domingo, 19 de dezembro de 2010

Espécies de Quirópteros DD


Um taxon considera-se com Informação Insuficiente (DD) quando não há informação adequada para fazer uma avaliação directa ou indirecta do seu risco de extinção, com base na sua distribuição e/ou estatuto da população. Um taxon nesta categoria pode até estar muito estudado e a sua biologia ser bem conhecida, mas faltarem dados adequados sobre a sua distribuição e/ou abundância, não constitui por isso uma categoria de ameaça. Classificar um taxon nesta categoria indica que é necessária mais informação e que se reconhece que investigação futura poderá mostrar que outra classificação seja apropriada, assim é importante que seja feito uso de toda a informação disponível. Em Portugal Continental existem 3 espécies classificadas de Criticamente em Perigo (CR), 1 Em Perigo (EN), 5 Vulnerável (VU), 6 Pouco Preocupante (LC) e 9 Informação Insuficiente (DD) (Cabral et al., 2005).
O grupo dos mamíferos destaca-se por apresentar uma maior percentagem de espécies com Informação Insuficiente (DD) (28%), dos quais os Quirópteros têm um peso significativo, já que das 24 espécies que ocorrem no território continental, 9 (37,5%) estão classificadas como DD (Cabral et al., 2005) principalmente devido ao défice de dados de espécies florestais.
Os resultados obtidos em 2009 e 2010 no Norte e Centro do País, permitiu-me realizar 58 sessões de amostragem e a identificação de 419 indivíduos, dos quais, foi possível inventariar 20 espécies de morcegos, permitindo obter dados de distribuição para 7 espécies DD (Myotis emarginatus, Myotis mystacinus, Hypsugo savii, Nyctalus leisleri, Nyctalus Noctula, Barbastella barbastellus e Plecotus auritus).
Os dados obtidos indicam que algumas espécies DD podem ter uma distribuição mais ampla da actualmente conhecida, já que por exemplo a presença do Hypsugo savii foi confirmada em 25,9% e o Nyctalus leisleri em 22,4% da totalidade dos pontos de captura.
A tendência para subestimar a distribuição das espécies classificadas como DD deve-se principalmente pela dificuldade de observação/identificação/confirmação destas espécies.

Myotis emarginatus 
Myotis mystacinus
 Hypsugo savii
Nyctalus leisleri
Nyctalus noctula
Barbastella barbastellus
Plecotus auritus



domingo, 5 de dezembro de 2010

Dormindo com aves



 Somateria mollissima (Eider)

A origem da palavra edredão é a palavra islandesa aedardun, que significa penugem do êider (a ave Somateria mollissima). Pelo francês édredon (os franceses chamam a esta ave canard d’édredon), ficámos em Portugal com uma palavra curiosa, que designa originalmente uma espécie de cobertor fofo e leve, muito quente, feito de penas de aves aquáticas! Como em água se perdem calorias mais facilmente do que no ar, não surpreende que as penas das aves aquáticas sejam um excelente isolante... Já agora, os ingleses dizem eider down (significa também penugem do êider).

domingo, 14 de novembro de 2010

Austriaca Vs girondica



Estas duas espécies podem ser facilmente distinguidas pelo número de placas pós-oculares que no caso da Coronella girondica apenas tem uma e a Coronela austriaca tem duas, outra característica que se pode observar em animais adultos é a banda escura que liga o canto da boca ao orifício nasal no caso da C. austriaca, na C. girondica esta banda apenas liga o conto da boca ao olho.

domingo, 7 de novembro de 2010

Para reflexão...

“…Farei uma menção especial à espécie que mais necessita de protecção, a espécie humana, uma vez que as restantes têm a sorte de não se preocupar com o passado, o presente ou o futuro, simplesmente, vivem …
Nós, pelo contrário, não ‘vivemos’ no passado, nem o fazemos agora, e por este andar não teremos oportunidade de o fazer no futuro.
Todos iremos mais tarde ou mais cedo, mas o último exemplar de qualquer das espécies desaparecidas viveu os seus últimos dias com as mesmas ilusões que qualquer antepassado seu (alheio totalmente á sua realidade), enquanto muitos membros da nossa espécie vivem cada minuto da sua vida, com pesar. E não aprendemos a lição.
Para quem pense que estas palavras são pessimistas, lhes direi que, absolutamente, como humano sinto dor pela barbárie na qual vivemos, como animal tenho o mesmo sentimento que esse último de uma espécie extinta. Em qualquer caso, os centos de milhar de anos que a nossa espécie leva sobre este formoso planeta, são apenas um suspiro, dentro de outros tantos teremos desaparecido, com o pressuposto de que teremos levado connosco grande parte da vida do planeta, e noutro suspiro a vida terá voltado a criar todas essas espécies e muitas outras que nem podemos imaginar. È claro, pois, que só temos capacidade de nos autodestruir, não de destruir a vida, algo que só pode fazer quem a criou.
Isto não é uma justificação para quem quiser destruir, é pôr a nossa espécie no sítio dela, no pódio dos perdedores, até que faça os deveres e aprenda a lição.”

Benjamín Sanz
Extraído de “Huellas y rastros de los Mamíferos Ibéricos.” 

sábado, 23 de outubro de 2010

2011-2012 ano do Morcego


Bats may be mysterious and misunderstood, but the earth’s only flying mammals are essential to our global environment. Discover how bats contribute to our rich biodiversity and well-being, through pollination, seed dispersal, insect control and other eco-services in rainforests, woodlands, wetlands, grasslands, deserts and cities.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Verão até ao S. Martinho


Factores com a disponibilidade alimentar e as condições meteorológicas, ditam o momento da hibernação dos animais e os répteis não são excepção. Estamos a chegar quase a Novembro, e o momento de “adormecer”, parecer tardar em chegar. Ainda hoje enquanto andava a apanhar uns cogumelos tropecei num sardão juvenil, que aproveitava timidamente os raios de solo.

sábado, 2 de outubro de 2010

Mudança de casa!


As migrações entre abrigos, é um fenómeno bem conhecido. Por exemplo, o anilhamento de Pipistrellus nathusii na Europa, permitiu fazer alguns estudos em especial sobre as suas migrações, a maior distância percorrida por esta espécie migradora foi de 1905 km. Durante o Outono migram para o SO da Europa principalmente ao longo da costa e vales de grandes rios, podendo também migrar por cima de altas montanhas como os Pirenéus e Alpes. A capacidade migratória desta espécie é de 29-48Km por noite, mais raramente alguns animais conseguem percorrer 80km.

O anilhamento de algumas espécies em Portugal também tem permitido, a observação deste tipo de movimentações, o exemplo exposto é um indivíduo de Miniopterus schreibersi anilhado em 2006 na zona de Carviçais (Torre de Moncorvo) e observado em 2009 em Sande (lamego) a mais de 80 km.

sábado, 25 de setembro de 2010

O mundo das aranhas


De há duas semanas para cá, tenho uma inquilina no meu carro, bem, eu acho que é mesmo uma “ocupa”! -:). Todas as manhãs quando entro no meu carro, tenho mais uma teia de arranha. Já tentei descobrir a pobre para a “despejar”, pois bem pode fazer teias, mas duvido que apanhe algum petisco dentro do carro.

Assim lembrei-me de publicar umas fotos destes estranhos “bichos”, com os quais tenho tropeçado.

Aculepeira armida


Aculepeira ceropegia


Araneus angulatus


Araneus pallidus


Araniella cucurbitina


Argiope bruennichi


Argiope lobata


Eresus kollari


Meta bourneti


Micrommata ligurina



Neoscona adianta


Segestria florentina


Synema globosum


Tegenaria feminea.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Percevejos

Graphosoma semipunctatum (Fotografado no Parque Natural do Douro Internacional)
Depois de um período de menor actividade volto a escrever um “post” para o “Um Dia de Campo” e desta vez dedicado, não a uma espécie mas, a um grupo de pequenos animais que, embora sejam alvo frequente de muitos fotógrafos de natureza, são, ao que parece, tão evitados quanto desconhecidos – os percevejos.
Os percevejos são um grupo de insectos da ordem Hemíptera, da família Pentatomidae e caracterizam-se por apresentarem um aparelho bucal perfurador/sugador, olhos compostos, asas anteriores conhecidas como hemiélitros, constituídos por uma parte basal coriácea e uma parte apical membranosa e asas posteriores inteiramente membranosas (facto que dá o nome à ordem Hemi – Meia e Pteron – asa). De um modo geral estes animais têm o corpo em forma de escudo, antenas constituídas por 4 ou cinco segmentos e podem apresentar diversas cores e tonalidades.
Carpocoris mediterraneus (Fotografado no Parque Natural do Douro Internacional)

A nível mundial são conhecidas aproximadamente 6 500 espécies enquanto no Reino Unido foram identificadas cerca de 40 espécies.
Uma característica deste grupo de insectos é o cheiro desagradável que libertam quando se sentem ameaçados. Este odor deriva da segregação de um líquido rico em aldeídos produzido por glândulas localizadas entre o primeiro e o segundo par de patas.
A maioria destes animais alimenta-se de seiva e sucos de plantas que perfuram utilizando um aparelho bucal perfurador e sugador perfeitamente adaptado. Em alguns casos estas espécies podem atingir níveis populacionais elevados causando danos significativos em algumas culturas. Algumas espécies alimentam-se de outros insectos podendo ser utilizadas no controlo de algumas pragas e há algumas espécies que se alimentam de sangue podendo causar alguns problemas de saúde.
Carpocoris sp. (Fotografado no Parque Natural do Douro Internacional)

Estes animais depositam grupos de ovos, regra geral, na face inferior das folhas das plantas de que se alimentam. As larvas quando eclodem são relativamente distintas dos adultos e não possuam ainda asas desenvolvidas. Em todas as espécies as larvas passam por quatro ou cinco instares ao longo dos quais se vão assemelhando aos adultos. Em algumas, poucas, espécies as fêmeas demonstram cuidados maternais montando guarda aos ovos ou mesmo aos primeiros estádios larvares.
Rhaphigaster nebulosa (Fotografado na Serra de Bornes - Macedo de Cavaleiros)

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Buthus occinatus

Indivíduo fotografado no Parque Natural do Alvão, junto ás Fisgas de Ermelo.




Descrição:

Mais conhecido pelo termo popular “Lacrau” (Buthus occinatus - Escorpião Amarelo Europeu), pertencente à Classe Arachnida, Ordem Scorpiones, Família Buthidade, é o único representante da sua ordem em Portugal. O seu corpo é constituído por três partes: anterior ou prososoma; a mediana ou mesosoma; e terminal (caudal) ou metasoma. O mesosoma é constituído por uma camada de placas quitinosas que formam uma carapaça. É a meio do mesosoma que se encontram dois olhos medianos e nos bordos antero-laterais podem encontrar-se grupos olhos mais pequenos, de 2 a 5, todos olhos simples, embora a sua visão seja pouco desenvolvida, parecendo ser o tacto o sentido mais desenvolvido, que reside nas pectinas (pelos) que recobrem o corpo e os apêndices. As suas duas pinças, inseridas na extremidade frontal, são órgãos de captura e sensitivos. È no último segmento abdominal que se encontra o aparelho de veneno, constituído por duas glândulas de veneno e um aguilhão na extremidade. Essas glândulas conterão um volume de, aproximadamente, 8 ml de veneno. A sua coloração é de um tom amarelo-acastanhado.

Dimorfismo sexual: os machos são geralmente maiores do que as fêmeas.

Juvenil de aspecto e coloração semelhantes ao adulto.

Quando se desloca, coloca à frente as pinças, para sondar o terreno.

Espécies similares:

Inconfundível devido ao seu aspecto, uma vez que não existem mais espécies do seu género em Portugal.

Distribuição:

Em Portugal distribui-se por todo o território nacional.

Biologia:

È uma espécie de hábitos nocturnos e crepusculares, podendo ser encontrada debaixo de pedras ou troncos durante o dia. São predadores activos principalmente de aranhas e insectos, podendo também consumir pequenos roedores, répteis e indivíduos da própria espécie. Nunca foram observados a beber e podem sobreviver muito tempo sem se alimentarem, constatando-se que de Outubro a Março, geralmente não se alimentam, encontrando-se mesmo assim acordados e “em guarda”, retomando a sua alimentação em Abril. Estão deste modo perfeitamente aptos a viver em ambientes áridos. A sua reprodução ocorre nos meses mais quentes. São ovovivíparos e podem nascer de uma só vez cerca de 50 crias, que permanecem protegidos no dorso da progenitora, durante duas semanas, até que ocorra a primeira muda de carapaça. Atingem a maturidade sexual ao fim 1 a 2 anos, e pode viver até aos 20 anos, uma vida solitária. Sendo os machos os que têm uma esperança de vida menor, uma vez são frequentemente devorados pelas fêmeas após o acasalamento.

Habitat:

Podem encontrar-se em todo o tipo de habitats, mas ocorrem geralmente em zonas áridas, abrigados debaixo de pedras, em galerias subterrâneas, troncos e raízes mortas de árvores abatidas.

Curiosidades:

Apesar de pertencer à Família Buthidae, onde se encontra as espécies mais tóxicas, os efeitos do seu veneno não são mortais (salvo raras excepções, como crianças de tenra idade), após a picada, os efeitos no local podem ser mínimos, mas a dor é muito intensa e o membro forma um edema, ficando parcialmente paralisado. Os sintomas vão desde a ansiedade, arrepios, cãibras musculares e hipotensão. Se não existir acompanhamento médico a dor pode durar horas e os sintomas até 2 dias, podendo persistir os sintomas neurológicos durante mais de uma semana. Quem anda no campo, geralmente á procura de répteis debaixo de pedras e troncos, deve ter especial cuidado, pois é frequente ter um encontro imediato com estas criaturas, e a probabilidade de sofrer uma picada é alta. A sua epiderme emite fluorescência quando iluminado por luz ultravioleta. Podem resistir a uma amplitude térmica que vai dos -10ºC aos 60ºC. Sobrevivem a um período de imersão de 2 dias, e possuem uma grande resistência à radioactividade, crê-se que são 150 vezes mais resistentes que o Homem, pelo que, se a extinção da espécie humana ocorrer devido a um holocausto nuclear, eles serão uma das espécies que assistirá ao nosso desaparecimento…. Na primeira fila….

Referências (fonte):

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Galemys pyrenaicus


Taxonomia:
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Mammalia
Ordem: Insectivora
Família: Talpidae
Género: Galemys
Espécie: Galemys pyrenaicus
Nome comum: Toupeira-de-água
A ideia mitológica que tenho da Toupeira-de-água não resulta apenas das poucas observações que tenho dela, mas também e em grande parte pelo seu habitat, sempre que penso nesta espécie vejo-a num curso de água fria, translúcida, barulhenta, inserida entre vegetação arbórea luxuriante de amieiros, freixos e salgueiros, onde os blocos de pedra granítica e os tufos de juncos fazem serpentear o curso de água.
Identificação: A Toupeira-de-água é um animal inconfundível, onde a sua tromba aplanada e sem pêlos se destaca de um corpo anafado. A sua cauda grossa e comprida é escamosa e de secção arredondada. Tem olhos muito pequenos e o seu aparelho auditivo não é visível. Tem pêlo comprido e liso de cor castanho ou cinzento-escuro, a parte ventral é mais clara. As suas patas posteriores são muito maiores do que as anteriores e adaptadas à natação com membranas interdigitais. O seu crânio é similar às restantes toupeiras onde se destaca os primeiros incisivos de grande tamanho e de forma triangulares. Tem um comprimento de corpo de 115-135 mm, cauda de 125-160 mm, um peso de 50-76 gramas e a sua fórmula dentária é 3:1:4:3/3:1:4:3
Espécies similares: Em Portugal não existem espécies passíveis de serem confundidas com a Galemys pyrenaicus.
Distribuição: Esta espécie é um endemismo Ibérico, sendo que a sua área de distribuição restringe-se ao Norte e Centro da Península Ibérica e Pirenéus.
Habitat: Vive em cursos de água montanhosos de corrente forte, fria, límpidas e oxigenadas de profundidade reduzida e com um caudal regular durante todo o ano, cursos de água de características lóticas, geralmente classificados como pertencentes à zona salmonícola e de transição salmonícola-ciprinícola. A toupeira-de-água está estritamente dependente do corredor aquático e ripícola, no qual realiza todas as suas actividades vitais.
Biologia: Durante a Primavera, em plena época reprodutora, vivem aos pares ou isolados, sendo que o “home-range” médio dos machos é de 400 metros e das fêmeas de 300 metro, evitando a sobreposição de áreas com outros casais contíguos. Os machos permanecem mais tempo nos limites dos territórios, sendo que as fêmeas utilizam todo o território de um forma mais regular. Estudos recentes revelaram dispersões máximas de 2,7 km durante um único ciclo anual. A razão sexual é de 1:1 e é frequente existir descontinuidade entre populações, mesmo sem existir alteração significativa de habitat. É uma espécie que tem a sua actividade principalmente durante a noite.
Reprodução: O período de cio desta espécie é entre Janeiro e Maio e os partos dão-se de Março a Julho. O número de crias varia de um a cinco, sendo que o número mais frequente é de quatro crias por ninhada, podendo ter mais que uma criação por ano. A maturidade sexual só é atingida entre os seis meses e o ano de vida.
Alimentação: De hábitos maioritariamente nocturnos, a Toupeira-de-água passa a maior parte dos seus períodos de actividade procurando alimento no leito dos cursos de água. Alimenta-se quase exclusivamente de macroinvertebrados aquáticos bentónicos, maioritariamente tricópteros, plecópteros, efemerópteros e dípteros, revelando uma elevada especialização alimentar
Longevidade: A esperança média de vida desta espécie é estimada em três ou quatro anos
Curiosidades: Quando em repouso, procura abrigos nas margens, por exemplo em cavidades nas rochas, espaços entre raízes, etc.
Ameaças: A principal ameaça é a acção directa ou indirecta sobre a morfologia do curso de água, a estrutura do leito e margens, o regime hidrológico e a qualidade da água resultando na alteração da disponibilidade de alimento (essencialmente os macroinvertebrados aquáticos bentónicos) e de abrigos. Algumas espécies como a Lutra lutra, a Ardea cinerea, a Ciconia ciconia, o Nycticorax nycticorax, o Esox lucius ou mesmo a Tyto alba podem predar esta espécie, provocando uma redução significativa dos efectivos populacionais.
Medidas de conservação: Executar uma política de gestão dos cursos de água e implementar medidas de recuperação dos habitats da espécie, são duas medidas de conservação urgentes para esta espécie.
Estatuto de conservação:
Esta espécie possui estatuto de protecção (encontra-se incluída nos Anexos II e IV da Directiva Europeia dos Habitats) e tem a categoria de “Vulnerável” a nível nacional no Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal (LVVP) (Cabral et al., 2005) e a nível internacional na IUCN Red List of Threatened Species (UICN Red List).
Referências e Sites:
Cabral MJ (coord.), Almeida J, Almeida PR, Dellinger T, Ferrand de Almeida N, Oliveira ME, Palmeirim JM, Queiroz AI, Rogado L & Santos-Reis M (eds.) (2005). Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal. Instituto da Conservação da Natureza. Lisboa. 660 pp.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Pelo Tâmega: morcegos e outros voos


Marco Fachada a anotar os dados biométricos dos morcegos capturados (foto: Luís Braz)

Creio que o vale do Tâmega tem sido um dos “enteados” da conservação da natureza em Portugal. Poderia aqui expor muitas razões, mas fico-me pela indiferença que este território tem tido ao longo dos anos, por parte da tutela, por parte das instituições de investigação, pela parte dos decisores, etc. Depois, como falta conhecimento em várias áreas, é fácil permitirem-se certas opções “estratégicas” para o país, mas adiante. No meio disto tudo, há excepções. Falemos então duma delas: o Paulo Barros anda há algum tempo a inventariar os morcegos do norte do país. Em 4 sessões de captura distribuídas por dois fins-de-semana, realizadas no vale do Tâmega, incluindo um ponto exactamente nas suas águas, foram capturados 43 individuos, distribuídos por 11 espécies, nomeadamente, Myotis daubentonii (n=15), Eptesicus serotinus (n=9), Pipistrellus pipistrellus (n=6), Hypsugo savii (n=3), Barbastella barbastellus (n=3), Nyctalus leisleri (n=2), Nyctalus noctula (n=1), Myotis nattereri (n=1), Pipistrellus pygmaeus (n=1), Plecotus auritus (n=1) e Plecotus austriacus (n=1). Se somarmos o conhecido Tadarida teniotis, temos então para o troço superior do rio Tâmega, pelo menos 12 espécies já confirmadas.
Nyctalus noctula capturado numa das sessões de armadilhagem realizadas no Alto Tâmega (foto Luís Braz)

Claro, falta saber muito sobre a sua distribuição e ecologia, mas somando às mais de 130 espécies de aves (só no troço a Norte de Chaves), as dezenas de répteis e anfíbios, as várias centenas de espécies de plantas, um número incontável de invertebrados (entre os quais libélulas e outros insectos classificados na Directiva Habitats), e vários mamíferos de presença confirmada, bem podemos dizer que para lá das áreas protegidas e da Rede Natura também há (muita) vida...


Texto da autoria de Marco Fachada