sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Migração das aves


De uma forma simplificada podemos descrever a migração das aves como uma deslocação intencional e periódica entre os locais de nidificação e os locais de invernada. Estes movimentos são, geralmente, efectuados ao longo do eixo Norte-Sul e podem ser percorridas grandes distâncias (até 18 000 kms no caso da Gaivina do Árctico Sterna paradisea). Os principais objectivos destes movimentos são encontrar mais facilmente alimento e ter melhores condições meteorológicas.

Estas movimentações desde muito cedo têm despertado a nossa curiosidade e admiração pelo que têm sido muito estudadas utilizando técnicas como o registo das datas de chegada a diferentes locais, a anilhagem e a marcação com emissores de satélite ou geo-localizadores.

Devido aos seus movimentos, as espécies migradoras ficam expostas a um maior número de factores de ameaça como a destruição de habitat (especialmente nos locais de invernada ou de descanso) ou estruturas potencialmente perigosas como as linhas eléctricas ou aerogeradores e a perseguição (especialmente durante as suas movimentações). Também as alterações climáticas podem afectar, de forma particular, este conjunto de aves podendo causar o aumento das distâncias a percorrer ou alterar o calendário fenológico da espécie.

Todos conhecemos casos de espécies migradoras que invernam em África e que se vêm reproduzir ao nosso país como é o caso dos Cucos ou das Cegonhas.
De facto, em Portugal há espécies que apenas estão presentes durante a época de nidificação e se deslocam para o continente africano para aí invernarem e há espécies que apenas estão presentes no Inverno fazendo movimentos migratórios para as áreas de reprodução no norte e centro da europa. No entanto, esta diferenciação, nem sempre é assim tão clara já que há espécies em que apenas uma parte da população migra (como é o caso da Cegonha-branca Ciconia ciconia) ou casos em que a espécie apresenta movimentos de migração a norte do país e ocorre todo o ano a sul (como é o caso da Codorniz Coturnix coturnix).




Está prestes a iniciar mais uma época de chegadas das espécies que vêm nidificar ao nosso país. A cada ano vai havendo algumas alterações das datas das primeiras observações deste conjunto de aves. Deixo aqui um pequeno registo que fui fazendo no ano de 2013, com as datas e locais em que observei pela primeira vez algumas destas espécies.


Nome comum
Nome científico
1ª Obs.2013
Localidade (concelho)
Andorinha-dos-beirais
Delichon urbicum
04-Fev
São João da Pesqueira
Águia-cobreira
Circaetus gallicus
15-Fev
Mogadouro
Cegonha-preta
Ciconia nigra
21-Fev
Celorico da Beira
Andorinha-das-chaminés
Hirundo rustica
01-Mar
São João da Pesqueira
Milhafre-preto
Milvus migrans
13-Mar
Aveiro
Britango
Neophron percnopterus
14-Mar
Mogadouro
Andorinha-dáurica
Cecropis daurica
16-Mar
Freixo de Espada à Cinta
Cuco-canoro
Cuculus canorus
19-Mar
Guarda
Tartaranhão-caçador
Circus pygargus
20-Mar
Guarda
Papa-amoras-comum
Sylvia communis
21-Mar
Guarda
Andorinhão-preto
Apus apus
24-Mar
Figueira da Foz
Andorinhão-pálido
Apus pallidus
24-Mar
Figueira da Foz
Mocho-pequeno-d’orelhas
Otus scops
03-Abr
São João da Pesqueira
Codorniz
Coturnix coturnix
04-Abr
São João da Pesqueira
Águia-calçada
Aquila pennata
06-Abr
São João da Pesqueira
Abelharuco
Merops apiaster
07-Abr
São João da Pesqueira
Toutinegra-carrasqueira
Sylvia cantillans
11-Abr
Guarda
Papa-figos
Oriolus oriolus
16-Abr
Freixo de Espada à Cinta
Andorinhão-real
Apus melba
16-Abr
Mogadouro
Rouxinol-comum
Luscinia megarhynchos
17-Abr
Mogadouro
Chasco-ruivo
Oenanthe hispanica
17-Abr
Freixo de Espada à Cinta
Picanço-barreteiro
Lanius senator
17-Abr
Mogadouro
Torcicolo
Jynx torquilla
18-Abr
Freixo de Espada à Cinta
Sombria
Emberiza hortulana
21-Abr
Guarda
Cuco-rabilongo
Clamator glandarius
22-Abr
Évora
Chasco-cinzento
Oenanthe oenanthe
22-Abr
Évora
Peneireiro-das-torres
Falco naumanni
26-Abr
Elvas
Rolieiro
Coracias garrulus
26-Abr
Elvas
Rola-brava
Streptopelia turtur
08-Mai
Alijó
Felosa de Bonelli
Phylloscopus bonelli
11-Mai
Mogadouro
Felosa-poliglota
Hippolais polyglotta
18-Mai
Guarda
Bútio-vespeiro
Pernis apivorus
20-Mai
Guarda
 












































8 comentários:

Paulo Barros disse...

Hoje 07/03/2014 ouvi o primeiro Otus scops em Alijó.

Emanuel Ribeiro disse...

Ehehe. Boa, eu só ouvi hoje de madrugada o primeiro. Parece que já estão por cá :) O ano passado só dei conta deles um pouco mais tarde.

Luís Braz disse...

No ano passado ouvi um no final de Fevereiro, em Carviçais.

Ângela Cordeiro disse...

Eu ja vi britangos no carrascalinho ontem.

Emanuel Ribeiro disse...

Pois os Britangos também já andam por cá. Este ano vi o primeiro a meio de Fevereiro. :)

Luís Braz disse...

E ja vi Chasco-ruivo em Arnozelo, junto a Numão ontem...

Paulo Barros disse...

Cuculus canorus ontem (13/03/2014) entre o Castedo do Douro e São Mamede de Ribatua (Alijó)

Luís Braz disse...

Só hoje é que ouvi pela primeira vez o Cuculos canorus na zona de Vila Real, juntamente com um Poupa, que penso ser o casal que nidifica no meu telhado todos os anos. Pelo que tenho observado os Cucos chegam primeiramente ao interior norte do país e só um pouco mais tarde é que se observam nas zonas mais a oeste.

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