Mostrar mensagens com a etiqueta Anfíbios. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Anfíbios. Mostrar todas as mensagens

quinta-feira, 21 de abril de 2016

Nem carne nem peixe

O terno anfíbio, etimologicamente deriva do grego “amphi”, que significa “ambos” e “bio” que significa “vida”, a sua junção resulta no significado “ambas vidas”. A característica mais marcante destes vertebrados é o seu ciclo de vida que é dividido em duas fases: uma primeira aquática que engloba a fase de ovo e larva, e outra terreste que engloba a fase terrestre.

A transição entre estas duas fases, envolve uma serie de transformações chamadas de metamorfoses, entre os Urodelos (salamandras), as mais evidentes são a reabsorção da aleta caudal (parte inferior da cauda), desaparecimento das branquias com substituição de pulmões e a alteração da estrutura da pele, mantendo-se de um forma geral a sua forma (alongada) e estrutura (cabeça, tronco e membros). Já nos Anuros (sapos e rãs), as alterações são dramáticas, começando pelo desaparecimento das branquias e cauda e aparecimento das patas e das glândulas dermoides, a sua forma de girino (popularmente chamados de cabeçudos) constituída por um corpo esférico com uma cauda natatória transforma-se num vertebrado de cabeça tronco e membros.

 Posturas de Bufo bufo (sapo-comum)

  Posturas de Epidalea calamita (sapo-corredor)


Macho de  Alytes obstetricans (sapo-parteiro-comum) a deixar os avos na água

 Larvas de Epidalea calamita (sapo-corredor)


  Larvas de Pelobates cultripes (sapo-de-unha-negra)

   Larvas de Salamandra salamandra (salamandra-de-pintas-amarela)

   Larvas de Pelophylax perezi (rã-verde)

  Promenor da branquias de uma larva de Lissotriton boscai (tritão-de ventre-laranja)

  Metamorfo de Alytes cisternasii (sapo-parteiro-ibérico)

     Metamorfo de Alytes cisternasii (sapo-parteiro-ibérico)

 Adulto de Alytes cisternasii (sapo-parteiro-ibérico)


 Adulto de Pelurodeles walt (salamandra-de-costelas-salientes)

Adulto de Triturus mamoratus (tritão-marmoreado)

segunda-feira, 4 de abril de 2016

Anfíbios de Trás-os-Montes

À exceção da Hyla meridionalis (rela-meridional) que no nosso país tem a sua distribuição setentrional a zona do Sabugal, o pelodytes spp. (sapinho-de-verrugas-verdes) que no interior de Portugal tem mais ou menos o mesmo limite da rela-meridional e no litoral ocorre em toda a costa Portugal à exceção do Minho. Em Trás-os-Montes é possível observar as restantes 15 espécies de anfíbios existentes em Portugal Continental.
  
Salamandra Rabilarga
Chioglossa lusitanica (Salamandra-lusitanica)

Gallipato
Pleurodeles waltl (Salamandra-de-costelas-salientes)

Salamandra Común
Salamandra salamandra (Salamnadra-de-pintas-amarelas)

Tritón Ibérico
Tritus boscai (Tritão-de-ventre-laranja)

Tritón Palmeado
Triturus helveticus (Tritão-palmado)

Tritón Jaspeado
Triturus marmoratus (Tritão-marmorado)

Sapo Partero Ibérico
Alytes cisternasii (Sapo-parteiro-ibérico)

Toad Sapo Partero Común
Alytes obstetricans (Sapo-parteiro-comum)

Sapillo Pintojo Ibérico
Discoglossus galganoi (Rã-de-focinho-pontiagudo)

Sapo De Espuelas
Pelobates cultripes (Sapo-de-unha-negra)

Sapo Común
Bufo bufo (Sapo-comum)

Sapo Corredor
Epidalea calamita (Sapo-corredor)

Ranita De San Antón
Hyla molleri (Rela)

Rana Patilarga
Rana iberica (Rã-ibérica)

Rana Común
Pelophylax perezi (Rã verde)

domingo, 17 de maio de 2015

Dieta da cobra-de-água-viperina

A distribuição da cobra-de-água-viperina (Natrix maura) em Portugal é praticamente contínua e homogénea, e depende essencialmente da ocorrência de pontos de água. É uma espécie muito comum e localmente abundante. Distribui-se desde o nível do mar até aos 1650 m, não demonstrando preferência por nenhum estrato altitudinal.
A tanatose, a libertação de um odor nauseabundo, postura semelhante de víbora (expandindo a cabeça para adotar uma forma triangular), emissão de silvos e ameaçadas de morder, são os principais comportamentos de defesa quando ameaçadas. Estes comportamentos, em conjunto com o padrão dorsal em zigue-zague, estão na origem do seu nome comum (cobra-de-água-viperina), devido às parecenças com as víboras.

Exímia nadadora, raramente se afasta da água, podendo esporadicamente consumir outros répteis e micromamíferos ou invertebrados, a base principal da sua dieta é composta por peixes e anfíbios. Para a sua captura, desenvolveu um variado número de comportamentos predatórios (ex: emboscada, procura ativa ou iscagem com a própria língua, entre outros) que dependem do tipo e tamanho da presa, o meio aquático e o seu próprio tamanho.

O grande reportório de comportamento predatórios que esta espécie tem, deve-se principalmente à grande variabilidade de espécie de peixes e anfíbios que consome, que têm características muito diferentes (posições na coluna de água, velocidade de natação, tipo de agrupação, etc…) de entre os peixes ibéricos, a cobra-de-água-viperina, pode consumir espécie da família Blenniidae (Salaria fluviatilis), Centrarchidae (Lepomis gibbosus), Ciprinidae (Barbus bocagei, Barbus graellsii, Barbus haasi, Barbus sclateri, Carassius auratus, Chondrostoma miegii, Chondrostoma polylepis, Cyprinus carpio, Gobius gobius, Phoxinus phoxinus, Rutilus arcasii, Rutilus rutilus, Squalius cephalus), Cobitidae (Barbatula barbatula), Gasterosteidae (Gasterosteus aculeatus), Poecilidae (Gambusia affinis, Gambusia holbrooki) e Salmonidae (Salmo gairdneri, Salmo trutta) quanto aos anfíbios a sua dieta é também muito variada, incluindo a Pleurodeles waltl, Lissotriton boscai, Lissotriton helveticus, Triturus marmoratus, Salamandra salamandra, Alytes cisteransii, Alytes obstetricans, Bufo bufo, Epidalea calamita, Discoglossus galganoi, Pelobates cultripes, Rana iberica, Pelophylax perezi e Hyla arborea.

De relembrar que esta espécie é uma serpente aglifa, ou seja, não possui dentes inoculadores de veneno, não representando qualquer perigo para a espécie humana!

quinta-feira, 30 de abril de 2015

Chave dicotómica de larvas de anfíbios

1a – Brânquias externas durante todo o período larvar. Larva com as quatro patas de tamanho semelhante ou com as patas anteriores (braços) maiores que as posteriores (pernas) nas primeiras fases do desenvolvimento larvar (2)
1b – Sem brânquias externas. Pernas surgem primeiro e são maiores que os braços (7)

2a – Início da membrana caudal próximo da base das pernas (3)
2b – Início da membrana caudal logo atrás da cabeça (4)

3a – Início da membrana caudal a meio das costas. Mancha clara na base e cada perna - Salamandra-de-pintas-amarelas (Salamandra salamandra)
3b – Membrana caudal apenas na cauda. Ausência de mancha clara na base de cada perna - Salamandra-lusitânica (Chioglossa lusitanica)
Salamandra salamandra

4a – Dedos curtos, crista baixa, cor sem grandes manchas escuras (5)
4b – Dedos muito compridos e finos (exceto no final da fase larvar). Crista alta com manchas escuras, cor de fundo geralmente esverdeado - Tritão-marmorado (Triturus marmoratus)

Triturus marmoratus

5a – Dedos curtos, cabeça robusta, branquias muito desenvolvidas, crista baixa, cor sem grandes manchas escuras - Salamandra-dos-poços (Pleurodeles waltl)
5b – Larvas até 40 mm, sem as características anteriores (6)

6a – Risca escura passando pelas narinas e pelos olhos formando uma “mascarilha”, cauda estreitando progressivamente até à ponta sem formar um filamento na ponta - Tritão-palmado (Lissotriton helveticus)
6b – Sem risca escura formando “mascarilha”, membrana caudal apenas se torna estreita próxima da ponta, terminando num pequeno filamento - Tritão-de-ventre-laranja (Lissotriton boscai)
Lissotriton boscai

7a – Espiráculo situado no flanco esquerdo do corpo (8)
7b – Espiráculo na região ventral (15)

8a – Desenho da cauda composto por um denso reticulado de finas linhas escuras cruzadas. Duas fileiras longitudinais de pontos claros em cada lado do dorso - Sapinho-de-verrugas-verdes (Pelodytes punctatus / P. ibericus)
8b – Sem as características anteriores (9)

9a – Olhos situados em posição lateral, correspondendo à parte mais larga da cabeça. Membrana caudal inicia-se próximo dos olhos, muito desenvolvida e de ângulos muito convexos (10)
9b – Olhos situados em posição dorsal. Membrana caudal inicia-se próximo do início da cauda e de forma aproximada à do músculo (12)

10a – Larva grande (até 90 mm) com músculo da cauda simétrico e estrutura bucal com bico negro muito grande e com numerosas séries de dentículos - Sapo-de-unha-negra (Pelobates cultripes)
10b – Larva sem as características anteriores (11)

11a – Metade superior da região muscular da cauda com uma larga banda longitudinal escura ou com duas linhas escuras que se fundem no início – Rela (Hyla arborea)
11b - Metade superior da região muscular da cauda com duas linhas escuras finas, uma da região superior e outra na região central, separadas uma banda clara – Hyla meridional (Hyla meridionalis)
Hyla arborea

12a – Membrana dorsal começa no início da cauda é baixa e termina com ponta arredondada. Larva pequena (até 35 mm) escura ou negra (13)
12b – Larva até 70 mm. A cauda (quando intacta) representa mais de 2/3 do comprimento total. Membrana caudal inicia-se na parte final do tronco e tem a ponta afunilada (14)

13a – Distância entre olhos semelhante à largura da boca - Sapo-comum (Bufo bufo)
13b – Distância entre olhos maior que a largura da boca - Sapo-corredor (Epidalea calamita)

14a – Larva com coloração variável, (de castanho escuro a verde claro) com o ventre branco. Mancha escura na zona central do músculo da cauda, ponta da cauda comprida e afilada - Rã-verde (Pelophylax perezi)
14b – Larva frequentemente escura, nunca esverdeada. Ventre escuro e transparente, deixando ver os intestinos. Membrana caudal alta, com manchas claras. Habitats de água corrente - Rã-ibérica (Rana iberica)

15a – Larva esbelta de pequenas dimensões (até 35 mm) sem manchas contrastantes na membrana da cauda - Rã-de-focinho-pontiagudo (Discoglossus galganoi)
15b – Larva de tamanho médio-grande, geralmente com manchas contrastantes na membrana da cauda (16)

16a – Região muscular da cauda sem manchas ou com manchas muito pequenas - Sapo-parteiro-comum (Alytes obstetricans)

16b – Região muscular da cauda com duas manchas escuras paralelas que podem ou não tocar-se - Sapo-parteiro-ibérico (Alytes cisternasii)
Alytes cisternasii

Alytes obstetricans

sábado, 29 de outubro de 2011

Diferenças e semelhanças


 Macho de Alytes cisternasii (Sapo-parteiro-ibérico), transportando ovos

A reprodução do sapo-parteiro-ibérico, dá-se por um amplexo lombar, posição na qual os machos acumulam os ovos entre as suas patas posteriores. O amplexo ocorre em terra, durante uns 30-45 minutos, na qual o macho roça a cloaca da fêmea com os seus pés de forma repetida, acabando assim por provocar a saída dos ovos, então o macho abraça a fêmea pelo pescoço e fecunda os ovos expulsando o seu esperma com violentas sacudidelas, depois de descansar uns 20 minutos envolve as filas de ovos ao redor das suas patas posteriores e solta a fêmea. Este comportamento pode-se repetir várias vezes, acumulando ovos de várias fêmeas. Deste modo o macho está encarregue de cuidar dos ovos e cada noite sai para se alimentar e humedecer os ovos. Ao fim de três semanas as larvas eclodem e nadam no ponto de água que o seu progenitor seleccionou e ao fim de 2-4 meses a metamorfose é completada, contudo em condições adversas a metamorfose por retarda-se por um ou mais anos. Do mesmo modo, a metamorfose por ocorrer prematuramente, isto pode acontecer quando o ponto de água seca rapidamente. Depois da metamorfose deixam os corpos de água e passam a viver em terra. Uma particularidade dos machos que transportam ovos é que nunca submerge mesmo quando são perturbados.

Fêmea de Allocosa fasciiventris (Tarântula-ibérica), transportando crias (Foto: João Gaiola)

Embora a seda produzida por esta espécie não seja utilizada para construir teias, tem um papel importante nos processos reprodutivos. Nos seus fios encontram-se substâncias que actuam como feromonas sexuais, permitindo aos machos seguirem o rasto das fêmeas até a localizarem. Previamente cópula propriamente dita, dá-se um cortejo bastante ritualizado. Após a cópula a fêmea realiza a postura, depositando e envolvendo os ovos em seda branca, resultando numa ooteca (bolsa de seda onde as aranhas depositam os ovos) esférica que irá transportar durante alguns dias pendurado nas patas posteriores. Após a eclosão, as pequenas aranhas abandonam o casulo e trepam para o dorso materno, cobrindo o opistoma de uma forma espectacular, onde permanecem até à segunda muda, a pós a qual se inicia a dispersão e o crescimento independente.

domingo, 23 de outubro de 2011

Anfíbios e estradas!

A mortalidade de animais nas estradas constitui um dos impactes visíveis e do conhecimento geral. Para as pessoa que como eu, fazem pelo menos 100Km diários de estrada estes acontecimentos são muito frequentes e quase diários, independentemente da maior dos percursos serem os mesmos.

Para o “comum mortal” a mortalidade de carnívoros com estatuto de conservação mais elevado como por exemplo o lobo-ibérico (Canis lupus signatus) ou o lince-ibérico (Linx pardinus), é uma perda insubstituível, de tal forma que a projecção de vias de comunicação em área de ocorrência desta espécies têm sempre em consideração medidas de minimização e/ou compensação para estas espécies.

O principal problema da aplicação de medidas de minimização de mortalidade de anfíbios em estradas, é a dificuldade que os Estudos de Impacte Ambiental (EIA), têm em identificar os corredores ecológicos (corredores migratórios) deste grupo faunístico, sendo que apenas depois das vias de comunicação estarem em exploração é que são identificados os “pontos negros” (locais onde a via de comunicação cruza o corredor de migração), momento temporal e processual em que é muito difícil aplicar qualquer medida de minimização e/ou compensação.

A Pós-avaliação de projectos de vias de comunicação, seria uma das ferramentas que poderiam minimizar um impacte que não foi possível identificar em processo de AIA.

As primeiras chuvas de Outono são propícias à ocorrência de migrações da grande parte dos Anfíbios.

ESTEJA ATENTO! DIMINUA A VELOCIDADE E EVITE ATROPELAR ESTES ANIMAIS!

 Alytes obstetricans, Lagoa (Macedo de Cavaleiros)

 Bufi bufo, Castro Vicente (Mogadouro)

 Bufo calamita, Brunheda (Carrazeda de Ansiães)

 Hyla arborea, Mogadouro (Modadouro)

 Pelobates cultripes, Duas Igrejas (Miranda do Douro)

 Salamandra salamandra, Cova da Lua (Bragança)

 Triturus marmoratus, Presandães (Alijó)