sábado, 29 de outubro de 2011

Diferenças e semelhanças


 Macho de Alytes cisternasii (Sapo-parteiro-ibérico), transportando ovos

A reprodução do sapo-parteiro-ibérico, dá-se por um amplexo lombar, posição na qual os machos acumulam os ovos entre as suas patas posteriores. O amplexo ocorre em terra, durante uns 30-45 minutos, na qual o macho roça a cloaca da fêmea com os seus pés de forma repetida, acabando assim por provocar a saída dos ovos, então o macho abraça a fêmea pelo pescoço e fecunda os ovos expulsando o seu esperma com violentas sacudidelas, depois de descansar uns 20 minutos envolve as filas de ovos ao redor das suas patas posteriores e solta a fêmea. Este comportamento pode-se repetir várias vezes, acumulando ovos de várias fêmeas. Deste modo o macho está encarregue de cuidar dos ovos e cada noite sai para se alimentar e humedecer os ovos. Ao fim de três semanas as larvas eclodem e nadam no ponto de água que o seu progenitor seleccionou e ao fim de 2-4 meses a metamorfose é completada, contudo em condições adversas a metamorfose por retarda-se por um ou mais anos. Do mesmo modo, a metamorfose por ocorrer prematuramente, isto pode acontecer quando o ponto de água seca rapidamente. Depois da metamorfose deixam os corpos de água e passam a viver em terra. Uma particularidade dos machos que transportam ovos é que nunca submerge mesmo quando são perturbados.

Fêmea de Allocosa fasciiventris (Tarântula-ibérica), transportando crias (Foto: João Gaiola)

Embora a seda produzida por esta espécie não seja utilizada para construir teias, tem um papel importante nos processos reprodutivos. Nos seus fios encontram-se substâncias que actuam como feromonas sexuais, permitindo aos machos seguirem o rasto das fêmeas até a localizarem. Previamente cópula propriamente dita, dá-se um cortejo bastante ritualizado. Após a cópula a fêmea realiza a postura, depositando e envolvendo os ovos em seda branca, resultando numa ooteca (bolsa de seda onde as aranhas depositam os ovos) esférica que irá transportar durante alguns dias pendurado nas patas posteriores. Após a eclosão, as pequenas aranhas abandonam o casulo e trepam para o dorso materno, cobrindo o opistoma de uma forma espectacular, onde permanecem até à segunda muda, a pós a qual se inicia a dispersão e o crescimento independente.

domingo, 23 de outubro de 2011

Anfíbios e estradas!

A mortalidade de animais nas estradas constitui um dos impactes visíveis e do conhecimento geral. Para as pessoa que como eu, fazem pelo menos 100Km diários de estrada estes acontecimentos são muito frequentes e quase diários, independentemente da maior dos percursos serem os mesmos.

Para o “comum mortal” a mortalidade de carnívoros com estatuto de conservação mais elevado como por exemplo o lobo-ibérico (Canis lupus signatus) ou o lince-ibérico (Linx pardinus), é uma perda insubstituível, de tal forma que a projecção de vias de comunicação em área de ocorrência desta espécies têm sempre em consideração medidas de minimização e/ou compensação para estas espécies.

O principal problema da aplicação de medidas de minimização de mortalidade de anfíbios em estradas, é a dificuldade que os Estudos de Impacte Ambiental (EIA), têm em identificar os corredores ecológicos (corredores migratórios) deste grupo faunístico, sendo que apenas depois das vias de comunicação estarem em exploração é que são identificados os “pontos negros” (locais onde a via de comunicação cruza o corredor de migração), momento temporal e processual em que é muito difícil aplicar qualquer medida de minimização e/ou compensação.

A Pós-avaliação de projectos de vias de comunicação, seria uma das ferramentas que poderiam minimizar um impacte que não foi possível identificar em processo de AIA.

As primeiras chuvas de Outono são propícias à ocorrência de migrações da grande parte dos Anfíbios.

ESTEJA ATENTO! DIMINUA A VELOCIDADE E EVITE ATROPELAR ESTES ANIMAIS!

 Alytes obstetricans, Lagoa (Macedo de Cavaleiros)

 Bufi bufo, Castro Vicente (Mogadouro)

 Bufo calamita, Brunheda (Carrazeda de Ansiães)

 Hyla arborea, Mogadouro (Modadouro)

 Pelobates cultripes, Duas Igrejas (Miranda do Douro)

 Salamandra salamandra, Cova da Lua (Bragança)

 Triturus marmoratus, Presandães (Alijó)

sábado, 1 de outubro de 2011

Bem agarradinhos!

O aspecto robusto, típico de sapo, com pupila vertical e umas esporas negras nas patas posteriores (que utiliza para escavar), são as características distintivas do Pelobates cultripes (sapo-de-unha-negra). A sua coloração é muito variável, normalemnte com manchas que formam desenhos sinuosos ou bandas irregulares sobre fundo claro. Com um tamanho que pode ir até aos 12 cm e pode viver até aos 15 anos.

De hábitos crepusculares ou nocturnos, é uma espécie muito terrestre, que apenas utiliza as massas de água para se reproduzir que pode ir desde o Outono até à Primavera, dependendo das condições climatéricas locais. Prefere solos brandos (onde se podem enterrar).
Esta espécie ocorre em toda a Península Ibérica e no Sul da França.

 
Outra particularidade desta espécie é que as larvas podem atingir o tamanho dos adultos (12 cm)