sábado, 25 de fevereiro de 2012

Grus grus

Reino: Animalia
Filo: Chordata
Subfilo: Vertebrata
Classe: Aves
Ordem: Gruiformes
Família: Gruidae
Género: Grus
Espécie: Grus grus (Linnaeus, 1758)
Nome comum: Grou
O Grou é uma espécie invernante no nosso País, face á sua distribuição muito localizada (Alentejo interior), declínio continuado da área de ocupação muito devido à redução da extensão e qualidade do seu habitat e ao seu número reduzido de indivíduos maturos (estimado em menos de 10.000), foi classificada segundo o Livro Vermelho de Vertebrados de Portugal (Cabral et al, 2005) como espécie VULMERÁVEL (VU).
 
Descrição:
Ave de cor cinzenta e de tamanho grande (1,2 m de altura e 2,0 m de envergadura) e esbelta, com patas e pescoço compridos adaptados a habitats encharcados e cauda curta. A sua cabeça é tricolor (branca cinzenta e vermelha) e as suas penas primárias e secundárias são negras. Os adultos podem pesar entre 5 a 6 kg.
Distribuição:
Espécie tem uma distribuição muito alargada. A área de nidificação estende-se desde a Europa do Norte e Ocidental, através da Eurásia até ao Norte da Mongólia, Norte da China e Leste da Sibéria, com populações nidificantes isoladas no Leste da Turquia e no Tibete. A área de invernada inclui parte da França e da Península Ibérica, Norte e Leste de África, Médio Oriente, Índia e Sul e Leste da China. Atualmente ocupa a maior parte da sua área de distribuição histórica, mas nos últimos 200-400 anos extinguiu-se como espécie reprodutora na parte Sul e Ocidental da Europa, península balcânica e Sul da Ucrânia.
Esta espécie não nidifica na Península Ibérica, sendo o último registo de nidificação datado de 1954 em Cádiz.
Em Portugal a espécie inverna no Alentejo interior, ocorrendo apenas em cinco núcleos de invernada regular nas regiões de Castro Verde/Mértola, Évora, Moura/Mourão/Barrancos e Campo Maior (concelhos de Campo Maior, Arronches, Évora, Moura, Mourão, Barrancos, Castro Verde e Mértola).
  
Habitat:
Os Grous alimentam-se preferencialmente em searas cultivadas de regime extensivo, pousios, pastagens naturais e montados de azinho pouco denso e sem mato, apresentando acentuada fidelidade aos locais de alimentação.
Os dormitórios comunitários dos Grous são preferencialmente locais pouco perturbados, geralmente associados à presença de água pouco profunda, utilizando sobretudo açudes e charcas que surgem temporariamente no inverno. Selecionam preferencialmente açudes ou charcas localizadas em zonas com predominância de culturas arvenses ou forrageiras, podendo também utilizar margens de cursos de água como dormitórios comunitários.
Dieta:
Durante a sua permanência no nosso território (Inverno) o Grou alimenta-se principalmente de bolotas, sementes, bolbos, tubérculos, rizomas e pequenos animais (invertebrados ou pequenos vertebrados), sendo que a matéria vegetal pode representar cerca de 90-98% da sua dieta. O padrão de atividade de alimentação dos Grous mostra que a sua atividade máxima é na primeira e ultima hora do dia.
Reprodução:
O Grou é uma espécie monogâmica com um período juvenil relativamente longo, quando comparado com outras espécies de aves. Nas zonas de nidificação esta espécie põe os ovos no chão, num ninho construído em zonas pantanosas, a época de nidificação inicia-se em Abril e acaba normalmente em Junho, põe 2 ovos (excecionalmente 3), dos que normalmente costuma sobreviver duas crias que ficam sob o cuidado dos progenitores até ao ano seguinte. Embora não nidifiquem no nosso território, em Portugal o êxito reprodutor pode ser estimado pela observação dos bandos de Grous calculando a percentagem de adultos e jovens, visto que os jovens de 1º ano estão juntos aos progenitores.
  
Comportamento:
O Grou é uma espécie gregária durante a migração e enquanto se encontra no nosso território, podem-se observar bandos de largas centenas ou milhares de indivíduos. A maioria da população alimenta-se em grupos de dezenas ou centenas, mas o tamanho exato depende da disponibilidade alimentar local e da disponibilidade alimentar na área de ocupação. Também é possível observar grupos familiares (2 adultos mais 1-3 jovens) isolados dos bandos, mas mantêm contacto visual ou sonoro com outras famílias que ocupam zonas próximas.
Algumas aves que saem dos dormitórios recolhem as patas assim que se encontram no ar, este comportamento impede que as patas molhadas congelem quando as temperaturas são baixas. A direção que os Grou tomam quando saem dos dormitórios, indica a direção dos primeiros locais de alimentação. Os Grous com maior estatuto hierárquico são os últimos a deixarem os dormitórios. A recolha aos dormitórios esta dependente do sucesso de alimentação durante o dia, sendo que em dias em que a alimentação não tenha sido a melhor, ocorre um atraso na recolha aas dormitórios.
Ameaças:
A principal ameaça é a alteração e degradação do habitat de alimentação, por intensificação da agricultura, expansão das culturas de regadio e culturas permanentes, e florestação das terras agrícolas. Algumas áreas de invernada em Portugal são também afetadas por sobre pastoreio e por abandono agrícola. A espécie também é afetada negativamente pela perturbação humana, sobretudo a resultante do exercício da atividade cinegética. A diminuição da tranquilidade nos locais de dormida, resultante da abertura de acessos e intensificação da atividade humana em locais outrora remotos e pouco frequentados, pode levar ao abandono desses dormitórios. A extração de inertes, que se tem intensificado em cursos de água utilizados pela espécie para esse efeito, pode resultar em perda de locais favoráveis à instalação de dormitórios. A colisão com linhas aéreas de transporte de energia é um facto de mortalidade a ter em consideração.
Medidas de Conservação:
Como medida de conservação será importante a elaboração e implementação de planos de gestão para as Zonas de Proteção Especial (ZPE’s).s em que ocorrem. A sensibilização do público em geral, e em particular dos agricultores e caçadores, para a importância da conservação dos habitats de que esta espécie depende foi também identificada como uma medida de grande prioridade. Importa assegurar a monitorização da população invernante no nosso país.
 
Referências e sites:
Plano sectorial da rede Natura 200
Livro vermelho de Vertebrados de Portugal
Enciclopedia Virtual de los Vertebrados Españoles

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Distribuição de morcegos


Tendo em conta que a informação disponibilizada sobre a distribuição das espécies de quirópteros presentes em Portugal Continental em quadrículas 10X10km UTM é escassa, decidi criar (com a ajuda imprescindível do Martiño) um Sistema de Informação Geográfico em plataforma Web (WebSIG) com as observações dos últimos três anos de trabalho de campo de capturas, assim como as observações de alguns dos membros e leitores deste blog. O principal objetivo deste WebSIG é permitir aos nossos leitores mais interessados neste grupo faunístico, ter um acesso rápido e fácil à informação, assim como oferecer um sistema de mapas dinâmicos e funcionais para navegar e consultar sobre a distribuição das diferentes espécies por nós registadas.
Para isso basta selecionarem a espécie através do “scroll” que está de baixo da entrada “Mapa de Observações de Morcegos” na barra lateral deste Blog.

sábado, 4 de fevereiro de 2012

"Dormindo...parte II"

Aqui ficam mais uns registos fotográficos de algumas espécies em época de hibernação.

Myotis emarginatus, o longo pelo dourado e a emarginação da sua orelha, são características distintivas.

A coloração da ponta do trago do Myotis myotis, permite distinguir o morcego-rato-grande do pequeno.


Um grupo de Myotis blythii (morcego-rato-pequeno). Ups! alguns já estão comprometidos, têm aliança -:)

 O caçula dos Rhinolophus, o R. hipposiderus, nesta época o morcego-de-ferradura-pequeno está sempre bem envolvido nas suas membranas alares.

 Aqui está o maior, o Rhinolophus ferrumequinum (morcego-de-ferradura-grande).

Geometricamente bem aconchegadinho!

 Cerca de 250 Rhinolophus euryale (morcego-de-ferradura-mediterrânico).

Neste perfil do R. euryale podemos observar o seu longo pelo, que faz lembrar o do Myotis emarginatus.

 Agora a cara!

Processo conectivo em forma de corno, curvado para a frente e levemente para baixo. São pormenores de diferenciação.