quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Percevejos

Graphosoma semipunctatum (Fotografado no Parque Natural do Douro Internacional)
Depois de um período de menor actividade volto a escrever um “post” para o “Um Dia de Campo” e desta vez dedicado, não a uma espécie mas, a um grupo de pequenos animais que, embora sejam alvo frequente de muitos fotógrafos de natureza, são, ao que parece, tão evitados quanto desconhecidos – os percevejos.
Os percevejos são um grupo de insectos da ordem Hemíptera, da família Pentatomidae e caracterizam-se por apresentarem um aparelho bucal perfurador/sugador, olhos compostos, asas anteriores conhecidas como hemiélitros, constituídos por uma parte basal coriácea e uma parte apical membranosa e asas posteriores inteiramente membranosas (facto que dá o nome à ordem Hemi – Meia e Pteron – asa). De um modo geral estes animais têm o corpo em forma de escudo, antenas constituídas por 4 ou cinco segmentos e podem apresentar diversas cores e tonalidades.
Carpocoris mediterraneus (Fotografado no Parque Natural do Douro Internacional)

A nível mundial são conhecidas aproximadamente 6 500 espécies enquanto no Reino Unido foram identificadas cerca de 40 espécies.
Uma característica deste grupo de insectos é o cheiro desagradável que libertam quando se sentem ameaçados. Este odor deriva da segregação de um líquido rico em aldeídos produzido por glândulas localizadas entre o primeiro e o segundo par de patas.
A maioria destes animais alimenta-se de seiva e sucos de plantas que perfuram utilizando um aparelho bucal perfurador e sugador perfeitamente adaptado. Em alguns casos estas espécies podem atingir níveis populacionais elevados causando danos significativos em algumas culturas. Algumas espécies alimentam-se de outros insectos podendo ser utilizadas no controlo de algumas pragas e há algumas espécies que se alimentam de sangue podendo causar alguns problemas de saúde.
Carpocoris sp. (Fotografado no Parque Natural do Douro Internacional)

Estes animais depositam grupos de ovos, regra geral, na face inferior das folhas das plantas de que se alimentam. As larvas quando eclodem são relativamente distintas dos adultos e não possuam ainda asas desenvolvidas. Em todas as espécies as larvas passam por quatro ou cinco instares ao longo dos quais se vão assemelhando aos adultos. Em algumas, poucas, espécies as fêmeas demonstram cuidados maternais montando guarda aos ovos ou mesmo aos primeiros estádios larvares.
Rhaphigaster nebulosa (Fotografado na Serra de Bornes - Macedo de Cavaleiros)

2 comentários:

Paulo Barros disse...

Olá Emanuel,
Bom post, gostei muito de ler.
Além do cheiro que estes insectozinhos libertam, o seu sabor ainda é mais desagradável. Quem é que ainda não comeu um fruto (morango, amoras, uvas, mirtilos, etc...) colhido directamente no campo com o sabor a percevejos, andamos o dia todo com aquele sabor horrível.

Luís Braz disse...

Exactamente, e durante as vindimas, quando andamos com os cestos de uvas ás costas, a levar com aquele cheiro até chegar ao lagar, à desengaçadeira-esmagadeira, e que, depois de "entalados", intensifica de tal maneira que "roça" o insuportável... Mas não deixam de ser uns bichinhos interessantes. Cada um defende-se como pode....

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