sábado, 7 de janeiro de 2012

Nyctalus noctula

Embora o Morcego-arboricola-grande seja uma espécie classificada com Informação insuficiente (DD), muito provavelmente será uma das espécies mais raras de Portugal e mesmo da Península Ibérica. É uma espécie predominantemente florestal, no verão refugia-se sobretudo em cavidades de árvores antigas, mas pode também ocupar edifícios. Durante o Inverno utiliza estes abrigos assim como fendas rochosas. Os palácios do Real Alcázar de Sevilha, na Espanha, são algumas das residências reais mais antigas do mundo. É nas árvores dos jardins desse local que dezenas de morcegos da espécie arborícola-grande (Nyctalus noctula), encontraram um habitat seguro para viver.
Identificação:
O Nyctalus noctula é um morcego de tamanho grande (podendo atingir 40 cm de envergadura), robusto com cabeça grande e aplanada e orelhas largas, curtas e arredondadas, o trago, com nas restantes espécie do género são em forma de rim. O focinho é curto e largo, quando abre a boca é possível observar duas grandes glândulas brancas (parótidas) na parte interna da bochecha. Com olhos muito visíveis, redondos e negros. Tem pêlo denso, brilhante relativamente longo e unicolor, de coloração castanho-avermelhado-dourado. No machos os pêlos do pescoço, são particularmente longos, fazendo lembrar as jubas do leões eriçando-se quando agitados. As áreas desprovidas de pêlo são pretas ou castanhas, as asas são muito longas com pelos castanhos na parte inferior. Os machos na época do cio libertam um odor intenso e característico almiscarado.
Espécies similares:
A forma do trago é única no seu género e dentro deste o tamanho do antebraço é uma característica que permite distinguir perfeitamente as diferentes espécies (Nyctalus lasiopterus, noctula e leisleri).
Ecolocalização:
É provavelmente a espécie mais ruidosa dos quirópteros Ibéricos, tanto pela intensidade dos seus sons como pela variedade do seu reportório. Em voo emite dois tipos de ultra-sons muito potentes, que começam em frequência modulada e finalizam em frequência constante: Uns começam a 45 kHz e acabam a 23-24 kHz; outros mais duradouros e constantes, começam a 25 kHz e finalizam a 20-19 kHz. Estes últimos podem ser confundidos com os de Nyctalus lasiopterus. Tanto os machos como as fêmeas podem emitir sons muito variáveis, de carácter social, em voo ou mesmo nos refúgios, alguns destes sons são perfeitamente audíveis ao ouvido humano. Os machos são especialmente barulhentos no outono, durante as noites, emitindo sons audíveis (de 11 a 15 hKz).
Distribuição:
Esta espécie encontra-se em grande parte da Europa e Ásia, estendendo-se para a Sibéria, China, Norte do Vietname e Taiwan. Também foi referenciado em África. Trata-se de uma espécie praticamente desconhecida em Portugal. Até á pouco tempo atrás, o único registo no país era de um exemplar do Museu Bocage capturado em Pavia, contudo recentes estudos têm confirmado a sua presença em Portugal.
Habitat:
Como já foi referido é uma espécie florestal, que costuma refugiar-se em buracos de folhosas, produzidos por nós apodrecidos ou buracos feitos por picídeos, contudo também é possível encontra esta espécie em caixas abrigo ou em fendas de muros, edifícios, ponte ou afloramentos rochosos. Os poucos abrigos conhecidos na Península Ibérica limitam-se a árvores: castanheiros da índia, plátanos, freixos, choupos, além de um ou outro buraco de parede. O exemplar fotografado foi encontrado num buraco de um túnel.
Reprodução:
O desenvolvimento embrionário dura entre 70 e 73 dias, os partos (normalmente de gémeos), produzem-se entre finais de Junho e Julho, os ficam independente às seis semanas de vida. O cio começa no final de Agosto, a partir deste mês, os machos ocupam os refúgios individuais (que até ao momento podiam ser refúgios coloniais) até pelo menos à primeira quinzena de Novembro. Durante este período, os machos têm um comportamento muito territorial, defendendo o seu território ao mesmo tempo que atraem as fêmeas com a emissão de chamamentos sociais potentes do interior dos abrigos. No sul da Europa as cópulas produzem-se entre fêmeas migradoras e machos sedentários.
Alimentação:
É um típico caçador aéreo, que persegue captura as suas presas em voo, contudo ocasionalmente pode capturar presas no solo. A sua dieta é constituída principalmente por dípteros, coleópteros, tricópteros e lepidópteros.
Mobilidade:
O morcegos-arborícolas-grandes são parcialmente migradores, no final do verão, as colónias desagregam-se e as fêmeas deslocam-se para sul percorrendo por vezes várias centenas de quilómetros. Na Escandinávia e Dinamarca foram observados bandos de 500 a 1000 indivíduos, migrando mesmo em pleno luz do dia.
Medidas de conservação:
Conservação das áreas naturais ou artificiais (parques, avenidas, jardins, etc…) de folhosas com árvores velhas ou com cavidades.
Dimensões:
Tem um comprimento de antebraço (FA) que varia entre 46,0- 58,0 mm e tem um peso de 18-40 g. Podendo atingir os 40 cm de envergadura.
Estatuto de conservação:
Esta espécie de acordo com o Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal é classificada como “Informação insuficiente” (DD), não existindo até à data informação adequada para avaliar o risco de extinção, nomeadamente quanto à redução do tamanho da população e à tendência de declínio. Esta espécie encontra-se no Anexo BIV da Directiva Habitat, sendo de interesse comunitário, cuja conservação exige protecção rigorosa. Encontrado-se ainda incluída nos anexos II da Convenção de Berna e Bona.
Referências e Sites:
Alcalde, J. T. (1999). New ecological data on the noctule bat (Nyctalus noctula Schreber, 1774) (Chiroptera, Vespertilionidae) in two towns of Spain . Mammalia, 63: 273-280.
Alcalde, J. T. (2006). Conservación de las colonias españolas de nóctulo mediano. Quercus, 247: 24-30.
Alcalde, J. T. (2007). Nyctalus noctula (Schreber, 1774). Pp. 228-232. En: Palomo, L. J., Gisbert, J., Blanco, J. C. (Eds.). Atlas y libro rojo de los mamíferos de España. Dirección General para la Biodiversidad-SECEM-SECEMU, Madrid. 586 pp.
Dietz, C., O. V. Helversen & D. Nill (2009). Bats of Britain, Europe & Northwest Africa. A & C Black Publishers Ltd.
Gebhard, J. (1984). Nyctalus noctula - Beobachtungen an einem Traditionellen Winterquartier im Fels. Myotis, 21-22: 163-170.
Jones, G. (1995). Flight performance, echolocation and foraging behaviour in noctule bats, Nyctalus noctula. J. Zool., Lond., 237: 303-312.
Kanuch, P. Janeckova, K. Kristin, A. (2005). Winter diet of the noctule bat Nyctalus noctula. Folia Zoologica, 54 (1-2): 53-60.
Kronwitter, F. (1988). Population structure, habitat use and activity patterns of the noctule bat, Nyctalus noctula Schreb., 1774 (Chiroptera, Vespertilionidae) revealed by radio-tracking. Myotis, 26: 23-85.
Limpens, H. J. G. A., Bongers, W. (1991). Bats in dutch forests. Myotis, 29: 129-136.
Mackenzie, G. A., Oxford , G. S. (1995). Prey of the noctule bat (Nyctalus noctula) in East Yorkshire . J. Zool., Lond., 236: 322-327.
Petit, E., Mayer, F. (1999). Male dispersal in the noctule bat (Nyctalus noctula): where are the limits? Proc. R. Soc. Lond. B, 266: 1717-1722.
Rachwald, A. (1992). Habitat preference and activity of the noctule bat Nyctalus noctula in the Bialowieza Primeval Forest . Acta Theriologica, 37: 413-422.
Ruedi, M., Tupinier, Y., Paz, O. de (1998). First breeding record for the noctule bat (Nyctalus noctula) in the Iberian Peninsula . Mammalia, 62: 301-304.
Sluiter, J. W., Van Heerdt, P. F. (1966). Seasonal habits of the noctule bat (Nyctalus noctula). Archives Néerlandaises de Zoologie, 16: 423-439.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Inquilinos anónimos


Embora o Morcego-rabudo (Tadarida teniotis) seja um morcego de voo alto (podendo caça a 300 metros de altura) e rápido (atingindo 65Km/h), é uma espécie que utiliza muitas vezes estruturas artificiais, nomeadamente a nossas casas, podendo por vezes criar alguns conflitos.










Visando apoiar a população em geral quanto a situações de coabitação e exclusão de morcegos, está  disponível, no portal do ICNB, o documento guia de apoio de coabitação e exclusão de morcegos.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

É bicho ou pau?

 A Empusa pennata, o diabinho, também conhecido como "o bicho pau" é uma espécie de inseto da família Empusidae que ocorre apenas na Península Ibérica e França, vive em zonas de matos secos.

 
É um inseto que apresenta uma cabeça pequena com uma protuberância entre as duas antenas, um tórax comprido e delgado, um abdómen pequeno e curvo. O primeiro par de patas localiza-se na parte superior do tórax, enquanto que as outras quatro (sim! Tem seis patas) situam-se mais a baixo. Os adultos possuem asas, mas as ninfas não, contudo ambas formas são caracterizadas por apresentar rugosidade na cutícula, assim como a sua cloração ocre, que as camufla com a erva seca do seu habitat. Os machos adultos têm antenas plumosas.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Lontra de 1914



Angel Cabrera em 1914, descreveu assim esta espécie:
Cabeça. aplastada; orejas muy chicas, casi ocultas bajo el pelo; la porción desnuda del hocico, que en este género es un carácter de cierto valor taxonómico, no muy grande, comprendida por completo entre las ventanas de la nariz y con el borde superior muy convexo en el centro y cóncavo á los lados. Pies con las plantas desnudas. Pelaje corto, muy compacto, lustroso, ocultando una borra igualmente espesa y corta. Color general pardo Prout ó tierra de sombra, pasando á gris sucio en las partes inferiores, más pálido, casi blanco, en la garganta. La borra es del mismo color del pelo, pero con la parte próxima á la raíz de un color de ante muy claro, casi blanco. Se encuentran algunas ligeras variantes de color, siendo frecuentes los ejemplares en que el pardo tira á canela. Cráneo muy aplastado, con el rostro corto y estrecho y la región postorbitaria más estrecha todavía; apófisis postorbitarias muy poco salientes. Las hembras son siempre un poco más pequeñas que los machos.
La. nutria abunda todavía bastante en muchos de nuestros ríos y lagunas. Vive entre las raíces de los árboles próximos al agua, ó en las cuevas abandonadas por los zorros y tejones. Se alimenta de peces, culebras, ranas, ratas de agua y algunas aves acuáticas.”



quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Morcegos em casa!

Uma das nossas leitoras assíduas, enviou um e-mail dizendo que tinha encontrado um morcego dentre de sua casa, após ver as fotos verificamos que se tratava de um Tadarida teniotis. Deixo aqui o testemunho da Soraya, como agradecimento ao comportamento que teve perante a presença de morcegos em sua casa.
 Morcego-rabudo (Tadarida teniotis)

 “Comprei há pouco tempo uma casa que esteve desabitada muitos anos e só era usada como casa de férias. Esta situada num quarto andar de um dos prédios mais altos da Charneca da Caparica e tem uma vista privilegiada sobre o mar e a mata. Por cima tem só mais um apartamento que também se encontra desabitado há bastante tempo, uma vez que os donos se encontram no estrangeiro.
Numa das casas de banho encontrei fezes que saiam das grelhas de ventilação e já tinha ouvido ruídos estranhos mas pensava que vinham da casa dos vizinhos. Quando usei o aspirador para limpar parte da porcaria que passava pelas grelhas os parafusos de baixo já velhos e enferrujados caíram ficando assim aberta a passagem.
Um ou dois dias depois ao chegar a casa a noite ouvi um ruído estranho no hall de entrada que não sei se seria o som emitido pelo morcego para se orientar ou o barulho das patas em contacto com a tijoleira. Quando acendi a luz num dos quartos vi uma pequena figura a desaparecer por traz duns sacos. A primeira coisa que me veio a cabeça foi um rato e fechei logo a porta e tapei a falha por baixo para ele não conseguir sair. No dia seguinte já com a ajuda dos meus pais e armados de vassouras e de uma ratoeira fomos a procura do pequeno roedor ate que nos deparamos com um morcego num cantinho do quarto. A surpresa foi total! Não sei quem se terá assustado mais, ele ou nós. Mesmo assim tive a sorte de não me deparar com ele de asas abertas a voar dentro de casa.
Pegamos-lhe com um pano e já dentro de um alguidar demos-lhe fruta que ele não comeu! Não emitiu qualquer som e só se mostrou mais agressivo quando lhe pegamos.
Os meus pais levaram-no e soltaram-no nessa mesma noite numa das varandas da casa e ele desapareceu passado pouco tempo. De vez em quando ainda escuto ruídos estranhos. Será que os sons são mesmo da casa dos vizinhos ou será que o morcego decidiu voltar para a sua casa? Afinal ele estava cá primeiro.” (Soraya Oliveira, 02 Novembro de 2011).
 Vista do habitat envovente ao local onde se abriga o morcego

sábado, 29 de outubro de 2011

Diferenças e semelhanças


 Macho de Alytes cisternasii (Sapo-parteiro-ibérico), transportando ovos

A reprodução do sapo-parteiro-ibérico, dá-se por um amplexo lombar, posição na qual os machos acumulam os ovos entre as suas patas posteriores. O amplexo ocorre em terra, durante uns 30-45 minutos, na qual o macho roça a cloaca da fêmea com os seus pés de forma repetida, acabando assim por provocar a saída dos ovos, então o macho abraça a fêmea pelo pescoço e fecunda os ovos expulsando o seu esperma com violentas sacudidelas, depois de descansar uns 20 minutos envolve as filas de ovos ao redor das suas patas posteriores e solta a fêmea. Este comportamento pode-se repetir várias vezes, acumulando ovos de várias fêmeas. Deste modo o macho está encarregue de cuidar dos ovos e cada noite sai para se alimentar e humedecer os ovos. Ao fim de três semanas as larvas eclodem e nadam no ponto de água que o seu progenitor seleccionou e ao fim de 2-4 meses a metamorfose é completada, contudo em condições adversas a metamorfose por retarda-se por um ou mais anos. Do mesmo modo, a metamorfose por ocorrer prematuramente, isto pode acontecer quando o ponto de água seca rapidamente. Depois da metamorfose deixam os corpos de água e passam a viver em terra. Uma particularidade dos machos que transportam ovos é que nunca submerge mesmo quando são perturbados.

Fêmea de Allocosa fasciiventris (Tarântula-ibérica), transportando crias (Foto: João Gaiola)

Embora a seda produzida por esta espécie não seja utilizada para construir teias, tem um papel importante nos processos reprodutivos. Nos seus fios encontram-se substâncias que actuam como feromonas sexuais, permitindo aos machos seguirem o rasto das fêmeas até a localizarem. Previamente cópula propriamente dita, dá-se um cortejo bastante ritualizado. Após a cópula a fêmea realiza a postura, depositando e envolvendo os ovos em seda branca, resultando numa ooteca (bolsa de seda onde as aranhas depositam os ovos) esférica que irá transportar durante alguns dias pendurado nas patas posteriores. Após a eclosão, as pequenas aranhas abandonam o casulo e trepam para o dorso materno, cobrindo o opistoma de uma forma espectacular, onde permanecem até à segunda muda, a pós a qual se inicia a dispersão e o crescimento independente.

domingo, 23 de outubro de 2011

Anfíbios e estradas!

A mortalidade de animais nas estradas constitui um dos impactes visíveis e do conhecimento geral. Para as pessoa que como eu, fazem pelo menos 100Km diários de estrada estes acontecimentos são muito frequentes e quase diários, independentemente da maior dos percursos serem os mesmos.

Para o “comum mortal” a mortalidade de carnívoros com estatuto de conservação mais elevado como por exemplo o lobo-ibérico (Canis lupus signatus) ou o lince-ibérico (Linx pardinus), é uma perda insubstituível, de tal forma que a projecção de vias de comunicação em área de ocorrência desta espécies têm sempre em consideração medidas de minimização e/ou compensação para estas espécies.

O principal problema da aplicação de medidas de minimização de mortalidade de anfíbios em estradas, é a dificuldade que os Estudos de Impacte Ambiental (EIA), têm em identificar os corredores ecológicos (corredores migratórios) deste grupo faunístico, sendo que apenas depois das vias de comunicação estarem em exploração é que são identificados os “pontos negros” (locais onde a via de comunicação cruza o corredor de migração), momento temporal e processual em que é muito difícil aplicar qualquer medida de minimização e/ou compensação.

A Pós-avaliação de projectos de vias de comunicação, seria uma das ferramentas que poderiam minimizar um impacte que não foi possível identificar em processo de AIA.

As primeiras chuvas de Outono são propícias à ocorrência de migrações da grande parte dos Anfíbios.

ESTEJA ATENTO! DIMINUA A VELOCIDADE E EVITE ATROPELAR ESTES ANIMAIS!

 Alytes obstetricans, Lagoa (Macedo de Cavaleiros)

 Bufi bufo, Castro Vicente (Mogadouro)

 Bufo calamita, Brunheda (Carrazeda de Ansiães)

 Hyla arborea, Mogadouro (Modadouro)

 Pelobates cultripes, Duas Igrejas (Miranda do Douro)

 Salamandra salamandra, Cova da Lua (Bragança)

 Triturus marmoratus, Presandães (Alijó)

sábado, 1 de outubro de 2011

Bem agarradinhos!

O aspecto robusto, típico de sapo, com pupila vertical e umas esporas negras nas patas posteriores (que utiliza para escavar), são as características distintivas do Pelobates cultripes (sapo-de-unha-negra). A sua coloração é muito variável, normalemnte com manchas que formam desenhos sinuosos ou bandas irregulares sobre fundo claro. Com um tamanho que pode ir até aos 12 cm e pode viver até aos 15 anos.

De hábitos crepusculares ou nocturnos, é uma espécie muito terrestre, que apenas utiliza as massas de água para se reproduzir que pode ir desde o Outono até à Primavera, dependendo das condições climatéricas locais. Prefere solos brandos (onde se podem enterrar).
Esta espécie ocorre em toda a Península Ibérica e no Sul da França.

 
Outra particularidade desta espécie é que as larvas podem atingir o tamanho dos adultos (12 cm)






sábado, 24 de setembro de 2011

A noite dos barbastellus!

O Outono é uma época particularmente importante para os morcegos, é nesta altura que se inicia o período de cio e respectiva cópula, para tal, diversas espécies dirigem-se para locais específicos: “swarming sites”, onde tentam encontrar parceiro/a para acasalarem.
Além de ser uma época importante para os morcegos, é também uma época muito propícia para a captura de morcegos, já que abundância e diversidade de morcegos nos “swarming sites” são muito elevadas, resultando numa maior taxa de captura e diversidade.
Esta semana a sessão de captura foi curta mas bastante profícua, uma hora e meia e 3 metros de rede, resultaram na captura de 18 individuos (7♂ e 4♀ de Barbastella barbastellus, 2♂ de Miniopterus schreibersii, 1♂ de Myotis blythii, 1♀ de Myotis daubentonii e 3♂ de Myotis escalerai).

Os 11 Barbastella barbastellus, capturados são sem dúvida o dado mais interessante desta sessão de captura, de facto esta espécie de aspecto muito particular, caracterizado pelas suas orelhas triangulares, curtas, largas e quase unidas na sua base é uma espécies classificada como Informação Insuficiente (DD), visto que não existe informação adequada para fazer uma avaliação directa ou indirecta do seu risco de extinção, com base na sua distribuição e/ou estado da sua população. Um taxon incluído nesta categoria pode estar muito bem estudado e a sua biologia ser perfeitamente conhecida, contudo a falta de dados sobre a sua distribuição e/ou abundância não permite que seja incluído, inequivocamente, numa categoria de estatuto de conservação em particular. Classificar um taxon na categoria DD indica que é necessária mais informação e que se reconhece que a investigação futura é um imperativo para a desejável classificação numa categoria mais informativa, podendo ser de ameaça ou não.
A medição do antebraço dos mais de vinte indivíduos já capturados, distribuídos por 9 quadrículas 10X10 km, aponta para uma dimensão média (39,44mm) enquadrada nas medições de referência, verificando-se um antebraço médio ligeiramente superior nas fêmeas (média=39,95mm; Máx. =41,29mm Mim=39,00mm) quando comparados como os machos (média=38,94mm; Máx. =41,79; Mim=36,95), embora estes apresentem dimensões de maiores amplitudes (Max. e Min.).

domingo, 11 de setembro de 2011

Agora é a vez delas!


Aeshan mixta

Durante a Primavera e o Verão dezenas de espécies de Odonatas completam o seu ciclo de imago, atingindo a fase final e primordial da sua vida, a reprodução e a perpetuação dos seus genes. Algumas espécies podem apresentar várias gerações por cada época (bivoltina ou mesmo trivoltina) e terem uma grande período de reprodução. Mas chegando o Outono é a vez delas! O período mais frenético para a Aeshan mixta, começa agora e não antes!
Esta espécie que emerge em charcas e águas remansosas no final do Inverno ou início da Primavera, desloca-se afastando-se destes meios aquáticos, subindo para habitas mais frescos e invadindo zonas florestais de montanha onde procura alimento mais fácil, protecção do rigor do Verão e de predadores e completa o seu ciclo de maturação. Estas movimentações, normalmente são massivas e por vezes de muitos quilómetros. No Outono, depois de vários meses de alimentação e atingida a maturação sexual, voltam para os locais onde emergiram, com a finalidade de copularem e realizar as posturas, altura em que a temperatura já diminuiu.
 Sympetrum striolatum

Estas deslocações, como estratégia para se refugiarem em outros habitats durante uma época ou estação pouco favorável é também utilizado pela Sympetrum striolatum.