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sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

Bicha-cadela, um insecto a conhecer



Pode não ser o insecto mais interessante e pode mesmo inspirar algum receio mas, bem vistas as coisas, há sempre algo a aprender.
Um destes dias de campo, comecei a ver, um pouco ao longe, sobre uns xistos alguns insectos que levantavam voo. Dava a ideia de serem formigas de asa a dispersar mas, pareciam um pouco mais “gordas”… Quando me aproximei vi que era uma grande quantidade de bichas-cadela Forficula auricularia que, aproveitando um pouco o calor do sol, desdobravam as suas asas (que eu nem sabia que tinham) e tentavam levantar voo. Fiquei com alguma curiosidade sobre este insecto e fui procurar mais informação.

Grupo de bichas-cadela a apanhar sol
 
Este insecto é da ordem dermaptera termo que provém do Grego e junta duas palavras: pele (derma) e asas (pteron), fazendo referência às asas membranosas destes insectos deste grupo sempre protegidas por um segundo par de asas rígidas, os élitros. Outra importante característica deste grupo é a alteração dos cercus que, neste grupo, assumem a forma de pinças ou fórceps (tendencialmente mais curvos e fortes nos machos e mais esguios e rectos nas fêmeas).

Algumas bichas-cadela a desdobrar as asas


As Bichas-cadela são insectos omnívoros que se podem alimentar de matéria vegetal em decomposição ou de outros insectos como os afídios ou os pulgões. Por este facto podem ser importantes auxiliaries da agricultura biológica embora alguns autores as considerem prejudiciais por também se alimentarem de algumas plantas agrícolas. 
 
Um indivíduo a desdobrar as asas com o auxílio das pinças

Quanto ao seu ciclo de vida, esta espécie apresenta um desenvolvimento com metamorfoses incompletas (hemimetabólico) podendo passar por 4 a 6 instares até atingir a sua forma adulta. A fêmea pode pôr entre 20 a 80 ovos numa câmara sob a manta folhosa ou sobre o solo, que guarda, cuida e limpa impedindo o aparecimento de fungos até à eclosão.  

Pormenor da asa de voo de Forficula auricularia

Apesar das lendas e rumores de que estes insectos são venenosos e de que podem entrar para os nossos ouvidos, estes animais são inofensivos podendo apenas beliscar-nos levemente com as suas pinças se se sentirem ameaçadas.

Um indivíduo em voo

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Apontamentos sobre ecolocalização



De uma forma muito generalista a ecolocalização dos morcegos consiste na emissão de sons (pela boca e/ou nariz) e na interpretação do eco que é provocado pelas estruturas existente na sua envolvente. Todas as nossas espécies utilizam a ecolocalização para navegar, caçar e socializar. Cada uma das espécies possui características acústicas particulares induzidas pela sua fisionomia e determinantes para a sua biologia.

Esquematização da ecolocalização

A evolução da frequência do sinal (nas ordenadas) em função do tempo (nas abcissas), permite observar a estrutura dos pulsos, que é uma das caracteristica para destinguir espécie géneros ou grupos de espécies.

Estrutura do pulso

Os nossos morcegos emitem ultrassom entre os 10 e 150kHz e cada espécie utiliza uma gana de frequência específica, de um modo geral, quanto mais pequena é a espécie mais agudos são as vocalizações e quanto maior for a espécie mais graves são as vocalizações.
O ambiente envolvente e comportamento dos morcegos induzem igualmente variações de frequências dentro de cada uma das espécies. Geralmente quanto mais aberto for o espaço (mais longe estiverem os objetos) mais baixa é a frequência dos pulsos (vocalizações) e menor é a largura da banda (diferença entre a frequência máxima e mínima) e inversamente em espaços fechados.
A intensidade da emissão de um pulso (“volume”) é proporcional ao tamanho dos indivíduos e varia entre 120 e 133dB, este fator é o responsável pela distância de propagação do som e consequentemente influência a distância de deteção das diferentes espécies por um detetor de ultrassons.
Os nossos morcegos emitem em média um pulso (vocalização) a cada batimento de asa, que pode varia de 1 a 25 vocalizações por segundo! Este ritmo vária em função do comportamento e da distância de "observação" (ecolocalizar) de cada indivíduo, quanto mais perto estiver um morcego de um objeto, mais aumenta o ritmo de emissão dos pulsos e a menor é a duração dos pulsos.
 Ouvir os ultrassons através de material especializado (detetores de ultrassons) permite detetar imediatamente a presença de morcegos, contudo a detetabilidade das espécies não é homogénea, com efeito, a atenuação do som no ar é proporcional a sua frequência. Assim, a distância de deteção de um morcego depende da espécie.

Distância indicativa de deteção das diferentes espécies através de um detetor de ultrassons