A
cobra-de-capuz (Macroprotodon cucullatus)
é um dos ofídios mais escassos que ocorre em território continental Português,
de hábitos discretos e de difícil deteção. Estas características terão estado
na origem do facto de este ofídio historicamente, ser o último a incluir a
listagem herpetológica de Portugal continental.
A
cobra-de-capuz é uma espécie que está presente na metade meridional da
Península Ibérica tipicamente mediterrânica e relativamente termófila, com
hábitos fossadores e eminentemente crepusculares. È uma espécie ecologicamente
plástica, que pode ocorrer desde zonas de arenosa do litoral até zonas de média
montanha, ocorrendo em matagais abertos ou degradados, prados, montados e
bordaduras de zonas florestais, sempre associada a zonas pedregosas onde se
refugia, tais como base de muralhas, muros, ruinas, escombreiras, construções
agrícolas e mesmos núcleos urbanos rurais.
É um dos ofídios mais pequenos da nossa fauna (comprimento médio entre
45-55cm), com uma cabeça curta, deprimida, olhos relativamente pequenos como
uma pupila redonda ou verticalmente oval e iris laranjo-avermelhada. A quarta e
quinta escama supralabial está em contacto com olho e a sexta é mais alta
(atingindo a metade do olho) e em contacto com a parietal. Uma das
características mais chamativas é o colar escuro que apresenta atrás da sua
cabeça. O seu corpo tem uma cor grisalha salpicada de pequenos pontos negros. Uma
particularidade desta espécie é o facto de se reproduzir apenas de dois em dois
anos e com posturas reduzidas.
A sua dieta é constituída principalmente por micromamíferos, em partícula
espécies do género Mus, repteis (osgas,
lagartixas, fura-pastos, licranços, cobras-cegas e outras cobras, incluídos
exemplares da sua espécie), invertebrados e crias de pequenos passeriformes.
Pratica um caça de emboscada e embora seja uma espécie de pequeno tamanho é
capaz de caçar presas de tamanho relativamente grande, que mata com o seu
veneno neurotóxico bastante eficaz inoculado pelos seus dentes posteriores. O
seu tamanho reduzido e por se tratar de uma espécie opistóglifa não representa
qualquer perigo para o Homem.
Além das ameaças global dos
ofídios, uma das maiores ameaças especifica de esta espécie é o javali, um
voraz predador, que se tem acentuado nos últimos anos pelo aumento de densidades
e distribuição deste ungulado.