Em criança, as minhas colecções de autocolantes de banda desenhada (não posso deixar de referir o Dartacão!), cedo foram substituídas pelo coleccionismo de observações de animais. E até agora, permanece o especial interesse em observar “bichos”…que se mexam…
Com a sorte de poder ter experiências profissionais de Norte a Sul do país, sempre anseio um encontro, mesmo que fugaz, com uma criatura diferente. Todas as espécies me encantam, mas não há nada como um primeiro encontro…
Acabada de chegar do Norte, ansiava ver os espécimes “novos” do Sul. Depois de um duro dia de trabalho de campo, já ao recolher da jornada, no Monte da Estrada (Odemira), fui presenteada por um Sapo-parteiro-ibérico. Não foi propriamente um encontro. O meu pai é que o descobriu por baixo de umas pedras. Sempre “teve olho” para “cuscar” a bicharada, provavelmente é daí que vem o meu gosto. Lá estava o belo exemplar, o Cavalo-marinho dos anfíbios…perdoem-me os meus colegas pela aberração que acabei de dizer, mas foi o que me veio à cabeça pelo facto do macho exercer cuidados parentais que habitualmente cabem à fêmea. Tão tímido e discreto como o sabem fazer tão bem os anfíbios. Por momentos apeteceu-me beijá-lo, não fosse às vezes transformar-se em príncipe… mas atempadamente me lembrei que se carregasse com ele filhos machos, poderiam transformar-se todos ao mesmo tempo em muitos príncipes o que seria bem mais complicado do que um só…
Identificação:
Sapo de aspecto robusto, cabeça larga e grande, comparativamente com o tronco que é curto e largo. Olhos grandes, proeminentes, pupila vertical e íris dourada com pigmentação negra. Membros anteriores curtos e robustos com quatro dedos (o quarto é de pequeno tamanho). Possui dois tubérculos palmares bem visíveis. Dorso esbranquiçado ou beje, com manchas mais escuras castanhas, cinzentas ou esverdeadas. Pequenas verrugas avermelhadas ou alaranjadas típicas no dorso, que se podem prolongar até aos olhos.
Espécies similares:
O Sapo-parteiro-comum é uma espécie semelhante. Ao contrário do Sapo-parteiro-ibérico, a sua distribuição em Portugal é praticamente contínua em toda a região Norte e Centro até ao rio Tejo (apresentando distribuição fragmentada numa zona litoral desde o Baixo Vouga até Sintra). Distinguem-se, por exemplo, pelo facto do Sapo-parteiro-ibérico apresentar dois tubérculos palmares e o Sapo-parteiro-comum, três.
Distribuição:
É uma espécie endémica do Centro e Sudoeste da Península Ibérica e em Portugal apresenta uma distribuição praticamente contínua a Sul do rio Tejo (excepto península de Setúbal e pequena orla do litoral algarvio).
Habitat:
Ambientes áridos e quentes, e zonas de baixa e média altitude. Prefere zonas de solos arenosos ou pouco consistentes, habitualmente em zonas abertas e planas.
Reprodução:
Ocorre no Outono e na Primavera, altura em que os machos cantam à noite. Após fecundação, os machos enrolam os cordões de ovos nos membros posteriores. O mesmo macho pode transportar a postura de várias fêmeas. Após 3 semanas de incubação, os machos deslocam-se até uma massa de água e os ovos eclodem de forma sincronizada. As larvas completam a metamorfose em 3 a 5 meses.
Alimentação:
Os adultos capturam presas vivas: formigas, caracóis, escaravelhos e aranhas. As larvas alimentam-se essencialmente de matéria vegetal e de invertebrados aquáticos.
Comportamento:
De hábitos nocturnos, embora possa apresentar actividade diurna em dias chuvosos ou nublados. Nos meses de temperaturas mais extremas pode permanecer inactivo refugiando-se em buracos escavados por si ou naturais e debaixo de pedras.
Ameaças e medidas de conservação:
As principais ameaças são a alteração e destruição dos habitats onde possa ocorrer a espécie, e a presença de predadores introduzidos. As medidas de conservação passam pela preservação de charcos e ribeiros de pequena e média dimensão.
Dimensões:
Tamanho geralmente inferior a 4,5 cm. As fêmeas alcançam tamanho ligeiramente superior ao dos machos.
Estatuto de conservação:
A nível nacional apresenta estatuto de conservação “Pouco Preocupante”.
Curiosidades:
É conhecido como “parteiro” pelo facto de ser o macho quem transporta os ovos nas costas, até que estejam prestes a eclodir, altura em que os deposita na água. A. cisternasii terá divergido das restantes espécies de Alytes há cerca de 16 milhões de anos.
Referências e Sites:
Pedro Beja, Jaime Bosch, Miguel Tejedo, Miguel Lizana, Iñigo Martínez-Solano, Alfredo Salvador, Mario García-París, Ernesto Recuero Gil, Jan Willem Arntzen, Rafael Marquez, Carmen Diaz Paniagua 2008. Alytes cisternasii. In: IUCN 2009. IUCN Red List of Threatened Species. Version 2009.2.
Gonçalves, H. (2008): Alytes cisternasii. Pp. 104-105, in: Loureiro, A., Ferrand de Almeida, N., Carretero, M. A. & Paulo, O.S (eds.), Atlas dos Anfíbios e Répteis de Portugal, Instituto da Conservação da Natureza e da Biodiversidade, Lisboa.
Ferrand de Almeida, N., Ferrand de Almeida, P., Gonçalves, H., Sequeira, F., Teixeira, J. & Ferrand de Almeida, F. (2001). Anfíbios e Répteis de Portugal. Guias Fapas, Câmara Municipal do Porto – Pelouro do Ambiente, Porto.
http://www.iucnredlist.org/
http://forum.netxplica.com/
http://naturlink.sapo.t/
Com a sorte de poder ter experiências profissionais de Norte a Sul do país, sempre anseio um encontro, mesmo que fugaz, com uma criatura diferente. Todas as espécies me encantam, mas não há nada como um primeiro encontro…
Acabada de chegar do Norte, ansiava ver os espécimes “novos” do Sul. Depois de um duro dia de trabalho de campo, já ao recolher da jornada, no Monte da Estrada (Odemira), fui presenteada por um Sapo-parteiro-ibérico. Não foi propriamente um encontro. O meu pai é que o descobriu por baixo de umas pedras. Sempre “teve olho” para “cuscar” a bicharada, provavelmente é daí que vem o meu gosto. Lá estava o belo exemplar, o Cavalo-marinho dos anfíbios…perdoem-me os meus colegas pela aberração que acabei de dizer, mas foi o que me veio à cabeça pelo facto do macho exercer cuidados parentais que habitualmente cabem à fêmea. Tão tímido e discreto como o sabem fazer tão bem os anfíbios. Por momentos apeteceu-me beijá-lo, não fosse às vezes transformar-se em príncipe… mas atempadamente me lembrei que se carregasse com ele filhos machos, poderiam transformar-se todos ao mesmo tempo em muitos príncipes o que seria bem mais complicado do que um só…
Identificação:
Sapo de aspecto robusto, cabeça larga e grande, comparativamente com o tronco que é curto e largo. Olhos grandes, proeminentes, pupila vertical e íris dourada com pigmentação negra. Membros anteriores curtos e robustos com quatro dedos (o quarto é de pequeno tamanho). Possui dois tubérculos palmares bem visíveis. Dorso esbranquiçado ou beje, com manchas mais escuras castanhas, cinzentas ou esverdeadas. Pequenas verrugas avermelhadas ou alaranjadas típicas no dorso, que se podem prolongar até aos olhos.
Espécies similares:
O Sapo-parteiro-comum é uma espécie semelhante. Ao contrário do Sapo-parteiro-ibérico, a sua distribuição em Portugal é praticamente contínua em toda a região Norte e Centro até ao rio Tejo (apresentando distribuição fragmentada numa zona litoral desde o Baixo Vouga até Sintra). Distinguem-se, por exemplo, pelo facto do Sapo-parteiro-ibérico apresentar dois tubérculos palmares e o Sapo-parteiro-comum, três.
Distribuição:
É uma espécie endémica do Centro e Sudoeste da Península Ibérica e em Portugal apresenta uma distribuição praticamente contínua a Sul do rio Tejo (excepto península de Setúbal e pequena orla do litoral algarvio).
Habitat:
Ambientes áridos e quentes, e zonas de baixa e média altitude. Prefere zonas de solos arenosos ou pouco consistentes, habitualmente em zonas abertas e planas.
Reprodução:
Ocorre no Outono e na Primavera, altura em que os machos cantam à noite. Após fecundação, os machos enrolam os cordões de ovos nos membros posteriores. O mesmo macho pode transportar a postura de várias fêmeas. Após 3 semanas de incubação, os machos deslocam-se até uma massa de água e os ovos eclodem de forma sincronizada. As larvas completam a metamorfose em 3 a 5 meses.
Alimentação:
Os adultos capturam presas vivas: formigas, caracóis, escaravelhos e aranhas. As larvas alimentam-se essencialmente de matéria vegetal e de invertebrados aquáticos.
Comportamento:
De hábitos nocturnos, embora possa apresentar actividade diurna em dias chuvosos ou nublados. Nos meses de temperaturas mais extremas pode permanecer inactivo refugiando-se em buracos escavados por si ou naturais e debaixo de pedras.
Ameaças e medidas de conservação:
As principais ameaças são a alteração e destruição dos habitats onde possa ocorrer a espécie, e a presença de predadores introduzidos. As medidas de conservação passam pela preservação de charcos e ribeiros de pequena e média dimensão.
Dimensões:
Tamanho geralmente inferior a 4,5 cm. As fêmeas alcançam tamanho ligeiramente superior ao dos machos.
Estatuto de conservação:
A nível nacional apresenta estatuto de conservação “Pouco Preocupante”.
Curiosidades:
É conhecido como “parteiro” pelo facto de ser o macho quem transporta os ovos nas costas, até que estejam prestes a eclodir, altura em que os deposita na água. A. cisternasii terá divergido das restantes espécies de Alytes há cerca de 16 milhões de anos.
Referências e Sites:
Pedro Beja, Jaime Bosch, Miguel Tejedo, Miguel Lizana, Iñigo Martínez-Solano, Alfredo Salvador, Mario García-París, Ernesto Recuero Gil, Jan Willem Arntzen, Rafael Marquez, Carmen Diaz Paniagua 2008. Alytes cisternasii. In: IUCN 2009. IUCN Red List of Threatened Species. Version 2009.2.
Gonçalves, H. (2008): Alytes cisternasii. Pp. 104-105, in: Loureiro, A., Ferrand de Almeida, N., Carretero, M. A. & Paulo, O.S (eds.), Atlas dos Anfíbios e Répteis de Portugal, Instituto da Conservação da Natureza e da Biodiversidade, Lisboa.
Ferrand de Almeida, N., Ferrand de Almeida, P., Gonçalves, H., Sequeira, F., Teixeira, J. & Ferrand de Almeida, F. (2001). Anfíbios e Répteis de Portugal. Guias Fapas, Câmara Municipal do Porto – Pelouro do Ambiente, Porto.
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