sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Myotis emarginatus


Indivíduo fotografado dentro de um edifício, na localidade de Sto. Adrião, em Vimioso.
Morcego-lanudo (Pt) (Murciélago Ratonero Pardo (Es))

Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Mammalia
Ordem: Chiroptera
Família: Vespertilionidae
Género: Myotis
Espécie: Myotis emarginatus (Geoffroy, 1806)


Descrição:
O Morcego-lanudo é um morcego de tamanho médio/pequeno. As suas orelhas são de tamanho médio, com 6 a 7 pregas transversais, e quando estendidas não ultrapassam a ponta do nariz. Possui um entalhe no bordo da orelha, mais acentuado do que nas outras espécies, quase em ângulo recto, característica que o distingue. O trago é pontiagudo, em forma de lanceta e não ultrapassa o referido entalhe. A sua pelagem tem aspecto “lanoso” com pêlo comprido. O pêlo do dorso tem três cores: a base é cinzenta, a parte média é amarelo-palha e a ponta castanho-arruivada. O ventre é amarelo-acinzentado. Os indivíduos adultos mais velhos apresentam uma coloração muito uniforme, distinta da dos juvenis. O nariz é vermelho acastanhado e as membranas alares são cinzento-acastanhadas-escuras e as membranas laterais começam na base dos dedos das pequenas patas. O esporão é direito e atinge metade da membrana caudal, que por sua vez apresenta por vezes uma franja de pêlos escassos, curtos, lisos e macios. Só a ponta da cauda sai fora da membrana caudal. A pele dos testículos é negra.
Biometrias: Cabeça – corpo: 41 a 53mm; Antebraço: 36,1 a 44,7mm.  


Espécies similares:
Pode ser confundido com outras espécies de Myotis de tamanho pequeno, nomeadamente: M. bechsteinii (Morcego de Bechstein), M. nattererii (Morcego-de-franja), M. daubetonii (Morcego-de-água) e M. mystacinus (Morcego-de-bigodes).


Ecologia/biologia:
Morcego nocturno, sai tarde do abrigo, geralmente 30 min após o pôr-do-sol. É uma espécie sedentária com deslocações inferiores a 40 km, sendo a deslocação máxima observada de 106 km. Utiliza edifícios e cavernas como abrigos de criação e hibernação. Os indivíduos geralmente hibernam isolados ou em pequenos grupos. Durante a época de criação pode formar colónias com outras espécies como R. euryale, R. mehelyi e R. ferrumequinum como se observou no sul de Espanha. As suas colónias de criação estão compreendidas entre 20 e 200 fêmeas ou mesmo 500 e 1000. caça em voo e no solo, alimentando-se essencialmente de dípteros (ex: mosquitos), himenópteros, mariposas e lagartas. O acasalamento (“swarming”) tem início no Outono, e os nascimentos ocorrem em Junho/Julho. As fêmeas podem reproduzir-se no primeiro ano, embora os nascimentos só ocorram no seu segundo ano de vida, tendo apenas uma ninhada de uma cria por ano. Os juvenis podem voar às 4 semanas de idade. A sua longevidade máxima conhecida é de 23 anos.


Pormenor do entalhe no bordo externo das orelhas


Pêlo lanoso do dorso e pormenor do entalhe do bordo externo da orelha

Distribuição:
Ocorre na Europa (sendo rara no Norte), Centro e Sudoeste da Ásia e no Norte de África.
Em Portugal tem uma distribuição ampla, mas é uma espécie relativamente rara, estimando-se que a população seja constituída por menos de um milhar de indivíduos, agrupados durante a época de criação, num número muito reduzido de colónias.


Habitat:
Embora pareça evitar bosques muito densos, caça quer em zonas florestadas e nos seus limites, quer em zonas abertas como prados e massas de água. Apesar de ser uma espécie essencialmente cavernícola pode abrigar-se também em edifícios e cavidades de árvores. Em Espanha a sua presença perece ser favorecida por uma orografia acidentada, atingindo os 1780m de altitude na Sierra de Baza (Granada), conhecendo-se a colónia de criação a maior altitude, a cerca de 1420m na Sirra Arana (Granada).


Ecolocalização:
É impossível de distinguir entre as restantes espécies de Myotis de tamanho pequeno, pelo que a estrutura dos seus pulsos é “Steep FM” situando-se entre os 100 e os 40 kHz têm uma duração curta, entre 2 e 6 ms.


Conservação e ameaças:
O reduzido efectivo da espécie, e o seu carácter fortemente colonial tornam-na particularmente vulnerável. A perturbação e destruição de abrigos estão entre as principais ameaças, juntamente com o uso de pesticidas, uma das principais causas de mortalidade, pois devido á sua biologia os morcegos são particularmente susceptíveis a uma contaminação aguda por pesticidas (insecticidas) ingeridos na alimentação, e acumulados no tecido adiposo, a única reserva alimentar disponível durante o período de hibernação. È necessário um esforço no sentido de melhorar o conhecimento, essencialmente do seu efectivo populacional, das tendências da sua população e da sua distribuição, para que seja possível estabelecer um estatuto de conservação adequado e ajustar as respectivas medidas de conservação.


Estatutos de conservação:
A nível mundial possui o estatuto de “Pouco Preocupante” (LC). Em Portugal possui o estatuto de “Informação Insuficiente” (DD), uma vez que não existe informação adequada para avaliar o risco de extinção nomeadamente quanto à redução do tamanho da população. Em Espanha o seu estatuto é “Indeterminada” (I), espécies que se sabe pertencerem a uma das categorias “Em Perigo” (E), “Vulnerável” (V) ou “Rara” (R), mas não existe informação suficiente para determinar a mais apropriada.


Referências:

Macdonald D., Barret P. (1999). Mamíferos de Portugal e Europa. Guias FAPAS. Porto.

Dietz & von Helversen. (2004). Claves de identificación ilustradas de los murciélagos de Europa. Publicación electrónica.


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