Embora o Morcego-arborícola-pequeno
seja uma espécie classificada com Informação insuficiente (DD), é sem dúvida a espécies
do seu género mais abundante de Portugal. É uma espécie predominantemente
florestal, refugia-se sobretudo em cavidades de árvores antigas.
Aspecto geral do Nyctalus leisleri
Identificação: O Nyctalus leisleri
é um morcego de tamanho médio, robusto com cabeça grande e aplanada e orelhas largas,
curtas e arredondadas mas mais curtas e estreitas que a dos outros Nyctalus. O trago, como nas restantes
espécie do género são em forma de rim. O focinho é curto e largo, quando abre a
boca é possível observar duas grandes glândulas brancas (parótidas) na parte
interna da bochecha. Com olhos muito visíveis, redondos e negros. Tem pêlo curto,
denso, brilhante e bicolor, de coloração castanho-avermelhado-dourado na zona
dorsal e mais clara na região ventral. As áreas desprovidas de pêlo são pretas
ou castanhas, as asas são muito longas com pelos castanhos na parte inferior. Por
norma as fêmeas são maiores do que os machos.
Neste exemplares é possível ver as parótidas
Espécies similares: A forma do trago é única no seu género e dentro
deste o tamanho do antebraço é uma característica que permite distinguir
perfeitamente as diferentes espécies (Nyctalus
lasiopterus, noctula e leisleri).
Ecolocalização: È uma espécie muito ruidosa e os seus chamamentos de
carácter social podem ser perfeitamente audíveis ao ouvido humano,
principalmente na época do cio quando emitem chamamentos com um Frequência
Máxima entre 10,5 e 18 kHz, com uma duração de 29ms para atrair as fêmeas, este
tipo de chamamentos são emitidos pelos machos que se penduram em ramos. Os seus
ultrassons de ecolocalização são caracterizados por ter uma frequência máxima
entre os 23-27 kHz, pulsos com frequência quase constante de 15ms e regulares
com um intervalo entre pulsos de 180 a 200ms em zonas abertas.
Nyctalus leisleri a emitir chamamentos sociais
Distribuição: Esta espécie encontra-se desde o Oeste da Europa até
à Índia, assim como na Madeira, Canárias, Norte de África e Turquia. Na Europa ocorre
desde a Escócia, Sul da Suécia e Letónia até aos Países Mediterrânicos.
Trata-se de uma espécie praticamente desconhecida em Portugal, contudo, aparentemente
trata-se de uma espécie com uma distribuição amplia, mas fragmentada.
Distribuição das capturas de Nyctalus leisleri
Habitat: Como já foi referido é uma espécie eminentemente florestal
e normalmente utiliza áreas de bosques maduros. Aparentemente prefere bosque de
orografia irregular, tanto em ambientes Atlânticos (carvalhal, soutos, pinhais
e bidoais) como em mediterrânicos (azinhal, carvalhal, montado e pinhais).
Refugia-se principalmente em buracos e fissuras de árvores velhas podendo
utilizar também caixas-abrigo. As vezes partilham abrigo como o Nyctalus noctula e o Myotis daubentonii.
Refúgio típico de Nyctalus leisleri
Reprodução: O desenvolvimento embrionário dura entre 70 e 73 dias,
os partos, que podem ser gémeos (75% - um cria; 25% - duas crias), produzem-se
no início de Junho, a meados de Julhos os juvenis começam a voar com os adultos.
O cio começa no final de Agosto e prolonga-se pelo mês de Setembro, nesta época
os machos penduram-se em ramos e assumem um comportamento muito territorial,
defendendo o seu território ao mesmo tempo que atraem as fêmeas com a emissão
de chamamentos sociais potentes.
Posição típica do Nyctalus leisleri quando emite chamamentos sociais na época de cio
Alimentação: É um típico caçador aéreo, que persegue captura as
suas presas em voo por cima das copas das árvores, podendo atingir a velocidade
de 56km/h. A sua dieta é constituída principalmente por dípteros, coleópteros,
tricópteros e lepidópteros.
Mobilidade: O morcegos-arborícolas-pequeno é parcialmente
migradores, a distância máxima conhecida desta espécie é de 1567km, em que no
mesmo ano foi capturado na Alemanha e Espanha.
Dimensões: Tem um comprimento de antebraço (FA) que varia entre 39,0-
47,0 mm e tem um peso de 12-23 g. Podendo atingir os 35 cm de envergadura.
Estatuto de conservação: Esta
espécie de acordo com o Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal é
classificada como “Informação insuficiente” (DD), não existindo até à data
informação adequada para avaliar o risco de extinção, nomeadamente quanto à
redução do tamanho da população e à tendência de declínio. Esta espécie
encontra-se no Anexo BIV da Directiva Habitat, sendo de interesse comunitário,
cuja conservação exige protecção rigorosa. Encontra-se ainda incluída nos
anexos II da Convenção de Berna e Bona.