Marco Fachada a anotar os dados biométricos dos morcegos capturados (foto: Luís Braz)
Creio que o vale do Tâmega tem sido um dos “enteados” da conservação da natureza em Portugal. Poderia aqui expor muitas razões, mas fico-me pela indiferença que este território tem tido ao longo dos anos, por parte da tutela, por parte das instituições de investigação, pela parte dos decisores, etc. Depois, como falta conhecimento em várias áreas, é fácil permitirem-se certas opções “estratégicas” para o país, mas adiante. No meio disto tudo, há excepções. Falemos então duma delas: o Paulo Barros anda há algum tempo a inventariar os morcegos do norte do país. Em 4 sessões de captura distribuídas por dois fins-de-semana, realizadas no vale do Tâmega, incluindo um ponto exactamente nas suas águas, foram capturados 43 individuos, distribuídos por 11 espécies, nomeadamente, Myotis daubentonii (n=15), Eptesicus serotinus (n=9), Pipistrellus pipistrellus (n=6), Hypsugo savii (n=3), Barbastella barbastellus (n=3), Nyctalus leisleri (n=2), Nyctalus noctula (n=1), Myotis nattereri (n=1), Pipistrellus pygmaeus (n=1), Plecotus auritus (n=1) e Plecotus austriacus (n=1). Se somarmos o conhecido Tadarida teniotis, temos então para o troço superior do rio Tâmega, pelo menos 12 espécies já confirmadas.
Nyctalus noctula capturado numa das sessões de armadilhagem realizadas no Alto Tâmega (foto Luís Braz)
Claro, falta saber muito sobre a sua distribuição e ecologia, mas somando às mais de 130 espécies de aves (só no troço a Norte de Chaves), as dezenas de répteis e anfíbios, as várias centenas de espécies de plantas, um número incontável de invertebrados (entre os quais libélulas e outros insectos classificados na Directiva Habitats), e vários mamíferos de presença confirmada, bem podemos dizer que para lá das áreas protegidas e da Rede Natura também há (muita) vida...
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