A minha última
semana foi passada na companhia dos meus amigos Galegos (Roberto, Zéltia e
Ledi), que já andam há mais de dois meses e meio consecutivos a capturar
morcegos por Castela e Leão.
Roberto, Zéltia e Ledi lavando a loiça
A máxima desta
equipa e a primeira coisa que transmitem aos que se juntam a eles (como eu ou
os voluntários temporários, que esta semana foram a Sara e a Nerea) é: “dormir, comer y lavarte, hazlo cuando puedas, que cuando quieras no podrás”.
O nosso dia-a-dia resumia-se a encontra locais propícios para montar as redes durante
o dia e capturar durante a noite, as demais coisas faziam-se quando e onde se
podia.
Jantar nas Arribas do Douro, meia noite!
Bom dia!
Um dia normal começava com a montagem das
rede por volta das 20:30 e a captura prolongava-se até à 1:30 da manhã, depois
de desmontar redes o “briefing” entre
equipas sobre o resultado das capturas, observações de outros bichos e demais
peripécias era sagrado (era sempre um momento de boa disposição), montar tenda
e já eram 2:30-3:00 da manhã quando começávamos a dormir (quando a musica das
festas das aldeias nos deixavam!).
Um raposinho sem vergonha
Euplagia quadripunctaria
Boom de efemerópteros no Rio Douro em Valladolid, um petisco para os morcegos!
Pacifastacus leniusculus
Acordávamos por volta das 10:00-11:00 e o
pequeno-almoço era tomado depois da higiene e asseio pessoal que era feito umas
vezes em rios (uns mais quente que outros, aí aquele de Gredos…bruuuuuuuuu),
fontes, outras vezes na ausência de água era simplesmente adiado para mais
tarde! Depois rumávamos para outro local e o almoço era feito entre as 16:00 e
18:00 onde se podia (nas escadas de uma casa desabitada, no passeio de uma
estrada, á sombra de uns amieiros junto ao rio…).
Os meninos a trabalhar!
E a meninas a supervisionar!
Almoço à sombra de amieiros e freixos
A comunidade de Castela e Leão é a maior
Comunidade Autónoma de Espanha e os seus 94.223
km², fazia com que nos tínhamos que deslocar bastante, algumas vezes
centenas de km, embora isto fosse um inconveniente, era muito reconfortante ver
a diversidade de paisagem que variou entre os azinhais, sobreirais,
carvalhais e zimbrais típicos das Arribas do Douro, os castanheiros e carvalhos da Serra
da Peña de Francia, as turfeiras da Serra de Gredos e os pinhais de
pinheiro-manso do maciço central. Assim como a temperatura (principalmente a
noturna) que variou entre os 25 das Arribas do Douro e os 0,5ºC da Serra de
Gredos.
Ao fundo a Serra de Gredos com um nevado (neve que perdura durante o verão)
1600 metros de altitude, ao fundo o vale a amostrar
15 de Agosto, Serra de Gredos!
Estava frio mas resistimos!
Durantes esta semana de campo foi possível capturar 15 espécies (Myotis bechsteinii, M. blythii, M. spA, M. escalerai, M. daubentonii, Pipistrellus
pipistrellus, P. kuhlii, P. pygmaeus, Hypsugo savii, Nyctalus leisleri, N.
lasiopterus, Eptesicus serotinus, Plecotus auritus, P. austriacus, Miniopterus schreibersii)
e ainda vimos Rhinolophus hipposideros
e ouvimos quase todas as noites Tadarida
teniotis.
Um Pipis com uma coloração atípica!
Plecotus austriacus
As meninas observando um Miniopterus schreibersii
Um Pipis que teimava em não voar!
Myotis blythii abrigado em uma ponte
Um Pipis a roer a rede!
Myotis bechsteinii
Ups, os teus dentes onde estão?
Myotis bechsteinii fotogénico
Dedico este post ao Roberto, Zéltia e à Ledi pelo trabalho que têm desenvolvido e pela paixão que
têm aos morcegos!