Promenor dos olhos de um Morcego-arborícola-grande (Nyctalus noctula)
Os morcegos
que existem na nossa fauna usam o sonar (ecolocalização) para navegar em
ambientes escuros, outros mamíferos (incluindo morcegos frugívoros) e aves noturnas
confiam em outros sentidos tais como a visão, o olfato ou a audição. Do ponto
de vista evolutivo a ecolocalização é claramente mais recente do que a visão,
sendo que a visão é capaz e transmitir muito mais informação por unidade de
tempo do que a ecolocalização, além do que, a informação bio-sonar tem uma
resolução angular muito menor em comparação com a informação visual. Alguns
estudos demonstraram que os morcegos (os que usam ecolocalização) são capazes
de “desligar” a ecolocalização quando têm luz suficiente para navegar.
Promenor dos olhos de um Morcego-orelhudo-castanho (Plecotus auritus)
Sendo
assim, porque é que a maioria dos morcegos (todos da nossa fauna), optaram pela
ecolocalização durante o seu desenvolvimento evolutivo?
Promenor dos olhos de um Morcego de bechstein (Myotis bechsteinii)
A
ecolocalização é certamente vantajosa em relação à visão em ambientes
extremamente escuros ou na ausência total de luz, como são os abrigos
subterrâneos, contudo a maior pate dos morcegos costumam emergir dos sues
abrigos imediatamente após o pôr-do-sol em níveis intermédios de luz (1-10 lux).
A atividade alimentar dos nossos morcegos ocorre principalmente durante as
primeiras horas da noite, onde a luz crepuscular ainda se faz sentir, que
coincide como os picos de abundância de insetos. O grau de dependência que os
morcegos têm da visão ou da combinação da visão e ecolocalização em ambientes
de luz intermédia é mal conhecida, contudo os olhos dos morcegos que usam a
ecolocalização (todos da nossa fauna), parecem conferir um maior desempenho sob
ambiente e condições de luminosidade característicos do anoitecer.
Estudos
recentes, sugerem que entre as duas modalidades sensoriais (visão e
ecolocalização), a visão é mais vantajosa para a deteção de objetos de grandes
dimensões (e.g. arribas, casa, arvores, etc…) e a ecolocalização é mais
vantajosa para a deteção de pequenos objetos, tais como insetos, mesmo quando
existe ainda alguma luz.
Figura adapatada de Boonman et al., 2013
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