Sobre este pequeno coleóptero, a
informação que encontramos na Internet é muito escassa e incompleta.
Trata-se de um coleóptero
pertencente à família Cerambycidae, cujos membros apresentam antenas
extremamente longas que, por vezes ultrapassam o tamanho do próprio corpo. O
nome comum dado em Portugal (Longicórneo) pode ser estendido a outros membros
da família dos cerambicídeos.
Os adultos podem chegar a medir
1,4 centímetros, podem ser encontrados entre Abril e Julho e têm um ciclo de
vida anual.
Tanto as larvas como os adultos alimentam-se
de diferentes plantas como ortigas, malvas e diversas espécies de cardos, de
onde derivará o seu nome científico Agapanthia
cardui.
Esta espécie tem uma distribuição
ampla na Europa podendo ser encontrada na maioria dos países europeus.
Este indivíduo é um adulto e foi
fotografado em Maio no concelho de S. João da Pesqueira.
Quem anda no campo está sempre sujeito a tropeçar em bichos, mesmo que não sejam espécies que estejamos à espera. Foi o caso deste Cerambyxcerdo ssp. mirbecki no qual tropecei na Reserva da Faia Brava, quando me preparara a colocar um morcego (Plecotus austriacus) num sobreiro, que tinha capturado uns minutos atrás.
Espécie típica de sobreirais e carvalhais húmidos ibéricos, as suas larvas foram descritas por Ratzeburg em 1839 e desenvolvem-se nas partes morta de espécies arbóreas de Quercus, podendo também encontrar-se em espécie como Castanea, Betula, Salix, fraxinus, Ulmus, Juglans, Fagus, Robinia. Os adultos voam ao entardecer entre as árvores que lhe servem de alimento, podem-se ser observados entre Maio e Agosto.
Reprodução:
Os ovos são depositados entre Junho e Setembro, nas feridas e outras fendas do tronco e ramos das árvores. As larvas eclodem poucos dias depois da postura e o seu desenvolvimento dura 31 meses, sendo o primeiro ano passado na zona cortical, perfurando depois a madeira, onde escava uma série de galerias que debilitam a árvore e podem provocar a sua morte. As larvas desenvolvem-se ao longo de três a cinco anos e passam por cinco estádios larvares. A fase de pupa ocorre entre final do Verão e o Outono e dura 5-6 semanas. Os adultos hibernam, só surgindo no Verão seguinte para se reproduzir.Espécie predominantemente crepuscular-nocturna, o que dificulta a sua detecção. No médio mediterrâneo podem ser também observados ao durante o dia.
Distribuição
O Cerambyx cerdo apresenta uma distribuição euroasiática, contudo a subespécie mirbecki, localiza-se exclusivamente na área mediterrânica ocidental. Em Portugal é uma espécie difundida por todo o território nacional. No Sul está associada à distribuição de Quercus suber e Quercus rotundifolia.
Alimentação:
As larvas são xilófagas, consumindo madeira velha ou morta. Os adultos alimentam-se da seiva de feridas recentes e de frutos maduros.
Ameaças:
A principal ameaça do Cerambyx cerdo está associada à perda de habitat. Curiosidades:
Embora esta espécie seja predominantemente crepuscular-nocturna, não é raro serem encontrados indivíduos em plena luz do dia. Esta espécie parecer ser atraída pela luz ultra violeta. As fêmeas podem por mais de 300 ovos.
Dimensões:
As larvas chegam a atingir 9-10 cm, assim como o adulto.
Estatuto de conservação:
Esta espécie encontra-se no Anexo BII e BIV da Directiva Habitat, sendo de interesse comunitário, cuja conservação exige protecção rigorosa e a sua área de ocorrência exige a designação de zona especial de conservação. Encontrando-se ainda incluída nos anexos III da Convenção de Berna.
Referências e Sites:
Vives, E. (1996). Coleoptera Cerambycidae. Fauna Ibérica. C.S.I.C.. Museo de Ciencias Naturales de Madrid.
Luce JM (1997). Cerambyx cerdo Linnaeus, 1758. In: Background information on Invertebrates of the Habitats Directive and the Bern Convention. Part I - Crustacea, Coleoptera and Lepidoptera. Pp 22-26. Helsdingen PJ, Willemse L, Speight MCD (eds.). Nature and Environment, nº 79. Council of Europe.