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domingo, 13 de março de 2016

Chasco-preto (Oenanthe leucura) o pedreiro


Macho de chasco-preto

O chasco-preto (Oenanthe leucura) é um passeriforme da família dos Turdidae raro em Portugal e caracteriza-se pela plumagem preta, que contrasta distintivamente com o branco em forma de “T” que apresenta na cauda. Quando observados mais de perto, o macho é facilmente distinguível da fêmea por esta apresentar um padrão menos negro por vezes até castanho-escuro. Não apresentam variação sazonal de plumagem. Contrariamente aos outros chascos que ocorrem em Portugal, o chasco-preto é residente e consequentemente observável no inverno.
 Fêmea de chasco-preto

Macho de chasco-preto

Embora seja uma espécie que não apresenta apetência por zonas humanizadas, uma das poucas populações existentes em Portugal (a do Douro Vinhateiro) está estritamente associadas às paisagens humanizadas que são a cultura de vinha, os seus muros e socalcos que datam na sua maioria do seculo XVIII ou do final do seculo XIX, após o ataque da filoxera.
Habitat de chasco-preto no Douro Vinhateiro

O chasco-preto reproduz-se no Noroeste Africano, Extremo sul da França, Espanha e Portugal, sempre associado a zonas áridas e pedregosas. De facto as pedras, nesta espécie desempenham um papel fulcral na sua reprodução. Contrariamente a outros machos de aves que seduzem a fêmea para acasalar com exibições ou decorações de ninhos, o chasco-preto, após o acasalamento exibe-se sexualmente pelo depósito de pedras junto aos possíveis locais de nidificação, e não estamos a falar em duas sou três pedritas…
 Macho de chasco-preto

 Macho de chasco-preto

Aproximadamente duas semanas antes do início da postura, os machos (de 35-40 gramas) começam a recolher pedras do chão e voar com eles para juntos possíveis locais de nidificação (que será escolhido pela fêmea). Neste espaço de tempo (2 semanas), em média levam 277 pedras que no seu conjunto podem atingir mais de 2Kg. Por ser um comportamento pós-acasalamento o seu papel ainda não é muito bem claro, mas algumas hipóteses são levantadas, as mais plausíveis são:
Termorregulação – esta hipótese tem como base de sustentação que as pedras podem reduzir as flutuações térmicas e assim reduzir os custos de incubação;
Exibição sexual – esta hipótese tem como base de sustentação que este comportamento é a forma de mostrar à fêmea o esforço que o macho desempenhará na criação da sua prole.
  Macho de chasco-preto

 Macho de chasco-preto

sábado, 9 de janeiro de 2016

Andorinhão-preto porque são especiais?

Foto de: Keta (Own work), via Wikimedia Commons

Devido ao seu comportamento, anatomia e fisiologia, o andorinhão-preto (Apus apus) é uma das espécies mais interessantes e incomuns da nossa avifauna. Esta ave em condições climatéricas extrema de frio e na falta de recursos alimentares têm a capacidade de entrar em torpor (um estado fisiológico parecido ao da hibernação só que de curta duração), os adultos podem entrar em torpor durante dois dias e os juvenis até cinco.
O Andorinhão-preto, é umas das aves mais rápidas da Europa pode atingir os 220km/h, com a particularidade de que as velocidades máximas são atingidas quando voam em colónia sobre os locais de criação. Apenas ultrapassado pelo falção-peregrino, adorinhão-real e o subbuteo, que podem atingir os 350, 250 e 240 Km/h, respectivamente.
Outras particularidade extraordinária dos Andorinhões é que conseguem voar durante longos períodos de tempo sem pousar. A capacidade de voo destas aves é de tal ordem desenvolvida que são capazes de comer, beber, acasalar e até mesmo dormir, sim estas aves dormem durante o voo elevam-se até aos 2000 metros de altitude e dormem enquanto planam. Esta aves apenas pousam para criar, e como criam apenas ao 3º ou 4º ano de idade, durante este período de tempo apenas pousam alguas vezes durante poucos  segundos para inspeccionar possíveis locais para nidificação.
A localização dos ninhos dos andorinhões é criteriosamente escolhida, preferem locais altos tendencialmente em edifícios, com pelo menos 3-4 metros de altura, onde cria debaixo das telhas, nas calhas ou em buracos de paredes. Como os seus pés não estão adaptados para caminhar têm que ter espaço aberto na frente dos seus ninhos, para poderem entrar nos seus ninhos, pousamos na sua entrada ou voando directamente para dentro dos buracos.
Muitas vezes confundidos, os andorinhões não são da mesma família das andorinhas, pois os andorinhões pertencem à família dos Apodidae e as andorinhas à Hirundinidae. Sendo que os seus parentes mais próximos são os colibris (beija-flores).
Apenas os andorinhões adultos e saudáveis é que são capazes de levantar voo do chão, visto que as suas longas asas e patas curtas, limitam estes simples ato para a maioria das aves. Tal como em muitas espécies de aves, a queda de juvenis dos ninhos é frequente, na impossibilidade de recolocar os juvenis nos seus ninhos, devem ser entregues em locais apropriados (SPENA; ICNF ou centros de recuperação), visto que têm uma dieta muito especializadas, baseada em insectos voadores, caso sejam alimentados com outro tipo de alimento as suas penas poderão crescer deformadas ou acabar por caírem após alguma semanas.
Foto de: Andreia Dias. Andorinhão juvenil recuperado 

sábado, 17 de janeiro de 2015

Leucismo em aves





As alterações da coloração das penas nas aves silvestres não são frequentes em aves selvagens, contudo, estão referenciadas muitíssimas espécies com este tipo de anomalia. A maioria destas anomalias são causadas por uma mutação genética, embora estejam reconhecidas outras causas que podem provocar este tipo de anomalias, como deficiências alimentares ou descoloração provocada pela luz. Existem vários tipos de anomalias genéticas que podem provocar alterações na cor da plumagem, entre as quais o albinismo, leucismo, esquizocroísmo e melanismo.


O leucismo caracteriza-se pela falta total ou parcial de pigmentos (melania) na plumagem resultante de uma condição genética que afeta a transferência e acumulação de pigmentos nas células das penas das aves. As aves com leucismo apresentam penas sem cor (brancas) em qualquer parte do corpo, podem ser observados indivíduos com diferentes percentagens de penas brancas (leucismo parcial) ou indivíduos totalmente brancos (leucismo total).


O grau de leucismo é condicionado pelo “timming” da mutação durante a embriogénese, ou seja, quanto mais cedo acontecer esta mutação maior será a percentagem de leucismo.


Contrariamente ao leucismo que é provocado geneticamente pela falta transferência e acumulação de melanina (embora haja produção), o albinismo é provocado geneticamente pela mutação de genes que codificam as enzimas produtoras de melanina (não há produção), resultando na ausência congénita de melanina em todo o corpo, nomeadamente nas penas, olhos e pele.


A diferença das aves albinas e as com leucismo, é que estas últimas apresentam pigmentação “normal” nos olhos e pele, assim como uma capacidade de visão normal pelo que tendem a viver mais que as com albinismo.


terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Migração das Aves 2014


Andorinha-dáurica Cecropis daurica
Tal como no ano de 2013, durante o ano passado, fui registando as datas das primeiras observações de cada uma das espécies migradoras que fui detectando no campo. 
 
Águia-cobreira Circaetus gallicus

Com uma nova época de chegadas aí à porta, deixo-vos uma tabela com as datas e as localizações das primeiras observações de cada uma das espécies no ano de 2014.

Andorinha-dos-beirais Delichon urbicum
 
Apesar de não se poder desenhar qualquer conclusão, já que as observações são recolhidas casualmente e dependem em grande medida do acaso, tentei comparar as datas dos primeiros registos de 2014 com as de 2013 apenas por curiosidade. Os resultados estão na coluna “Diferenças 2013-2014” e os valores indicam o número de dias de diferença entre os dois anos, valores positivos indicam que a espécie foi registada mais tarde e valores negativos indicam que a espécie foi registada mais cedo. 


Nome comum
Nome científico
1ª Obs. 2013
1ª Obs. 2014
Localidade
(concelho)
Dif. 2013-2014
Andorinha-dos-beirais
Delichon urbicum
4-fev
9-mar
Freixo de Espada à Cinta
35
Águia-cobreira
Circaetus gallicus
15-fev
12-mar
Guarda
27
Cegonha-preta
Ciconia nigra
21-fev
7-mar
Mogadouro
16
Andorinha-das-chaminés
Hirundo rustica
1-mar
5-mar
São João da Pesqueira
4
Milhafre-preto
Milvus migrans
13-mar
11-mar
Freixo de Espada à Cinta
-2
Britango
Neophron percnopterus
14-mar
18-fev
Mogadouro
-26
Andorinha-dáurica
Cecropis daurica
16-mar
13-mar
Guarda
-3
Cuco-canoro
Cuculus canorus
19-mar
13-mar
Guarda
-6
Tartaranhão-caçador
Circus pygargus
20-mar
21-mar
Évora
1
Papa-amoras-comum
Sylvia communis
21-mar
29-abr
Guarda
38
Andorinhão-preto
Apus apus
24-mar
26-mar
Évora
2
Andorinhão-pálido
Apus pallidus
24-mar
27-mar
Évora
3
Mocho-pequeno-d’orelhas
Otus scops
3-abr
8-mar
Freixo de Espada à Cinta
-25
Codorniz
Coturnix coturnix
4-abr
8-mar
Freixo de Espada à Cinta
-26
Águia-calçada
Aquila pennata
6-abr
26-mar
Évora
-10
Abelharuco
Merops apiaster
7-abr
8-abr
Monforte
1
Toutinegra-carrasqueira
Sylvia cantillans
11-abr
24-mar
Monforte
-17
Papa-figos
Oriolus oriolus
16-abr
19-abr
Évora
3
Andorinhão-real
Apus melba
16-abr
7-mar
Mogadouro
-39
Rouxinol-comum
Luscinia megarhynchos
17-abr
12-abr
Monforte
-5
Chasco-ruivo
Oenanthe hispanica
17-abr
20-mai
Freixo de Espada à Cinta
33
Picanço-barreteiro
Lanius senator
17-abr
26-mar
Évora
-21
Torcicolo
Jynx torquilla
18-abr
-
-

Sombria
Emberiza hortulana
21-abr
28-abr
Guarda
7
Cuco-rabilongo
Clamator glandarius
22-abr
24-mar
Monforte
-28
Chasco-cinzento
Oenanthe oenanthe
22-abr
29-mar
Monforte
-23
Peneireiro-das-torres
Falco naumanni
26-abr
10-abr
Évora
-16
Rolieiro
Coracias garrulus
26-abr
18-abr
Monforte
-8
Rola-brava
Streptopelia turtur
8-mai
13-mai
Seia
5
Felosa de Bonelli
Phylloscopus bonelli
11-mai
2-abr
São João da Pesqueira
-39
Felosa-poliglota
Hippolais polyglotta
18-mai
17-abr
Cuba
-31
Bútio-vespeiro
Pernis apivorus
20-mai
8-abr
Monforte
-42
Petinha-dos-campos
Anthus campestris
-
24-mar
Monforte

Perdiz-do-mar
Glareola pratincola
-
23-abr
Cuba