domingo, 20 de novembro de 2016

Uma questão genética!


Myotis alcathoe

Um dos principais problemas da taxonomia moderna, é a delimitação do que é considera da uma espécie nova ou não. Os morcegos são a segunda Ordem mais numerosa de mamíferos e com uma distribuição mundial. O seu estudo taxonómico esteve estável até à segunda metade do século XX, tornando-se intensivo durante as últimas décadas.
O papel crescente dos estudos moleculares aumentou repercutindo-se no número de novas espécies de morcegos cientificamente reconhecidas, através da confirmação de antigas suspeitas ou de espécies mais raras como é o caso do Myotis alcathoe ou o Plecotus sardus.
Aplicação de técnicas moleculares está a ser desenvolvias a um ritmo exponencial e os investigadores acreditam no seu poder de alta resolução. Tendo em conta o estabelecimento das extensivas bases de dados genéticas, o estudo da taxonomia dos morcegos através da genética molecular foi fortemente estimulada. No entanto, existem muitos resultados destes estudos que permanecem incertos e até questões de validação sobre os resultados de estudos mais antigos que utilizavam técnicas diferentes.
Embora existam sugestões sobre a magnitude das distâncias inter e intraespecíficas, a última pode ser bastante variável, mesmo dentro do mesmo género. Por exemplo, a distância entre três espécies do complexo de Miniopterrus "schreibersii" é muito menor em comparação com as de outras espécies desse gênero, pelo que alguns estudos tentam confirmam o “status” da espécie das três formas do complexo. Em contraste, dentro do Pipistrellus kuhlii na Europa existem três mtDNA distintos que formalmente estão ajustando ao nível de espécies distintas, nas quais não foram encontrados obstáculos no fluxo genético das suas populações. A partir dos estudos de taxonomia do gênero Eptesicus em geral e do complexo de espécies "Eptesicus serotinus" em particular, foram verificados que os processos da evolução reticulada pode desempenham um papel significativo na especiação e podem ser responsáveis por alguns dos casos complicados de relações entre espécies e populações de morcegos. Embora a novos métodos e técnicas de análises estejam a ser desenvolvidas para a identificação formal de limites de espécies, ainda não existem ferramentas para géneros de morcegos mais complicados.
Miniopterrus schreibersii

Definitivamente, a maioria dos investigadores tentam utilizar vários conjuntos de dados para resolver problemas taxonómicos particulares, este tipo de abordagem é designado de "taxonomia integrativa". No entanto, alguns investigadores apontam que não existem ferramentas para tornar os estudos taxonómicos verdadeiramente "integrativos" já que a contribuição proporcional das diferentes fontes de dados não é possível, deste modo propõem uma abordagem do tipo "taxonomia iterativa" concebido para uma primeira abordagem de modo a revelar as "espécies candidatas" e assim verificar de forma coerente por outras fontes de dados o estatuto da “espécie candidata”.
Eptesicus serotinus

Embora este problema seja global, a taxonomia nas regiões tropicais tem como principal problema a falta de base de dados com a quantidade suficiente, enquanto nas zonas temperadas o principal problema é a falta de base de dados com uma representação estendida a toda as áreas de distribuição da espécie em estudo.
De qualquer forma, a questão dos limites das espécies e da sua classificação exige uma abordagem abrangente e consensual.


Bibliografia: Kruskop (2016) Species and species delimitation problem in the bats. Archive of Zoological Museum of LMSU, 54:161-190

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