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terça-feira, 7 de junho de 2016

Cobra-de-capuz (Macroprotodon cucullatus)

A cobra-de-capuz (Macroprotodon cucullatus) é um dos ofídios mais escassos que ocorre em território continental Português, de hábitos discretos e de difícil deteção. Estas características terão estado na origem do facto de este ofídio historicamente, ser o último a incluir a listagem herpetológica de Portugal continental.


A cobra-de-capuz é uma espécie que está presente na metade meridional da Península Ibérica tipicamente mediterrânica e relativamente termófila, com hábitos fossadores e eminentemente crepusculares. È uma espécie ecologicamente plástica, que pode ocorrer desde zonas de arenosa do litoral até zonas de média montanha, ocorrendo em matagais abertos ou degradados, prados, montados e bordaduras de zonas florestais, sempre associada a zonas pedregosas onde se refugia, tais como base de muralhas, muros, ruinas, escombreiras, construções agrícolas e mesmos núcleos urbanos rurais.

É um dos ofídios mais pequenos da nossa fauna (comprimento médio entre 45-55cm), com uma cabeça curta, deprimida, olhos relativamente pequenos como uma pupila redonda ou verticalmente oval e iris laranjo-avermelhada. A quarta e quinta escama supralabial está em contacto com olho e a sexta é mais alta (atingindo a metade do olho) e em contacto com a parietal. Uma das características mais chamativas é o colar escuro que apresenta atrás da sua cabeça. O seu corpo tem uma cor grisalha salpicada de pequenos pontos negros. Uma particularidade desta espécie é o facto de se reproduzir apenas de dois em dois anos e com posturas reduzidas.


A sua dieta é constituída principalmente por micromamíferos, em partícula espécies do género Mus, repteis (osgas, lagartixas, fura-pastos, licranços, cobras-cegas e outras cobras, incluídos exemplares da sua espécie), invertebrados e crias de pequenos passeriformes. Pratica um caça de emboscada e embora seja uma espécie de pequeno tamanho é capaz de caçar presas de tamanho relativamente grande, que mata com o seu veneno neurotóxico bastante eficaz inoculado pelos seus dentes posteriores. O seu tamanho reduzido e por se tratar de uma espécie opistóglifa não representa qualquer perigo para o Homem.
Além das ameaças global dos ofídios, uma das maiores ameaças especifica de esta espécie é o javali, um voraz predador, que se tem acentuado nos últimos anos pelo aumento de densidades e distribuição deste ungulado.


quinta-feira, 21 de abril de 2016

Nem carne nem peixe

O terno anfíbio, etimologicamente deriva do grego “amphi”, que significa “ambos” e “bio” que significa “vida”, a sua junção resulta no significado “ambas vidas”. A característica mais marcante destes vertebrados é o seu ciclo de vida que é dividido em duas fases: uma primeira aquática que engloba a fase de ovo e larva, e outra terreste que engloba a fase terrestre.

A transição entre estas duas fases, envolve uma serie de transformações chamadas de metamorfoses, entre os Urodelos (salamandras), as mais evidentes são a reabsorção da aleta caudal (parte inferior da cauda), desaparecimento das branquias com substituição de pulmões e a alteração da estrutura da pele, mantendo-se de um forma geral a sua forma (alongada) e estrutura (cabeça, tronco e membros). Já nos Anuros (sapos e rãs), as alterações são dramáticas, começando pelo desaparecimento das branquias e cauda e aparecimento das patas e das glândulas dermoides, a sua forma de girino (popularmente chamados de cabeçudos) constituída por um corpo esférico com uma cauda natatória transforma-se num vertebrado de cabeça tronco e membros.

 Posturas de Bufo bufo (sapo-comum)

  Posturas de Epidalea calamita (sapo-corredor)


Macho de  Alytes obstetricans (sapo-parteiro-comum) a deixar os avos na água

 Larvas de Epidalea calamita (sapo-corredor)


  Larvas de Pelobates cultripes (sapo-de-unha-negra)

   Larvas de Salamandra salamandra (salamandra-de-pintas-amarela)

   Larvas de Pelophylax perezi (rã-verde)

  Promenor da branquias de uma larva de Lissotriton boscai (tritão-de ventre-laranja)

  Metamorfo de Alytes cisternasii (sapo-parteiro-ibérico)

     Metamorfo de Alytes cisternasii (sapo-parteiro-ibérico)

 Adulto de Alytes cisternasii (sapo-parteiro-ibérico)


 Adulto de Pelurodeles walt (salamandra-de-costelas-salientes)

Adulto de Triturus mamoratus (tritão-marmoreado)

sábado, 6 de fevereiro de 2016

Morcegos, pinguins e concertos de rock

O morcego-de-peluche (Miniopterus schreibersii) é a espécie europeia de morcegos que forma colónias mais compactas, uma colónia com um metro quadrado pode ter 2000 indivíduos!
Colónia de Miniopterus schreibersii

Nas grandes colónias de hibernação de morcego-de-peluche, os indivíduos que se encontram no centro da colónia tem temperaturas corporais mais elevadas do que os indivíduos da periferia, que em alguns caso pode atingir diferenças de 5ºC. De modo a poderem controlar a sua temperatura corporal os indivíduos vão-se movendo do centro da colónia para a periferia, com a finalidade de baixarem as temperatura corporal e poderem continuar em torpor. Estas movimentações dentro das colónias/aglomerados de indivíduos não é único no mundo animal, os pinguins também o fazem, mas com propósitos contrários, movem-se da periferia para o interior para se resguardarem do frio e manterem a temperatura corporal.
Colónia de pinguim-imperador (Aptenodytes forsteri)

A compactação de Miniopterus schreibersii nas colónias é de tal ordem que a melhor forma de se movimentar é mover-se por cima da colónia, na ausência de locais de suspensão, que normalmente são as rugosidade e reentrâncias do teto do abrigo, esta espécie, além de usar os polegares e patas para se agarrar aos outros morcegos também usa a boca, mordendo os seus companheiros e o mais extraordinário é que os outros morcegos (aqueles que estão parados) também o ajudam, mordendo-o (agarrando-o) também, evitando assim que caia ao chão.
Morcego-de-peluche, abocanhando uma morcego que se move para a perifiria da colónia. Foto de © Luís Braz

Cada vez que vejo este comportamento faz-me lembrar os moches dos concertos de rock… mas de patas para o ar.
Moche de James Blunt. Foto de © Chris Jackson