sexta-feira, 21 de março de 2014

Epidalea calamita (sapo-corredor)





Atualmente encontram-se descritas cerca de 4680 espécies de anfíbios no mundo e os Anuros constituem a ordem mais numerosa dos anfíbios, com cerca de 4100 espécies descritas de rãs, relas e sapos. De uma forma geral apresentam um corpo reduzido sem cauda, as patas posteriores são maiores que as anteriores, encontrando-se adaptadas ao salto e durante o estado larvar possuem uma cauda bastante conspícua e um corpo volumoso. Uma das espécies mais comuns de Anuro no nosso território continental é o Epidalea calamita (sapo-corredor, anteriormente designado de Bufo calamita), que ocorre desde o nível do mar até aos 1900 m de altitude, na Serra da Estrela. Está adaptado a uma grande variedade de condições climáticas, ocupando desde regiões montanhosas com elevada precipitação, no Norte do país, a zonas semiáridas, no Sul.



Uma das características distintivas do Epidalea calamita (sapo-corredor) é a orientação horizontal da pupila e a coloração verde da íris.  
O sapo-corredor faz jus ao seu nome comum, contrariamente aos restantes sapos que se deslocam através de saltos, o sapo-corredor desloca-se através de pequenas corridas mais ou menos rápidas. 

 
A sua evolução reprodutiva foi-se especializando à utilização de charcos temporários, à concentração dos acasalamentos e a um ciclo de metamorfótico reduzido, sendo mesmo o anfíbio da nossa fauna a completar este ciclo, que em caso de stress hídrico pode ser realizado em apenas 20-30 dias. Esta evolução permitiu a este anfíbio utilizar corpos de água que por serem temporários, estão menos sujeitos a predadores, reduzindo assim a taxa de mortalidade de ovos e larvas.



O sapo-corredor, tem um aspeto robusto, com 6-9 cm de dimensão, pele rugosa com numerosas verrugas mais ou menos aplanadas podendo variara entre o castanho e o vermelho, a sua coloração dorsal é bastante variável, mas normalmente é com manchas irregulares esverdeadas sobre um fundo esbranquiçado e com um ventre de coloração clara com manchas escuras.



Embora seja uma espécie caracterizada de hábitos crepusculares ou noturnos, podem ser observados com alguma frequência exemplares ativos durante o dia, especialmente com tempo húmido e em zonas mais sombrias, tais como bosques frondosos, entrada de minas e linhas de água encaixadas. Durante o dia refugiam-se em lugares escuros e húmidos, como debaixo de grandes pedras e troncos, fendas, tocas de pequenos roedores, reentrâncias de rochas ou afloramentos rochosos, minas e grutas. São animais com hábitos terrestres cuja ligação à água está limitada ao período reprodutor e desenvolvimento larvar. 

 
Durante a época reprodutiva e aproveitando as águas das chuvas primaveris, o macho abraça fixamente a fêmea sob as axilas (amplexo axilar) e fertiliza os 4000 ovos que ela libertam agrupados num longo e um fino cordão gelatinoso constituído por apenas uma fiada de ovos. Após 5-15 dias da postura eclodem os girinos com 1 a 3 cm de comprimento, a sua metamorfose decorre entre 20 dias a dois meses. A maturidade sexual do sapo-corredor é atingida aos 2 anos e a sua longevidade na natureza normalmente não supera os 5 anos. 
Uma das maiores ameaças desta espécie é sem dúvida a sua morte por atropelamento, principalmente na época de reprodução, altura em que os indivíduos necessitam de se deslocar (podendo percorrer várias centenas de metros) até zonas de reprodução. Entre os seus inimigos naturais incluem-se as cobras de água, víboras e várias aves de rapina (milhafres, tartaranhões, águias, mochos e corujas) e as lontras.


Os adultos alimentam-se essencialmente de escaravelhos, moscas, minhocas e larvas de insetos e as larvas são predominantemente herbívoras e detritívoras.





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