Atualmente
encontram-se descritas cerca de 4680 espécies de anfíbios no mundo e os Anuros
constituem a ordem mais numerosa dos anfíbios, com cerca de 4100 espécies
descritas de rãs, relas e sapos. De uma forma geral apresentam um corpo
reduzido sem cauda, as patas posteriores são maiores que as anteriores, encontrando-se
adaptadas ao salto e durante o estado larvar possuem uma cauda bastante
conspícua e um corpo volumoso. Uma das espécies mais comuns de Anuro no nosso território
continental é o Epidalea
calamita (sapo-corredor,
anteriormente designado de Bufo calamita),
que ocorre desde o nível do mar até aos 1900 m de altitude, na Serra da Estrela.
Está adaptado a uma grande variedade de condições climáticas, ocupando desde
regiões montanhosas com elevada precipitação, no Norte do país, a zonas
semiáridas, no Sul.
Uma das
características distintivas do Epidalea calamita
(sapo-corredor) é a orientação horizontal da pupila e a coloração verde da íris.
O
sapo-corredor faz jus ao seu nome comum, contrariamente aos restantes sapos que
se deslocam através de saltos, o sapo-corredor desloca-se através de pequenas
corridas mais ou menos rápidas.
A sua evolução reprodutiva foi-se
especializando à utilização de charcos temporários, à concentração dos acasalamentos
e a um ciclo de metamorfótico reduzido, sendo mesmo o anfíbio da nossa fauna a
completar este ciclo, que em caso de stress hídrico pode ser realizado em
apenas 20-30 dias. Esta evolução permitiu a este anfíbio utilizar corpos de
água que por serem temporários, estão menos sujeitos a predadores, reduzindo
assim a taxa de mortalidade de ovos e larvas.
O sapo-corredor, tem um aspeto robusto, com 6-9 cm de dimensão, pele rugosa
com numerosas
verrugas mais ou menos aplanadas podendo variara entre o castanho e o
vermelho, a sua coloração dorsal é bastante variável, mas normalmente é com
manchas irregulares esverdeadas sobre um fundo esbranquiçado e com um ventre de
coloração clara com manchas escuras.
Embora
seja uma espécie caracterizada de hábitos crepusculares ou noturnos, podem ser observados
com alguma frequência exemplares ativos durante o dia, especialmente com tempo
húmido e em zonas mais sombrias, tais como bosques frondosos, entrada de minas
e linhas de água encaixadas. Durante o dia refugiam-se em lugares escuros e
húmidos, como debaixo de grandes pedras e troncos, fendas, tocas de pequenos
roedores, reentrâncias de rochas ou afloramentos rochosos, minas e grutas. São
animais com hábitos terrestres cuja ligação à água está limitada ao período
reprodutor e desenvolvimento larvar.
Durante a época
reprodutiva e
aproveitando as águas das chuvas primaveris, o macho abraça fixamente a fêmea sob as
axilas (amplexo axilar) e fertiliza os 4000 ovos que ela libertam agrupados num
longo e um fino cordão gelatinoso constituído por apenas uma fiada de ovos.
Após 5-15 dias da postura eclodem os girinos com 1 a 3 cm de comprimento, a sua
metamorfose decorre entre 20 dias a dois meses. A maturidade sexual do
sapo-corredor é atingida aos 2 anos e a sua longevidade na natureza normalmente
não supera os 5 anos.
Uma das maiores
ameaças desta espécie é sem dúvida a sua morte por atropelamento, principalmente
na época de reprodução, altura em que os indivíduos necessitam de se deslocar
(podendo percorrer várias centenas de metros) até zonas de reprodução. Entre os
seus inimigos naturais incluem-se as cobras de água, víboras e várias aves de
rapina (milhafres, tartaranhões, águias, mochos e corujas) e as lontras.
Os adultos
alimentam-se essencialmente de escaravelhos, moscas, minhocas e larvas de
insetos e as larvas são predominantemente herbívoras e detritívoras.
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