À excepção de pequenas zonas limítrofes, toda a área do Parque Natural das Serras
d’Aire e Candeeiros encontra-se incluída no Maciço Calcário Mesozóico, sendo que os constituintes geológicos
principais pertencem, quase totalmente, ao Jurássico com predominância dos calcários
pertencentes ao Dogger (Jurássico Médio – 175 a 161 Milhões de anos). Existe
ainda uma variedade de formações com várias idades desde o Cretácico, passando
pelo Miocénico até ao Plio-Plistocénico terminando em formações
modernas, detríticas e de “terra rossa”, nos vales e depressões fechadas,
aluviões modernos ao longo de algumas linhas de água e afloramentos de rochas
eruptivas, como sejam doleritos e rochas afins, basaltos e brechas vulcânicas.
Nestas
formações é possível encontrar fósseis, uma vez que nos encontramos no domínio
das rochas sedimentares. As camadas rochosas presentes na serra formaram-se através da precipitação de substâncias dissolvidas na água, principalmente carbonato de cálcio. Podemos encontrar rochas de fácies marinhas e fácies continental. É característico nestas formações observar fósseis (como dos ancestrais das estrelas-do-mar ou ouriços-do-mar) e icnofósseis (como as pegadas de dinossauros).
Fóssil de estrela-do-mar (asteróides)
Os materiais que constituem o maciço emergiram devido as movimentações tectónicas provocadas por falhas formando uma cadeia montanhosa que compreende, actualmente, as Serra d'Aire e Candeeiros.
Do ponto de
vista morfológico podem diferenciar-se no Maciço Calcário
Estremenho três subunidades que correspondem a compartimentos elevados
– A Serra dos Candeeiros a Oeste, o Planalto de Sto. António ao Centro e Sul e o Planalto de S. Mamede e a Serra de Aire,
respetivamente a Norte e Este. A separar estas subunidades encontram-se três
depressões originadas por grandes fracturas, respectivamente a depressão da Mendiga, o Polje de Minde-Mira e a depressão de Alvados.
Por todas estas
razões, este é um local onde os mais significativos e típicos fenómenos cársicos se encontram representados no nosso país,
de que são exemplo as dolinas,
as uvalas, os poljes e campos de lapiás, no que concerne ao modelado de superfície,
e a existência de inúmeras grutas e algares (mais de 1500) que cruzam o interior do
maciço.
Fóssil de ouriço-do-mar (equinóides)
Apesar da
ausência de cursos de água de superfície organizados nesta região, eles existem
em abundância no subsolo, constituindo um dos maiores – se não o maior – reservatório de água doce subterrânea do nosso País e que se estende entre Rio
Maior e Leiria.
Das várias nascentes cársicas existentes na região, a mais conhecida e
importante no que toca a caudais emitidos é a dos Olhos de Água do Alviela,
que fornece água a Lisboa desde 1880.
Fotos de Paulo Barros e texto de Carlos Rodrigues
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