Myotis blythii infetado com Pseudogymnoascus destructans
Atualmente uma
das maiores ameaças para a biodiversidade faunística é a emergência de doenças
e infeções, que na maioria das vezes são causados por distúrbios antropogénicos
que contribuem substancialmente para esses surtos de doenças e infeções. Grande
parte dos agentes patogénicos da fauna selvagem, são de origem bacteriológica
ou viral, embora poucas espécies de fungos causam doenças graves em mamíferos
devido à sua elevada temperatura corporal e ao seu sistema imunitário eficaz, atualmente
as infeções fúngicas têm tido uma atenção especial.
Myotis blythii infetado com Pseudogymnoascus destructans
No que respeita
aos quirópteros, o fungo Pseudogymnoascus destructans (antes designado
de Geomyces destructans) é o agente causador da síndrome do nariz branco
(WNS - sigla do Inglês White-Nose Syndrome). Considerada uma epidemia de grandes
proporções e encarada atualmente como uma das maior ameaça para os morcegos da
América do Norte, o WNS é responsável por um declínio sem precedentes nas
populações de morcegos. Este fungo, combina algumas das piores características
epidemiológicas possíveis, incluindo ser um agente patogénico altamente
virulento, ter um reservatório ambiental natural, ser persistente de longo
prazo em abrigos de hibernação e poder ter múltiplos hospedeiros (indivíduos e
espécies).
Myotis blythii infetado com Pseudogymnoascus destructans
A maioria dos
morcegos em regiões temperadas entram em hibernação sazonal, tempo em que
reduzem sua taxa metabólica e diminuem a temperatura corporal até se aproximar
da temperatura ambiente do abrigo de hibernação, o que pode alterar a resposta
imunológica a agentes patogénicos, deste modo durante a hibernação, os morcegos
estão vulneráveis à infeção pelo fungo Pseudogymnoascus
destructans, que emergiu como um novo agente patogénico no leste da América
do Norte em 2006, onde até à já matou mais de 7 milhões de morcegos! Os estudos
realizados na Europa têm demonstrado um elevado grau de endemicidade deste
fungo nos morcegos europeus, os dados sugerem uma tolerância por parte dos
morcegos a este fungo, entrando numa interação equilibrada entre hospedeiro e
agente patogénico e por isso não causando mortalidades significativas. Contudo,
qualquer alteração em qualquer um das variáveis deste equilíbrio pode
desencadear uma mudança drástica neste complexo sistema hospedeiro e agente
patogénico. Embora a origem do WNS na América do Norte permanece desconhecida,
esta discrepância na virulência (mortalidade) entre os dois continentes, têm
apontado para uma introdução (humano e acidental) do continente europeu para o
continente Norte Americano.
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