos com 2 a 4 filas alternadas que podem atinguir vários metros de comprimento.
A eclosão dos ovos dá-se entre 5 a 15 dias
após a postura e a fase larvar dura entre 2 e 4 meses, um dos períodos larvares
mais curtos de entre os anuros da nosso fauna. Assim é frequente observar
larvas desta espécie em pontos de água temporários ou simplesmente em locais de
retenção de água como, poças de água que se formam pelos rodados dos veículos,
como mostra a foto seguinte.
Uma das maiores
ameaças desta espécie é sem dúvida a sua morte por atropelamento,
principalmente na época de reprodução, altura em que os indivíduos necessitam
de se deslocar (podendo percorrer até 5 Km) até zonas com água. Entre os seus
inimigos naturais incluem-se as cobras de água, víboras e várias aves de rapina
(milhafres, tartaranhões, águias, mochos e corujas) e as lontras.