O Myotis bechsteinii é uma das espécies de morcegos mais raras que ocorrem em Portugal e em densidades muito baixas. As suas colónias reprodutoras são de pequena dimensão, variando entre 10-30 fêmeas reprodutoras. Embora seja uma espécie eminentemente florestal e em particular ligada a florestas de folhosas bem desenvolvidas (em especial de carvalhos e castanheiros), o facto do Morcego de Bechstein (Myotis bechsteinii) se tratar de uma espécie altamente sedentária com deslocações muito reduzidas faz com que esta espécie possa ser encontrada em pequenas bolsas residuais de folhosas no meio de outros habitats menos adequados. Por outro lado, tem uma população muito fragmentada, resultado da perda de habitat florestal e aliada aos seus hábitos muito sedentários, dificulta a sua expansão e ocupação de novas áreas de distribuição. De facto as espécies termófilas como o Myotis bechsteinii foram mais abundantes durante o holoceno quando os bosques mistos e temperados abundavam no nosso território, atualmente esta espécies encontra-se em regressão e a sua distribuição está cada vez mais limitada aos habitats residuais desse período.
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terça-feira, 25 de setembro de 2018
domingo, 12 de agosto de 2018
Apontamentos fugazes: beber ou não beber
Os
morcegos, da mesma foram que emitem zumbidos de alimentação (feeding buzz) ou zumbidos de pouso (landing buzz) para caçarem ou pousarem,
para beberem também emitem zumbidos (drinking
buzz), embora estruturalmente diferentes podem ser frequentemente
confundidos, sendo que estes últimos não apresentam a fase II típica dos feeding buzz.
Outra
curiosidade dos drinking buzz é que é
possível verificar se o morcego bebeu ou se apenas foi uma tentativa, o que normalmente
ocorre algumas vezes antes de beberem efetivamente.
drinking buzz de Pipistrellus pipistrellus com contato como a água (o morcego bebeu)
drinking buzz de Pipistrellus kuhlii sem contato com a água (o morcego não bebeu)
sábado, 30 de junho de 2018
Diálogo entre mãe & cria
Estudos realizados durante 3 anos entre o fim junho e meados de agosto, que
coincide como os primeiros voos dos juvenis e dispersão das colónias de
maternidade, onde são observados “voos em tandem” entre mãe e filho(a), revelaram
que existem chamamentos sociais típicos e distintivos dos juvenis em particular
no género Pipistrellus, que são constituídos por apenas um pulso.
Este tipo de pulsos são inicialmente de frequência modulada (FM), tomando
depois uma forma de frequência quase-constante (QCF), para depois tomar uma
modulação ascendente e em alguns casos (não neste da imagem) é finalizada como uma parte de frequência
constante (CF).
Mãe e cria de Pipistrellus pygameus em "voo tandem" socializando
quarta-feira, 25 de abril de 2018
Armadilhas de harpa
As armadilhas de harpa são dispositivos usados para capturar morcegos, ao contrário das redes de capturas não é necessidade de desenredar os morcegos. De uma forma resumida, o seu funcionamento é interromper o voo dos morcegos e força-los a cair sem que haja lesões para o animal.
Assim os morcegos voam em direcção à armadilha e este reconhece as linhas de nylon com cerca de 2,5 cm de distância entre si. Com a agilidade que é reconhecida nos morcegos, estes voam perpendicularmente ao solo entre as linhas, contudo um segundo conjunto de linhas distanciado cerca de 15 cm da primeira, faz com que seja inevitável embatem nelas e deslizam por estas até à bolsa de acondicionamento. Como esta bolsa de acondicionamento é feita de polietileno espesso e escorregadio, os morcegos não conseguem subir, contudo esta bolsa tem uma tela de serapilheira acondicionado com polietileno onde os morcegos se mantêm pendurado e acomodados.
Embora visualmente podem parecer dispositivos que possam ser colocadas em espaços abertos, as armadilhas de harpa apenas são efectivas quando colocadas em locais de afunilamento e confinados (saídas de abrigos, túneis de vegetação, locais de passagens estreitas, etc…).
Provavelmente as duas maiores vantagens deste tipo de armadilhas são: 1) a possibilidade de serem deixados por longos períodos de tempos sem que seja necessária a sua verificação (já que tem uma bolsa de acomodamento de morcegos); 2) capturar um número elevada de morcegos. Esta ultima vantagem, é de facto uma das premissas quando se quer capturar morcegos onde prevemos um elevado fluxo de animais, visto que a utilização de redes pode por em causa os animais.
As armadilhas de harpa comerciais têm vários modelos, que variam basicamente na sua dimensão (1m2 a 5m2) e no número de painéis de filamento (2, 3 ou 4), sendo que também se podem construir manualmente, neste caso o modelo fica ao critério de quem as construir e do seu objectivo.
sábado, 24 de fevereiro de 2018
Hibernação dos morcegos
A principal razão
pelo qual os morcegos hibernam é fundamentalmente para minimizar o gasto
energético. Pelo que acumulam gordura durante o verão e outono de modo a podem
passar o inverno, quando o alimento escasseia ou é mesmo indisponível.
Os maiores
perigos ou custos da hibernação é a exposição a predadores e algumas restrições
fisiológicas, nomeadamente a diminuição da resposta imunológica e da síntese proteica.
O torpor de inverno não é contínuo, os morcegos podem minimizar esses custos
fisiológicos, diminuindo os períodos contínuos de hibernação, contudo a taxa de
esgotamento das reservas de energia (gordura) é determinada pela taxa
metabólica que depende da temperatura corporal e do torpor, assim, a
interrupção da hibernação dos morcegos faz parte de um equilíbrio energético
entre custos e benefícios, que têm que ser muito bem ponderado!
A interrupção do
torpor, e consequentemente os padrões de atividade de inverno dos morcegos
estão diretamente ligados às condições meteorológicas prevalecentes, em
particular as temperaturas, que influenciam fortemente os padrões circadianos e
o estado de torpor, que normalmente coincidem com uma maior disponibilidade de
insetos voadores.
Myotis myotis
Rhinolophus ferrumequinum
Myotis myotis
Rhinolophus hipposideros
Rhinolophus euryale
Myotis escalerai
Pipistrellus pipistrellus
Pipistrellus pipistrellus
Myotis escalerai
Miniopterus schreibersii
Rhinolophus euryale
Rhinolophus ferrumequinum
Rhinolophus ferrumequinum
sábado, 19 de agosto de 2017
Espécie com Informação Insuficiente (DD)
Um taxon considera-se com Informação
Insuficiente (DD) quando não há informação adequada para fazer una avaliação
direta o indireta de seu risco de extinção, com base na sua distribuição e/ou estado
da sua população. Um taxón incluído nesta categoria pode estar muito bem
estudado e a sua biologia ser bem conhecida, mas se faltarem dados adequados
sobre a sua distribuição e/ou abundância, não poderão ser incluídos em nenhuma
categoria senão esta.
A classificação de um taxon
nesta categoria, indica que é necessário mais informação e que seja reconhecido
que a investigação futura aporte uma classificação diferente que poderá ser de
conservação desfavorável ou não.
Deste modo é necessário fazer uso
de toda a informação disponível. Das 25 espécies registadas para Portugal
Continental 9 estão classificadas com Informação Insuficiente (DD).
Em 2010 apresentamos um Poster no
congresso SECEMU com os dados recolhidos à data sobre estas espécies, os
resultados eram os seguintes:
Barbastella barbastellus – registo em 8 quadrículas 10X10 UTM
Hypsugo savii – registo em 12 quadrículas 10X10 UTM
Myotis emarginatus – registo em 3 quadrículas 10X10 UTM
Myotis mystacinus – registo em 3 quadrículas 10X10 UTM
Nyctalus leisleri – registo em 9 quadrículas 10X10 UTM
Nyctalus noctula – registo em 1 quadrículas 10X10 UTM
Nyctalus lasiopterus – sem registo
Plecotus auritus – registo em 5 quadrículas 10X10 UTM
Tadarida teniotis - sem registo
Passados quase 7 anos este são os
novos dados.
Todas estes dados estão disponível
no nosso blog, para isso basta selecionarem a espécie através do “scroll” que está de baixo da entrada “Mapa de Observações de Morcegos” na
barra lateral deste Blog.
Barbastella barbastellus
Mapa de registos de Barbastella barbastellus
Hypsugo savii
Mapa de registos de Hypsugo savii
Myotis emarginatus
Mapa de registos de Myotis emarginatus
Myotis mystacinus
Mapa de registos de Myotis mystacinus
Nyctalus leisleri
Mapa de registos de Nyctalus leisleri
Nyctalus noctula
Mapa de registos de Nyctalus noctula
Nyctalus lasiopterus
Mapa de registos de Nyctalus lasiopterus
Plecotus auritus
Mapa de registos de Plecotus auritus
Tadarida teniotis
Mapa de registos de Tadarida teniotis
terça-feira, 13 de junho de 2017
Mães & crias
Myotis myotis fêmea com cria recém nascida debaixo do patágio
O fator que mais influencia o ciclo reprodutivo dos morcegos são as condições meteorológicas, diretamente essências para o desenvolvimento mais rápido das crias e na disponibilidade de presas durantes a gestação, de modo a garantir um desenvolvimento adequado do embrião. Para tal, os morcegos nas zonas temperadas dão à luz durante o período de final de Primavera e Verão.
Duas fêmeas de Rhinolophus ferrumequinum com uma cria cada
3 crias de Rhinolophus ferrumequinum
As fêmeas de morcego desenvolveram uma característica fisiológica, de modo a sincronizar o desenvolvimento embrionário e das crias com a maior disponibilidade de alimento. Embora as cópulas sejam realizadas no final do Verão início de Outono, elas têm a capacidade de atrasar a fertilização, armazenado o esperma ou atrasando a implantação do ovo no útero.
Colónia mista de criação de Myotis emarginatus e Rhinolophus ferrumequinum e hipposideros
Normalmente as crias de morcegos nascem relativamente indefesas, contudo o seu tamanho é relativamente grande, quando comparados com outros mamíferos, já que podem nascer como 1/5 a 1/3 do tamanho das mães. Os primeiros dias de vida das crias são passados agarrados à mãe, e ao contrário dos humanos e da maioria dos outros mamíferos, nascem já com dentes.
Fêmea e cria de Rhinolophus hipposideros
As crias de morcegos têm um desenvolvimento muito rápido e ao fim dois meses estão totalmente emancipados.
Pequena colónia de criação de Rhinolophus hipposideros
sábado, 25 de março de 2017
Tempo de mudar de casa
Rede e dinâmica de uma colónia de Miniopterus schreibersii
Contrariamente às aves que fazem migrações de longa distância, as migrações dos morcegos são mais curtas e na sua maioria de âmbito regional, restringindo-se essencialmente a migrações entre os abrigos de hibernação, que oferecem condições propícias para hibernar (temperatura humidade) e os de criação, que por norma são mais ricos em recursos tróficos. Assim a localização dos abrigos não é definida pela sua localização (norte ou sul)., mas sim, pelas condições internas e a sua envolvente, deste modo podemos observar rotas de migração de várias direções.Um dos casos de migração regional mais bem estudados é o Miniopterus schreibersii, uma espécie tipicamente cavernícola e de voo rápido (50-60Km/h), a migração mais longa registada na Europa é de 550 Km e de 240 Km para Portugal. Esta espécie, no final do Inverno e início da Primavera, começa a realizar as suas migrações para os abrigos temporários e/ou satélites (também designados de abrigos equinociais) onde passam um curto tempo (2-15 dias), e de onde empreenderão viagem para os abrigos de criação. Estes abrigos satélites são abrigos, onde os recursos tróficos abundam e tem como principal objetivos, a recuperação da condição corporal perdida durante o período de hibernação e a segregação sexual da colónia, que nesta espécie é mais ou menos marcada espacial e temporalmente.
Colonia de Miniopterus schreibersii em hibernação
Os machos deixam
os abrigos tendencialmente de mais tarde dos que as fêmeas. Alguns autores
descrevem esta conduta como um comportamento adaptativo, tendo como objetivo
reduzir a competição interespecífica pelos recursos alimentares na primavera,
quando as necessidades energéticas são maiores para as fêmeas que se encontram
prenhes, outros autores defendem que este comportamento se deve à necessidade
das fêmeas em se deslocarem para abrigos mais quentes de modo a iniciarem o
desenvolvimento embrionário mais rapidamente.
Macho de Miniopterus schreibersii anilhado
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