sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Fojo do Lobo (Fojo de alçapão)


Fojo é o nome dado à estrutura usada para capturar Lobos. A origem deste tipo de armadilha perde-se na noite dos tempos, mas poder-se-á apontar para a época em que o Homem se começou a dedicar à pastorícia, e sentiu necessidade de defender o seu gado de um dos seus principais predadores. A melhor solução era a sua captura e eliminação.
O engenho dos fojos, deve-se não só ao curto alcance, precisão e baixa letalidade das armas de caça existentes, mas também à fugacidade destes animais. Do mesmo modo que as alcateias funcionam segundo uma estratégia que passa pela cooperação do maior número possível de membros do grupo, a eficácia dos fojos também é proporcional à colaboração do número de indivíduos envolvidos, quer na sua construção, quer no seu funcionamento. Esta ‘guerra’ de milénios entre Homem e Lobo, fomentou a evolução destas armadilhas e permitiu o aparecimento de vários tipos de fojo.

O abandono desta prática provocou a degradação e mesmo o desaparecimento dos fojos, que não deixando de ser instrumentos de morte, aos quais está associada uma conotação negativa (ou positiva, dependendo do ponto de vista), são um importante património cultural, verdadeiros testemunhos vivos de uma época de relação mais “íntima” entre o Homem e o Lobo.

Estudos arqueológicos e sócio-culturais permitiram a identificação e o modo funcionamento de vários tipos de fojo existentes na Península Ibérica. 

Podemos então classificar cinco tipos de fojo: o Fojo simples, o Fojo de Cabrita, o Fojo de paredes convergentes, o Fojo de ‘Curral’ e o Fojo de alçapão.

O Fojo de alçapão, aqui em destaque, seria constituído por uma estrutura rectangular em pedra, com aproximadamente cinco metros de comprimento por três de largura, com uma rampa lateral de acesso ao seu topo. Estaria coberto com uma estrutura de madeira sobre a qual era colocado um isco (vivo ou morto). O Lobo ao pisar essa estrutura accionava um mecanismo que a fazia cair e este ficava aprisionado no seu interior.

Fonte: F. ALVARES, P. ALONSO, P. SIERRA E F. PETRUCCI-FONSECA. (2000)

Os vestígios de um dos poucos exemplos conhecidos deste tipo de fojo, encontra-se na Serra do Alvão, no Parque Natural do Alvão, a cerca de 1200m de altitude. Não é possível determinar a data da sua construção nem da sua última utilização, mas quem conseguir encontrar estas ruínas no meio dos afloramentos graníticos, poderá ver o que resta de uma estrutura rectangular em pedra com 5m de comprimento por 3m de largura, com aproximadamente 1,5m de altura e uma rampa lateral de acesso ao topo.







Fonte: F. ALVARES, P. ALONSO, P. SIERRA E F. PETRUCCI-FONSECA. Os fojos dos Lobos na Península Ibérica. Sua inventariação, caracterização e conservação. Galemys 12 (nº especial). 2000.




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