Myotis bechsteinii
Embora seja
uma espécie eminentemente florestal e em particular ligada a florestas de
folhosas bem desenvolvidas, o facto do Morcego
de Bechstein (Myotis bechsteinii) se tratar de uma espécie altamente sedentária com
deslocações em torno de 1Km (embora os machos se possam deslocar mais) faz com
que esta espécie possa ser encontrada em pequenas bolsas residuais de folhosas
no meio de outros habitats (um dos exemplos são as pequenas manchas residuais
de carvalhos e castanheiros que existem no meio da exploração de pinheiro,
eucaliptos e pseudotsuga da Portucel na Serra da Malcata). De facto as espécies
termófilas como o Myotis bechsteinii
foram mais abundantes durante o holoceno quando os bosques mistos e temperados
abundavam no nosso território, atualmente esta espécies encontra-se em
regressão e a sua distribuição está cada vez mais limitada aos habitats
residuais desse período.
Myotis bechsteinii
Myotis bechsteinii
Myotis bechsteinii
De
acordo com o Atlas de Morcegos de Portugal, os registos
atuais do Morcego de Bechstein restinguem-se a meia dúzia de quadrículas UTM
(10x10kM) e mais 8 registos históricos, pelo que é uma das espécies de morcegos
mais raras e com uma população mais fragmentada em Portugal.
Mapa de distribuição de Myotis bechsteinii (fonte: Atlas de Morcegos de Portugal)
Entre
o final do Verão e do Outono, a maior parte das nossas espécies de morcegos
reúnem-se em abrigos subterrâneos, onde caçam (no interior e no seu entorno), exibem
comportamentos de voo particulares, emitem vocalizações de socialização e
acasalam. Este fenómeno é designado de swarming
(que traduzido à letra significa enxame ou ajuntamento) e cada uma das
espécies, entre o final do Verão e do Outono tem o seu período de swarming que pode variar em função da
dimensão da população, da espécie e das condições climáticas.
Pormenor dos epidídimos de um Myotis emarginatus em época de acasalamento
Estes
locais de swarming desempenham um
papel fulcral na conservação das populações de morcegos já que são locais onde
muitas espécies acasalam. Um único sítio swarming
pode ser o local de acasalamento de várias espécies diferentes, além de que a
congregação de muitos indivíduos da mesma espécie faz com que haja um fluxo
genético entre as populações mais isoladas, diminuindo assim a sua endogamia.
Myotis
bechsteinii
Por
uma questão de proximidade e contenção de custos (em particular quando os
gastos saem do nosso bolso), os nossos trabalhos estão
muito centrados no Norte de Portugal e de facto a informação que temos
recolhido durante os últimos 6 anos já é considerável não só em termos de
distribuição de observações, como na
identificação de locais importantes para a conservação dos morcegos, como por
exemplo este local de swarming de Barbastella
barbastellus.
Desta vez foi a identificação de um local de swarming de Myotis
bechsteinii, M. escalerai e de M. emarginatus.
Myotis escalerai
Myotis escalerai
Myotis emarginatus
Myotis emarginatus
A
proteção eficiente dos morcegos deve incidir sobre todos os refúgios utilizados
durante todo o ciclo anual (hibernação, reprodução, migração e acasalamento) e
não só sobre os mais convencionais (hibernação e reprodução). Tendo em
conta a importância que os locais sawrming
representam, seria importante desenvolver esforços para os localizar, identificar e caracterizar de modo a serem devidamente classificados como de Importância Nacional
(como já o são os abrigos de criação e hibernação). Acresce o facto, que
muitos destes locais são sítios onde ocorrem espécies raras e com estatuto de
conservação desfavorável como é o caso do Myotis bechsteinii que está classificado de Em
Perigo.
Myotis bechsteinii
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