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domingo, 1 de janeiro de 2017

Aquele que voa perto de casa mas volta tarde

A última “Publication Series” da EUROBATS é sobre os nomes comuns dos morcegos europeus nas várias línguas. Também é feita uma resenha sobre a etimologia dos nomes científicos dos morcegos e de facto algumas são bastantes curiosos.

Um dos mais curiosos é o Eptesicus serotinus, etimologicamente a palavra Eptecisus tem origem numa latinização das palavras gregas epten = voar e oikos = casa, o seu conjunto significa aquele que voa perto de casa. Já a palavra serotinus deriva do latim serus = tardio, que significa que volta tarde. Assim, conjuntamente o nome Eptesicus serotinus, significa aquele que voa perto de casa e volta tarde. De facto o Morcego-hortelão-escuro é uma espécie que se associa muito a zonas hortícolas (junto a zonas urbanas) onde abundam os insetos.
Eptesicus serotinus (morcego-hortelão-escuro)

No caso do Nyctalus lasiopterus, a palavra Nyctalus deriva do latim nyctalopia latinizado a partir do grego nuktalops: nukt = noite, aloas = cego, que significa o cego da noite. Já lasiopterus, deriva do grego lasios = lã, e pteron = pena, que significa pelo nas asas. Assim, conjuntamente o nome Nyctalus lasiopterus, significa o cego da noite com pelo nas asas. Embora etimologicamente a característica da presença de pelos no interior da asas tenha dado origem a esta espécie, esta características é identificativa para as espécie deste género que ocorrem em Portugal.
Nyctalus leisleri (morcego-arboricola-pequeno)

No caso do Plecotus auritus, a palavra Plecotus deriva do grego plekto = enrolado, e otus = orelha, que significa orelhas enroladas e a palavra auritus que em latim significa com longas orelhas. Assim, conjuntamente o nome Plecotus auritus orelhas longas e enrolas. De facto as espécies do género dos Plecotus têm como característica enrolar/recolher as grandes e sensíveis orelhas para trás e colocá-las debaixo das membranas alares, deixando apenas visíveis os tragus.
Plecotus auritus (morcego-orelhudo-castanho)

A palavra Rhinolophus, deriva da palavra grega rhis = nariz e lophos = ornamento, que significa nariz com ornamento. A palavra ferrumequinum, deriva do latino ferrum = ferro e equinus = do cavalo, significando ferradura. No caso da palavra hipposideros deriva do grego hipopótamos = cavalo e sideros = ferro, que significa ferradura.
Deste modo tanto o Rhinolophus ferrumequinum como Rhinolophus hipposideros, significam nariz com ornamento em forma de ferradura, mas no caso do primeiro tem origem no latim e o segundo no grego. A forma de ferradura que todo este género apresenta na face é de facto a sua principal característica identificativa.
Rhinolophus ferrumequinum (morcego-de-ferradura-grande)

No caso do Myotis emarginatus, a palavra Myotis, deriva do grego mus = rato e ous/otos = orelha, que significa orelhas de rato e a palavra emarginatus, deriva do latim emargino = com uma parte da margem removida. Assim conjuntamente o nome Myotis emarginatus, significa orelhas de rato com a parte da margem removida. Dentro do género dos Myotis a identificação das espécies requerem uma minuciosa observação de pormenores e de facto a emarginação que o Myotis emarginatus apresenta é uma delas.
Myotis emarginatus (morcego-lanudo)


No caso do Tadarida teniotis a palavra Tadarida tem origem do dialeto siciliano que significa morcego em quanto que teniotis tem origem no grego taina e no latim taenia = dobradas e do grego ous/otos = orelha. Assim conjuntamente o nome Tadarida teniotis significa morcego com orelhas dobradas. As pregas que esta espécie apresenta nas orelhas são bem elucidativas.
Tadarida teniotis (Morcego-rabudo)


Bibliografia:

Lina, P. H.C. (2016): Common Names of European Bats. EUROBATS Publication Series No. 7. UNEP / EUROBATS Secretariat, Bonn, Germany,104 pp.

domingo, 8 de novembro de 2015

Confirmação da ocorrência do Chionomys nivalis em Portugal


Chionomys nivalis, foto de Paulo Barros

Resumo
O rato-das-neves (Chionomys nivalis) é um roedor da família dos Cricetidae com uma distribuição ampla, desde do Sul da Europa até ao Turcomenistão mas muito fragmentada, estando associado principalmente a sistemas montanhosos. A confirmação desta espécie em Portugal foi possível pela análise de características morfológicas, biométrica e genéticas de dois indivíduos capturados na Serra de Montesinho (Parque Natural de Montesinho, Nordeste de Portugal). Para a confirmação genética desta espécie foram utilizados marcadores Mitocondriais e nucleares. A análise do Citocromo b suporta conclusões anteriores sobre a estrutura fitogeográfica desta espécie, revelando a existência de várias linhagens distintas. Além disso, mostra que os espécimes portugueses estudados estão intimamente relacionados com os de outras populações ibéricas. Esta descoberta é de grande interesse, uma vez que aporta novas informações sobre a distribuição do rato-das-neves, nomeadamente a redefinição do seu limite Sudoeste de distribuição e a necessidade de uma avaliação precisa das tendências populacionais de mamíferos a nível regional e o seu estado de conservação.
Chionomys nivalis, foto de Gonçalo Rosa
Abstract
The European snow vole (Chionomys nivalis) is a microtine rodent with a highly fragmented distribution range, mostly associated with the main mountain systems from southern Europe to Turkmenistan. In this paper we confirm the occurrence of the snow vole in Portugal, based on morphologicalcharacteristics, biometrics and genetic analysis of two individuals captured in the Montesinho Mountain range (northeastern Portugal). Both mitochondrial and nuclear genetic markers were used to confirm the species identity. The analysis of cytochrome b supports previous conclusions on the phylogeographic structure of the species, revealing the existence of several distinct lineages. Moreover, it shows that the Portuguese specimens are closely related to the other Iberian populations. This finding is of great interest as it adds new information regarding the spatial distribution of the snow vole, by redefining the southwestern limits of the species’ range, and it highlights the need for accurate assessment of regional small mammal population trends and conservation status.

Distribuição do Chionomys nivalis (fonte: IUCN)

Para quem tiver interesse pode descarregar o artigo completo na barra lateral direita deste bolg.